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Contrariando
todo o objetivo natural da vida no universo, existimos sem nem o propósito de
sobreviver. Consumimos e mantemos contato com substâncias e equipamentos que
prejudicam o nosso corpo. Agimos, por conta desse vício em ter tudo do melhor,
de maneira deplorável com o nosso próximo, o que pode levar – e tem levado – a humanidade
ao colapso. Mas onde começa tudo isso? A culpa é da tecnologia, da ciência?
Existe um culpado?
A construção
da sociedade foi baseada em filosofias belíssimas de altruísmo e boa
convivência. Os grandes filósofos milenares, a exemplo de Sócrates, ensinaram
seus semelhantes a respeitar corpo e mente. Antes do desenvolvimento industrial,
nas sociedades antigas, cultivou-se o ideal “corpo são, mente sã”. O planeta
tinha tudo para desenvolver de maneira benéfica a toda a humanidade.
Não
sabemos bem em que momento o quadro virou, mas é possível identificar certas
teorias e certos comportamentos que travam o desenvolvimento intelectual e
social das comunidades. A complicação – ou simplicidade – é que tudo está muito
entrelaçado. Talvez o grande combustível da nossa falta de vontade de viver bem
e imersos em felicidade e compaixão esteja localizado na educação básica.
Lembro-me
que era bem comum, no ensino médio, ouvir questionamentos do tipo “que
influência isso terá na minha vida? Não preciso saber disso”. Nossos
professores, não tão bem preparados, não sabiam nos direcionar o pensamento ou
mostrar a aplicação de cada coisa. Respostas comuns, com relação à gramática,
eram: “Você vai precisar escrever um relatório ou um e-mail algum dia”. Com
relação aos cálculos eram: “Você pode virar dono de uma empresa ou fará compras
e precisará saber as operações básicas para cuidar das suas finanças”. Quanto
às outras matérias, os argumentos eram muito parecidos: “você terá amigos e
precisará saber conversar sobre coisas cultas”.
Ser
culto é importante, claro. Cuidar do seu dinheiro e escrever um relatório
também tem grande importância na vida de uma pessoa. Mas o grande foco do
conhecimento não é viver cheio de bens materiais. Nossos professores já haviam
sido criados em uma sociedade sem valores.
A
importância de estudar, de ter conhecimento, está na compreensão da vida e do
universo. Isso vale para toda e qualquer ciência. A interdisciplinaridade –
muitas vezes incentivada, porém sem argumentação e racionalização – faz do homem
um bom cidadão universal. Mas qual a importância de ser bom se tudo que eu
preciso é viver com a “minha felicidade” e com a “minha tranquilidade”?
O
problema está na falta de capacidade de compreender este simples texto que
estou escrevendo. Não estudar de tudo tira a capacidade de aprendizado e fecha
os horizontes do conhecimento para uma pessoa. Quando vivemos no egoísmo,
acabamos tratando as pessoas de maneira perversa sem ao menos percebermos.
Realizamos absurdos na vida social, no trânsito, na padaria, no supermercado.
Essas nossas atitudes geram estresses e incômodos que, como a ciência já
comprovou, são causas e “catalisadores” de muitas doenças.
Esse
mesmo desinteresse com a humanidade se estende a outras áreas e prejudica, não
só o próprio autor das obras, como os familiares e amigos. Ouço, com
frequência, comentários do tipo: “o método A é melhor do que o método B porque
o meu filho, depois que trocou de método aprendeu toda a tabuada”. O que
aconteceu com essa criança foi a inibição da criatividade e o incentivo à sua
capacidade de reprodução daquilo que vê. Temos mais um cidadão que não terá a
capacidade de perceber que quando ele suborna um guarda de trânsito, ele está
incentivando a não fiscalização por parte deles, o que implica na total falta
de respeito às leis e, naturalmente, mais pessoas são atropeladas, por exemplo.
O
grande problema está em não estudar aquilo que é novo. A tradição é considerada
importante para a humanidade e, essa consideração, faz com que novidades
revolucionárias que podem melhorar a vida de todos sejam descartadas e jogadas
às traças, atrasando o nosso desenvolvimento. Isso sempre aconteceu na ciência
e na política, um perfeito espelho da nossa confusão mental.
Por
fim (para manter um texto relativamente curto, na esperança de que as pessoas
tenham um mínimo interesse em ler e conhecer uma opinião a fim de estimular
debates mais construtivos), podemos relacionar algumas atitudes que atrasam a
humanidade e que devem ser pensadas por todos. Muitas instituições religiosas (que
são todas ou quase todas baseadas em ensinamentos de profetas e filósofos) não
ensinam filosofia e, consequentemente, “emburrecem” a população com a cultura
do “porque sim”. Métodos ultrapassados de ensino não estimulam o pensamento e a
criatividade dos alunos em nenhum momento do aprendizado, desde o ensino
infantil até a universidade, resultando em profissionais cada vez mais reprodutores
de livros que poderão facilmente ser substituídos por máquinas programadas no
futuro (como já foram no passado). E, naturalmente, um governo que não investe
na base do desenvolvimento social, mantendo suas ovelhas cada vez mais torcedoras
de partidos e sem capacidade de raciocínio.