Há alguns anos, o matemático John
Conway criou um jogo para demonstrar que, a partir de poucas regras básicas,
todo um universo poderia ser desenvolver. O jogo da vida de Conway (Conway’s
game of life) não é um jogo de verdade, mas uma forma de analisar situações e
desenvolver a lógica matemática. Um tabuleiro como o de xadrez (sendo que bem
maior) de uma única cor deve ter quadradinhos pintados pelo jogador
(aleatoriamente ou não) e, a partir daí, os quadradinhos parecem viver.
As regras são: sobrevivência (um
quadrado pintado sobrevive se tiver dois ou três vizinhos pintados);
aniquilação (um quadrado pintado desaparece se tiver mais de três vizinhos,
um vizinho ou nenhum vizinho); e nascimento (um quadrado não pintado se pinta
se tiver pelo menos três vizinhos).
Sequência de movimentação a partir da escolha de cinco quadrados. (http://www.bitstorm.org/gameoflife/standalone/) |
Muitos dizem que algumas formas
desenhadas no jogo parecem ter vida inteligente, mas sabemos que são situações
programadas e aleatórias e que um conjunto de quadrados não está se perguntando
quem criou o tabuleiro.
Esse jogo é utilizado por alguns cientistas
como exemplo para mostrar que somos frutos do acaso e que algumas leis básicas
são suficientemente poderosas para nos dar a impressão de que algum ser
superior nos criou.
A hipótese não é ridícula, mas
não explica muita coisa. O que é a consciência? O que é o pensamento? Por que
as pessoas têm índoles diferentes? O que são os sentimentos? Como temos
capacidade estudar e entender o mundo a nossa volta? A teoria sobre a criação
defendida pelos cientistas ateus diz que todos os nossos atos são resultados
aleatórios da matemática das partículas elementares.
Não, a respostas não é que Deus
criou tudo e pronto. Esse modo de pensar acaba com todo o motivo do desenvolvimento
intelectual. Dizer que tudo se resume ao bem e ao mal tira o propósito de
incentivar a evolução intelectual da raça humana. Seria, na verdade, a prova de
que somos maiores que Deus, pois podemos realizar coisas para as quais não
fomos criados.
Existem dois pilares que
sustentam a humanidade desde que ela existe e, sem um equilíbrio dos dois, o
mundo fica torto (como está atualmente).
Somos seres intelectuais e
conseguimos, a cada dia, ampliar o nosso conhecimento e aumentar a nossa
capacidade de compreensão da vida. Mas, sem o desenvolvimento moral, a
sociedade não teria alcançado tal ponto. Se o ser humano não se preocupasse com
o próximo, a medicina não existiria e os conhecimentos de todas as ciências não
teriam sido registrados. É impossível negar que somos seres sentimentais,
respiramos sentimento o tempo todo.
Acontece que a hipótese
científica que defende o ateísmo é puramente material. Tomando ela como
verdade, qual seria a importância da moral? Por que temos que ajudar o próximo
e fazer do mundo um lugar com mais igualdade a cada dia se no final nada disso
vai fazer diferença? Ateus ou não, nós amamos e precisamos entender de onde
isso vem.
Escolhendo agora uma teoria
deísta e considerando que todas as leis científicas foram criadas por algo,
independente de religião, esse “algo” nos deu regras de comportamento,
implicitamente. Se esse “algo” existe, os sentimentos estão nas leis da ciência
e nós vamos encontrá-los. Enquanto estudamos para isso, devemos seguir um
código de respeito à vida. Não porque “algo” vai nos punir, mas, se é ciência,
é como as forças elementares, existe e age segundo uma lei maior.
É totalmente perceptível que as
nossas escolhas e atos não são obras do acaso, afinal, nós pensamos. Nós,
humanos, temos capacidade de estudar, questionar, duvidar, agir e nos
arrepender também. Se tudo que fazemos fosse resultado do acaso, o nosso
cérebro mandaria informações aleatórias aos outros órgãos e nossas ações seriam
um tanto estranhas.
Como no jogo da vida, somo frutos
de um conjunto de leis primárias. É por isso que os cientistas estudam, para
saber quais são elas. Mas, seja Deus ou Conway, algo as criou.