terça-feira, 26 de março de 2013

Por que o cérebro humano precisa de Deus?


Muitos anos antes do forte desenvolvimento intelectual trazido pelas complexas ciências da natureza, os diferentes grupos sociais espalhados pelo mundo baseavam suas leis e sua organização em doutrinas e crenças perpetuadas pelos mais antigos. Não se sabia, até pouco tempo, o motivo de tanta credulidade. Hoje, já sabemos que o cérebro humano procura histórias e explicações a tudo que vê. Em suma, o cérebro do homem precisa crer em alguma superioridade (divindade) para funcionar. Mas seria essa a única explicação para tantos crédulos em Deus ou seres soberanos?

As imagens xamanistas remetiam a cores por acreditar no poder de interferência das frequências eletromagnéticas no ser humano; imagem do site http://www.portais.org
Há uma curiosidade científica – que os céticos dizem ser mística – muito interessante que perdura e não se explica até hoje. Vejamos um pouco do histórico:
As crenças mais antigas do planeta são politeístas e espiritualistas. Desde antes de Sócrates e Platão se tem relatos de teorias e doutrinas. Dentre todas as que tiveram muito sucesso e conseguem adeptos até hoje temos o xamanismo, o hinduísmo e o budismo – sendo as duas últimas mais recentes. Qual será a mágica dessas religiões que tratam da transcendência da alma e da comunicação espiritual?
O xamanismo diz que tudo está conectado; todas as pessoas, todas as partículas, todas as estrelas e galáxias; por fim, tudo no universo. O xamanismo também previa que essa conexão possibilitava as comunicações mentais, que sempre chamamos de intuições. Explicava ainda as inspirações; dizia ser interferência espiritual. Essa doutrina pregava a perpetuidade da vida como espírito, alegando que a vida terrestre não passava de uma passagem, que se repetia inúmeras vezes – conceito conhecido como reencarnação, ou seja, renascimento em novos corpos.

Meditação é a tradição mais conhecida do budismo; imagem do site http://andryshqueiroz.blogspot.com
O budismo e o hinduísmo pregam a alma como sendo algo transcendental à matéria. A alma, para essas duas filosofias, é o que comanda o corpo e interage com o nosso cérebro. Alma é sinônimo de consciência; é ela que anima o nosso corpo e é responsável por todas as nossas percepções, mas se não conseguirmos compreendê-la, não teremos capacidade de descobrir o real sentido da vida. O budismo e o hinduísmo são doutrinas que pregam a reencarnação. A única diferença entre essas duas é bem simples: o hinduísmo é politeísta; já o budismo não se posiciona. Buda dizia ter falado com Deus em sua primeira longa meditação, mas há até vertentes budistas ateias.


Deus hindu; imagem do site http://professorjbosco.blogspot.com

Qual a relação de tudo isso com a ciência? Estamos chegando lá!
Em meio a grandes desenvolvimentos científicos, principalmente na área da física, surge o espiritismo. Hippolyte Léon Denizard Rivail – conhecido popularmente como Allan Kardec – começou a estudar fenômenos na França. Esses fenômenos, batizados de mesas girantes, simbolizavam comunicações inteligentes de algo. Rivail, como todo bom cientista, era cético e começou o estudo para falsear a causa inteligente e mostrar que tudo não passava de truque, mas, para sua surpresa, os fenômenos apresentavam comunicação inteligente, lógica e coerente.
Allan Kardec escreve cinco livros com base em comunicações espirituais. Sua tática para evitar charlatanismo foi bem prática e simples: mandou cartas e conversou separadamente com diferentes médiuns, considerando para divulgação apenas as partes coincidentes. Esses cinco livros falam sobre muitos assuntos complexos, mas o que mais chama a atenção é que não são conclusivos e não pregam nenhuma verdade absoluta. Pelo contrário, os livros da codificação espírita trazem um mundo desconhecido e explicado cientificamente com o que se conhece até a época. Para ter maior credibilidade, ainda são previstas futuras teorias da humanidade e uma das declarações mais importantes de Kardec diz algo como: “Se um dia a ciência provar algo diferente do que está dito na codificação, abandone a doutrina e siga a ciência”.


Allan Kardec, codificador da doutrina espírita; imagem do site http://www.guia.heu.nom.br
O primeiro – o livro dos espíritos – tratava de muitas dúvidas da humanidade e apontou funcionamentos científicos nunca imaginados, o que dava margem a ceticismo. Dentre tudo que é dito, o que mais se destaca é o funcionamento não local (instantâneo) da informação e a telepatia, que também explicava o desdobramento espiritual. Claro que os céticos ridicularizaram, zombaram e não deram atenção. Hoje, a física estuda a comunicação telepática instantânea (entrelaçamento quântico, fenômeno não local que tenta explicar o tele transporte da informação).
Já em A gênese, Rivail descreve o seguinte:
“O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente turbilhões, aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas.”
Não sinto necessidade de comentários. Hoje a física tem como modelo da criação o big bang. Quem leu Os três primeiros minutos do universo de Steven Weinberg entenderá perfeitamente o que significa esse pequeno parágrafo do livro.


Steven Weinberg, agnóstico, crítico da religião e vencedor do prêmio nobel de física de 1979; imagem do site http://zerobs.net
Mesmo com tanto ceticismo e descrença, os avanços científicos (em todas as áreas) sempre remetem a princípios básicos de doutrinas espirituais. Interconexão do universo, telepatia, big bang. Sem contar que o grande físico (e padre) Georges Lamaître foi o primeiro a falar na grande explosão (parece até providência divina). O que falta? Ah, já sei! Existência da própria espiritualidade. Será que é possível prova-la/refuta-la?
Bom, tudo andava a favor da teoria do nada (ver último post) quando surgiu a teoria de cordas. É a teoria que unifica a relatividade e a mecânica quântica, simplifica cálculos e explica o funcionamento das ondas gravitacionais com perfeição. Sem contar na solução para o funcionamento dos sistemas não locais (que sem as várias dimensões, não tem a menor lógica). Além de tudo isso, prega a existência de 10 dimensões. Exatamente, a espiritualidade está de volta em meio às novas teorias da física.
Matematicamente, quem vive em n dimensões percebe facilmente n, n-1, n-2 e até uma dimensão com perfeição, mas quem vive em n-1 dimensões não pode nem interagir e nem compreender o funcionamento de n dimensões. Então, fisicamente e matematicamente possibilitadas, as teorias espirituais dominam as mentes humanas. Podem ser refutadas? Com certeza. Desde que as novas teorias físicas sejam refutadas e apareçam outras que expliquem, de melhor maneira, certos fenômenos sociais de possível observação, mas de difícil cognição. Essas teorias espirituais ainda diziam que a verdade universal, por ser força fundamental do universo, está presente em tudo e, naturalmente, na consciência do ser humano. Basta então voltarmos à introdução e marcar mais um ponto negativo para a teoria do nada. O cérebro humano precisa sim de uma divindade, mas não parece ser por simples caos. Parece ser tudo efeito de uma perfeita programação do universo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário