sábado, 13 de fevereiro de 2016

Por que as ondas gravitacionais são tão importantes?

No dia 11 de fevereiro deste ano, cientistas anunciaram a detecção de ondas gravitacionais. "We have detected gravitational waves", disse David Reitze, diretor do LIGO, "We did it". Em seguida, a informação tomou conta das manchetes de todos os jornais científicos e não científicos pelo mundo. Vários físicos comentaram a façanha com um entusiasmo difícil de esconder, dizendo que novas portas foram abertas para o estudo da astronomia e que as análises do universo nunca mais serão as mesmas a partir de então. Mas imagino que muitos estejam se perguntando o porquê de tanta alegria e qual a importância disso para o mundo. Espero responder estes questionamentos com este texto e, desde já, declaro minha satisfação com a descoberta também.
David Reitze, diretor do LIGO; fonte: bbc.co.uk

Antes de tudo, é bom fazer um rápido histórico e fortalecer o mérito do maior físico que já passou pelo nosso planeta, Albert Einstein. Eu diria, na verdade, que Einstein não foi apenas um físico brilhante, mas também filósofo. Aproveito para recomendar dois de seus livros que mostram muito da mente deste gênio, Como Vejo o Mundo e A Teoria da Relatividade Especial e Geral. O primeiro é puramente filosófico e cheio de insights que ilustram seu pensamento completamente não linear, porém sóbrio e extremamente disciplinado; o segundo é uma exposição didática sobre as teorias da relatividade, porém com baixo teor matemático, para que todos possam entender, afinal, Einstein não era apenas um cara inteligente, mas de bom coração e apaixonado pela humanidade. Agora, aos fatos.
Em 1916, dez anos após a publicação da teoria da relatividade restrita, Albert Einstein publicou sua teoria da relatividade geral. A teoria da relatividade geral, como diz o nome, é uma generalização da primeira teoria, onde Einstein estabelece a dinâmica do espaço tempo e explica seu funcionamento, detalhando como as massas distorcem o espaço e quais os efeitos disso. Em sua profunda investigação matemática, Einstein postulou que, sendo correta a teoria da relatividade, uma série de fenômenos deveriam ocorrer, como, dentre os principais: a curvatura da luz ao passar perto de um corpo de massa (ou energia) muito grande  e a produção de ondas gravitacionais (ondulações no tecido espaço-temporal) devido ao movimento das massas, seja por deslocamento dos corpos ou por explosões de estrelas, por exemplo.
Albert Einstein, desenvolvedor da Teoria da Relatividade; fonte: ambienteja.info

Que a luz muda sua trajetória ao passar por blocos de grande massa nós já sabíamos, porém, em muitos periódicos científicos, como Nature e Scientific American, colunistas deixavam clara sua preocupação com a validade da Teoria da Relatividade Geral. O motivo é simples, as ondas gravitacionais, que são parte da teoria, nunca haviam sido detectadas e, temia-se, poderiam nunca ser observadas. Caso não fossem jamais encontradas, ficando fora dos limites matemáticos da teoria, fórmulas precisariam ser adaptadas, pois haveria uma clara certeza de que a os cálculos de Einstein não teriam sido tão precisos. O problema disso tudo é que seria necessário o início de uma busca por um modelo matemático que incluísse as observações já realizadas da relatividade geral, porém que excluísse as ondulações. Não é um trabalho matemático simples, porém já existem outros candidatos para explicar o universo.
Pois bem, dado que agora as ondas foram detectadas, finalmente, uma série de teorias podem ser excluídas, o que é um ponto positivo, pois aproxima nossa certeza do funcionamento do universo, fechando um pouco mais a faixa de possibilidades. Ainda assim, eu entendo, muitos podem não entender a real importância disso, afinal, ainda há muita gente que pensa "e daí?", julgando ser desnecessária a existência da ciência pela ciência. Ora, dispenso comentários sobre a pobreza filosófica deste pensamento e sigo para as outras implicações importantes da nova descoberta.
A detecção das ondas gravitacionais mostra que, se mantivermos nosso ritmo tecnológico, em poucos anos estaremos compreendendo melhor como se comportam uma série de elementos do nosso universo, podendo ampliar nosso conhecimento ainda bastante limitado. Mas, como?

O limite da luz
A investigação do universo a partir da luz, como sabemos, é limitada em uma série de aspectos. Primeiro, só podemos investigar com maior clareza objetos que refletem luz; segundo, não é possível estudar o interior de buracos negros, pois a luz fica presa a eles; terceiro e ultimo dos principais, somos limitados a observar a radiação do universo quando ele tinha pouco menos de 400 mil anos de idade, pois antes disso os fótons ricocheteavam em matéria densa e altamente energética, impossibilitando que reflexões diretas de idades inferiores possam ser vistas. É aqui que as ondas gravitacionais entram imponentes.
Elementos do universo que não refletem luz, como matéria escura e energia escura podem ser estudados a partir dos padrões ondulatórios que desenham no tecido espaço-temporal num futuro, próximo ou não. Mesmo que distante ainda da nossa realidade, é uma possibilidade interessantíssima.
O estudo do interior de buracos negros pode ser feito através de ondas gravitacionais, pois elas não são encurraladas por gravidade, elas são a própria gravidade. Dessa forma, podemos captar os sinais que saem de dentro do horizonte de eventos de um buraco negro. A importância de estudar estes corpos é bastante transcendente, pois, dado que são singularidades, ou seja, pontos do espaço de curvatura infinita, é possível que encontremos, dentro deles, focos de interação entre todas as dimensões existentes no universo. Outro leque de teorias poderá ser evidenciado ou descartado de acordo com essas observações. Demorando ou não, é possível que, em algum momento, tenhamos tecnologia suficiente para fazer este tipo de estudo, o que nos levará não só a entender o número e o comportamento das dimensões do universo, mas também se há evidências para o postulado de múltiplos universos e como eles podem aparentemente se comportar. Acredite, é um campo vastíssimo de estudos na física; recomendo, para quem tem curiosidade, a leitura do livro A Realidade Oculta, de Brian Greene, que trata de uma série de possibilidades e explica quais são as evidências que esperamos para comprovar ou falsear algumas delas.
Brian Greene, PhD, físico teórico e divulgador de ciência; fonte: minnpost.com

Por fim, o ramo de pesquisas mais fascinante da física, a criação do universo. Captar ondas gravitacionais permite que ultrapassemos a atual barreira dos 380 mil anos de idade. Para quem não está muito familiarizado, o estudo experimental da astronomia consiste, basicamente, em olhar para os cantos mais distantes do universo, que são, segundo a teoria da relatividade (e sua parte já comprovada), momentos do passado da história do nosso universo. Acontece que, quando olhamos (captamos radiação), estamos limitados a um evento que aconteceu há 380 mil anos, que foi o momento em que a luz se libertou da sopa de partículas densa e extremamente energética, ficando livre para se propagar pelo universo, gerando o que hoje é chamado de radiação de fundo em microondas. Estudar essa radiação já permitiu que os astrônomos evidenciassem e teorizassem sobre a expansão do universo, como ela se deu e em que momentos. Porém pouco sabemos de antes disso, a não ser postulados e deduções lógicas (estimativas).
Ondas gravitacionais não ficam presas a nada, nem à densidade energética da sopa de partículas primordial, pois elas ocorrem na estrutura do espaço-tempo, distorcendo espaço e tempo, ou seja, como já dito, elas são a gravidade. Isso significa que, quanto melhor nossa tecnologia, mais longe (no tempo e no espaço) poderemos enxergar, desvendando o que de fato ocorreu nos primórdios do universo. Inclusive, poderemos confirmar se, de fato, houve um início ou não. Indico aqui, aos curiosos, a leitura do livro Do Big Bang ao Universo Eterno, de Mario Novello, e seus artigos sobre o tema também.
Mario Novello, físico teórico; fonte rodaviva.fapesp.br

É importante lembrar sempre que o Big Bang nunca foi comprovado. Há sim evidências de que o universo teve um início que se deu há 13,8 bilhões de anos, porém são todas indiretas. O que temos certeza é da expansão do universo, mas não de seu início.
Partindo agora para a área da tecnologia, os amantes de ficção científica e engenharia já podem começar a pirar, pois desvendar o processo exato das ondas gravitacionais e formas de manipular estas ondulações podem aumentar a velocidade das nossas viagens pelo espaço, o que vai permitir estudos em pontos do universo que, por enquanto, encontram-se apenas nos nossos sonhos e desejos.
Portanto, com muita alegria, os físicos anunciaram e comemoraram a detecção das ondas gravitacionais. Acredito que novos estudos aparecerão em breve sobre vários tópicos da astronomia moderna e, quem sabe, num futuro próximo, graças às novas tecnologias e teorias que surgirão, a mecânica quântica e a relatividade geral façam as pazes. Que venha um Nobel para a equipe do LIGO e, porque não, para o falecido Albert Einstein, o responsável por praticamente todos os desenvolvimentos da física moderna e que estaria, com toda a certeza, muito orgulhoso dos progressos da humanidade em cima de seus insights.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Richard Dawkins, um biólogo que não foi abortado

Talvez muitos não saibam o que divulgou recentemente o biólogo Richard Dawkins. Primeiro, porque fora do país, o absurdo por ele incentivado é visto como algo positivo para a democracia; e não há muita discussão sobre o conceito de democracia além do próprio ego. Segundo, porque os amantes do Dawkins são, geralmente (não sempre), torcedores de uma opinião, que sentem a certeza de que estão sempre corretos e ignoram qualquer contra argumentação forte ou consequência negativa do seu raciocínio fechado, pregando para a humanidade a religião (crença, com C maiúsculo) dawkinista.

Richard Dawkins, biólogo, queniano; http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/Richard_Dawkins_Cooper_Union_Shankbone.jpg
O que fez este magnífico “cientista”? Deu uma resposta a uma moça que dizia ter dúvidas sobre sua atitude caso ficasse grávida de um feto com síndrome de Down. “Aborte e tente de novo”, tuitou Dawkins. “É imoral trazer isso ao mundo se você tiver escolha”.
Assim, simples, é abortar e pronto. Tirar essa anomalia da sociedade, ser moral e ético. Parece-nos, portanto, que Dawkins entende muito de biologia e pouco de ética. Mas antes de criticar sua visão, vou expor suas próprias explicações: “São fetos diagnosticados com a doença antes de terem sentimentos”; “Há um lugar para emoções e esse (debate) não é um deles”; “Um feto, sem um sistema nervoso desenvolvido, não tem (direitos na sociedade)”.
Explicitadas suas defesas, supostamente baseadas em lógica científica – pois é isso que ele diz – vamos falar na real ciência. Sejamos, neste momento, todos ateus como Dawkins. Fica muito mais fácil perceber a falta de coerência dos seus próprios argumentos.
Os fetos não têm sentimentos. Sim, podemos afirmar isso, segundo os conhecimentos da nossa biologia. Mas lembrando, é claro, que até menos de seis meses atrás, achávamos que animais não tinham consciência. Acontece que em pesquisa realizada pelo neurocientista Philip Low, em parceria com o físico Stephen Hawking, foi descoberto que a consciência existe em todos os mamíferos e todas as aves. Logo, nossos conceitos de consciência e, por consequência, sentimentos devem ser rediscutidos. De qualquer forma, como sua justificativa reside no fato de o sistema nervoso não ter se formado, podemos toma-la como correta. Há, portanto, apenas um raciocínio a ser feito. O que é a vida e quais são seus objetivos?

Philip Low, neurocientista; http://veja.abril.com.br/assets/images/2012/7/86167/philip-low-original.jpg
Um conceito muito bem aceito sobre a vida e seu objetivo foi explanado pelo físico Marcelo Gleiser. Ele disse que o objetivo da vida não é ser inteligente, é sobreviver. A luta pela sobrevivência pode ser observada nas bactérias, nos protozoários, nos fungos e em qualquer forma de vida suficientemente primitiva. Até as plantas se mantém presas à terra, com muita força, através das ramificações de suas raízes – para conseguirem captar o máximo de nutrientes e para não serem arrancadas pela base com facilidade – podendo as folhas renascerem após terem sido arrancadas, ato que não pode ser realizado pelos animais, nem pelos fetos.
Adquirido pela evolução dos mamíferos, um dos mecanismos de defesa do ser humano reside no útero feminino. O líquido amniótico protege a vida de sons e impactos desde a sua fixação na parede uterina. Portanto, biologicamente, seja este ser uma “aberração” para Dawkins ou não, devemos respeitar a vida e seu objetivo principal e que fez a evolução fluir até a existência do homem, a sobrevivência.
Esse (debate) não é lugar para emoções. Mesmo que esse argumento seja puramente baseado na opinião dele e não na ciência e na lógica, acho que podemos discuti-lo tranquilamente dentro dos conceitos científicos atuais. Emoções são nada mais que memórias. Nosso cérebro “decora” o que foi provocado por um estímulo externo. Quando uma situação parecida com essa “decorada” nos surpreende, ativamos partes do nosso cérebro relativas àquele passado. Foi o que mostrou um estudo recente feito com camundongos. Foi descoberto que os neurônios produzidos pelo cérebro ao longo da vida (neurônios novos, produzidos depois da formação cerebral) são responsáveis pela diferenciação de situações. Quando não os temos ou produzimos poucos deles, temos dificuldade em diferenciar situações, deixando que o nosso cérebro “lembre” de outras parecidas que podem nos causar qualquer sentimento relacionado às tais. Portanto, quando nosso corpo lembra-se de uma situação que ocorreu e liberou certos hormônios no corpo, ele próprio faz o mesmo e então sentimos algo (prazer, medo, raiva e etc.). Por mais incompleta que seja a explicação, é a que aceitamos hoje.
Dessa explicação então podemos filosofar o seguinte: sendo emoções simples reflexos do nosso corpo, e decididas pelo nosso cérebro sem a nossa ação consciente, todo debate e todo momento é lugar para emoções. A própria ação fria de Dawkins é uma emoção que, por ser vista como positiva pela sociedade, é chamada de (ou, eu diria, confundida com) razão. Mas isso não é um exemplo de uso da razão. Usar a razão é pesar argumentos e encontrar uma resposta para algo. Resposta essa que deve ser a correta dentro de qualquer sistema lógico (LÓGICO, ou seja, baseado em raciocínio e em certo conhecimento já adquirido pela humanidade).
Independente de tudo isso, a conclusão que tiro é que não faz sentido falar em emoção. Ela é apenas uma ilusão da nossa memória e uma descarga de neuropeptídios que produzem reações no corpo. Se essa emoção altera nossa maneira de pensar e estraga nosso raciocínio por pura propagação de ação corporal, ninguém teria direito de falar sobre nada, afinal, emoções estão presentes em nossa vida o tempo todo.

Feto humano; http://cb24.tv/wp-content/uploads/2013/08/fetohumano-300x255.jpg
Um feto sem sistema nervoso desenvolvido não tem direitos sociais. Bom, direitos sociais, como manda a cultura mundial, baseados nas mentes pensantes da nossa história, talvez não. Nosso ego não permitiria a perda de tempo com seres não pensantes. Partir desse pressuposto tira o tema direito da lista de um debate sobre o assunto, porém, lembramos que a existência do direito tem alguns objetivos básicos, entre eles: a boa convivência social e a segurança da raça humana. Ora, aborto é totalmente contrário à sobrevivência da raça humana.
Mesmo que o aborto nesse caso seja relacionado ao feto com síndrome de Down, nós devemos manter em mente que qualquer mutação genética faz parte da evolução da humanidade. Depois de nascido, um ser humano com síndrome de Down, continua sendo um ser humano, tão perfeito quanto qualquer outro. Sua capacidade de sobreviver existe (reforçando o primeiro argumento), sua capacidade de produzir e aprimorar a própria inteligência também existe (confirmando argumentos mais filosóficos). Não há a menor diferença entre um ser humano com e sem a síndrome de Down, a não ser a intensidade de certas capacidades. Porém, intensidade de capacidades não está no debate em questão. Se colocarmos isso em debate, surgirá a pergunta: os vários seres vivos, com capacidades ligeiramente menores de produzir ou realizar algo, poderiam ser abortados?
Agora vamos deixar o gênio do Dawkins de lado para falarmos sobre o assunto com mais seriedade.
Um ser humano com síndrome de Down, geralmente, é mais dependente de outros à volta para realizar tarefas e desenvolver o intelecto; uma criança sem a mutação costuma desenvolver suas capacidades intelectuais de maneira mais rápida. Mesmo que esse paradigma de pensamento esteja sendo quebrado por novos desenvolvimentos na psicologia e na pedagogia, que conseguem aperfeiçoar o ensino adaptando-o ao modo de compreensão dessas pessoas, ainda existe a dificuldade por parte das famílias ao longo da formação deles. E é isso que prova a importância, mais uma vez, do altruísmo na evolução da humanidade. Lutar pela sobrevivência não significa matar pela sobrevivência. Melhorar a qualidade de vida do ser humano e aumentar a longevidade da espécie é uma maneira de lutar pela sobrevivência.

http://onlyagame.typepad.com/.a/6a00d83452030269e2010536b949d1970c-800wi
Os estudos para melhorar a qualidade de vida de pessoas em diferentes condições nos levam, constantemente, a descobertas no campo da ciência que impulsionam ainda mais a melhora na qualidade de vida das mesmas pessoas. Esse ciclo racional permite a cura de muitas síndromes e muitas anomalias (é importante fazer a distinção entre síndrome e anomalia).
Quanto à vida natural do ser humano, livre de raciocínios e análises científicas, a convivência entre pessoas diferentes (diferenças étnicas, culturais, filosóficas, sociais, genéticas, físicas, mentais, etc.) é importante para o desenvolvimento moral do ser humano. É importante para o desenvolvimento intelectual do ser humano. É importante para a nossa organização social global. É, definitivamente, importante para a nossa vida como um todo.
Dawkins, por acaso, não foi abortado. Einstein, Newton, Laplace, Fourier, Hawking, Neil DeGrasse e outros cientistas poderiam ter sido abortados se seu nascimento fosse considerado uma ameaça à evolução da humanidade. Como fez Hitler, ao decidir matar os judeus, por achar que a raça ariana era a evolução da raça humana. Raciocinando como Dawkins, Hitler poderia dizer que seria imoral, tendo a escolha, permitir o nascimento de uma criança de outra raça. Nesse contexto, Richard Dawkins, com sua pele branca e seus olhos cor de mel, não seria abortado nem assassinado? Ou seria por ser queniano?
Dawkins não foi abortado e por isso consegue contaminar o mundo com certos discursos absurdos. Por que absurdos? Bom, nunca vi – e nem ouvi falar de  um ser humano com síndrome de Down fazendo mal a alguém. Se, de fato, eles podem fazer mal a alguém, me parece que escolhem, na maioria dos casos, não fazê-lo. Talvez eles sejam a evolução da humanidade. Richard Dawkins, o biólogo que não foi abortado, poderia aprender com o método científico a observar primeiro, filosofar e teorizar depois e, por último, orientar as ações das pessoas, o que ele decididamente não fez, visto que a ciência ainda está descobrindo todos os atributos de um corpo com síndrome de Down.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Enigma da Mente e a Conservação de Energia

A vida é um mistério em todos os aspectos. Mesmo conhecendo perfeitamente as leis científicas da reprodução animal e vegetal – biológicas, derivadas, naturalmente, da física e da química – e como definitivamente evoluiu a vida na Terra, ainda existem processos inexplicáveis pelo nosso conhecimento. Claro que é sempre complicado falar em lacunas e fatos inexplicáveis, pois sabemos que o conhecimento científico demanda tempo para evoluir. Mas a minha intenção não é, obviamente, questionar o conhecimento humano ou menosprezá-lo.
Durante o longo tempo que fiquei sem atualizar este blog, estudei a fundo diversos temas que sentia necessidade de aprofundar, como genética e epigenética, nutrição, processamento cerebral, inteligência artificial e psicologia cognitiva. Quanto mais entrava a fundo nesses temas, mais me era exigido do meu conhecimento físico, filosófico e, porque não, espiritual? Talvez falar em “conhecimento espiritual” seja um abuso para uma página que foca a ciência acima de tudo, mas me pergunto o porquê disso todos os dias.
A ciência, por definição, deve zelar pelo conhecimento e desvendar as origens da humanidade e do universo. Bom, tais origens se mantêm escondidas até hoje.
Muitas sociedades postularam deuses para explicar aquilo que não tinham capacidade de compreender, o que perdurou na filosofia durante muitos anos, impregnando nosso conhecimento e retardando o desenvolvimento da ciência. Porém isso não significa, de maneira nenhuma, que qualquer cultura dessas esteve errada em suas predições. Significa apenas que, acomodadas, as grandes civilizações através dos séculos não se preocuparam em estudar os fenômenos geofísicos e biológicos observáveis.

Do site: http://eternosaprendizes.com
Recentemente, na astronomia, houve um postulado: a existência da energia escura. A energia escura compõe a parte do universo que explicaria a quantidade de massa (energia) necessária para que o universo se manifeste da maneira que observamos. Nunca foi detectada direta ou indiretamente, mas sua existência é aceita na ciência tanto quanto os conceitos eletromagnéticos e as partículas associadas, os quais foram substancialmente testados, detectados e comprovados. Pergunto-me novamente qual o problema do postulado da existência de Deus, se muitas culturas não O usam como explicação para aquilo que não conhecem, mas apenas acreditam na existência de uma inteligência superior a tudo que conhecemos e que tenha “projetado” o universo.
Vejo largas críticas às filosofias deístas que atacam grosseiramente a imagem humana de Deus. Ora, naturalmente, as culturas às quais me refiro repudiam fortemente essa imagem também. São culturas amplamente espiritualistas que pregam a existência de corpos além do material, corpos que seriam responsáveis pela nossa inteligência e consciência. Segundo os grandes sábios do passado, esses corpos seriam a essência do ser humano, a inteligência e a individualidade. Dado isso, o cérebro e o corpo humano num geral são apenas máquinas, a interface entre o verdadeiro Eu e o mundo material. Seria possível falar cientificamente sobre essas hipóteses?
Há alguns anos, os físicos L. Bass e Fred Alan Wolf,
“observaram que para que a inteligência possa operar, o acionamento de um neurônio tem que ser acompanhado de numerosos neurônios correlatos, a distâncias macroscópicas – até 10 cm, que é a largura do tecido cortical. Para que isso aconteça, observa Wolf, precisamos que correlações não-locais (à maneira de Einstein, Podolsky e Rosen, claro)1 existam no nível molecular de nosso cérebro, nas sinapses. Dessa maneira, até o pensamento comum depende da natureza de eventos quânticos.”2

Fred Alan Wolf, Ph.D, palestrou no TEDx, escreveu diversos livros de divulgação científica e filosofias , como "Parallel Universes", "The Yoga of Time Travel" e criou os quadrinhos "Doctor Quantum". Do site: http://elkarneclausen.files.wordpress.com
Para que a não-localidade esteja presente no processamento cerebral, as causas das ativações dos neurônios relacionados devem estar entrelaçadas. E, como essa propriedade só se manifesta na escala quântica, esta causa é quântica. Isso significa que o controle da inteligência humana tem sua origem na escala sub-atômica (elétrons, prótons, quarks, etc). Acontece que, até onde a física pôde investigar, elétrons e prótons não possuem informação codificada.
A transferência de informação na eletrônica se dá através de elétrons, claro, mas como essa comunicação se opera? Utilizamos o sistema binário em toda a tecnologia, ou seja, codificação em 0 ou 1 (0 volts ou 5 volts, geralmente). Então, essa tensão gerada produz correntes de acordo com os elementos do sistema, o que engloba um sem número de elétrons transferidos para cada pulso de tensão. A informação, portanto, é codificada como existência ou ausência de tensão, não havendo, dessa maneira, necessidade de se usar este ou aquele elétron. As propriedades das partículas não se alteram em todo o universo, só podemos alterar sua energia (números quânticos principais e secundários), sua posição e seu spin.
Então onde estaria armazenada a informação que permite ao cérebro entrelaçar partículas e definir quando os estímulos acontecerão? Devem, naturalmente, existir em um organismo mais complexo. Fazendo um paralelo com a eletrônica, deve haver um software que defina como o hardware operará. No ramo tecnológico, o software está gravado nas memórias físicas, definindo como outras partes físicas operarão para que diferentes softwares possam ser acessados. Ou seja, o software é uma programação mecânica que age sobre a própria essência, o hardware. Quem opera inteligentemente uma máquina é nada mais que um ser humano, o que nos leva a atualizar a relação hierárquica que definimos entre programa e dispositivo eletrônico físico.
O que acontece, de fato, ao digitarmos um texto como este, é que decidimos quais trilhas semicondutoras receberão o estímulo “um” e quais permanecerão no “zero”. A fonte de energia do computador mantém latentes as possibilidades de estímulos e nós, quando fechamos um contato – a partir de uma tecla, por exemplo – decidimos o fluxo de energia.  É aí que entram os diversos corpos metafísicos postulados por sábios há milênios em diversas culturas.

Do site: http://reportersombra.com
Espiritualistas dizem que há um espírito em cada ser. Na verdade, que cada ser é um espirito que recebe a dádiva da vida material, um corpo, com o intuito de desenvolver sua mente, sua essência, e voar cada vez mais alto numa escala espiritual, aparentemente em outras dimensões do espaço físico. Tudo parece uma linda história de ficção e, na opinião de muitos, não passa de superstição religiosa. Porém, nos últimos anos, a ciência vem se enchendo de grandes nomes que apoiam as teorias metafísicas, comumente apelidadas de pseudociência.
Um dos grandes argumentos que ataca essas teorias é baseado no princípio da conservação de energia3. Como se sabe, toda energia inserida em um sistema deve ser dissipada, transformada ou transferida, mas nenhuma parcela dessa energia pode desaparecer ou ser criada. Esse postulado da física foi comprovado em 100% dos experimentos desde o início da ciência metódica e ganhou muita força a partir da teoria da relatividade geral de Einstein principalmente, por ter sido explicado de maneira mais pura e bem elaborada.
Os que atacam afirmam que, se houvesse qualquer interação entre espírito e matéria, poderíamos captar a energia que flui de um ponto a outro do sistema. Essa concordância seria, definitivamente, irrefutável se houvesse apenas a maneira “energética” de comunicar dois corpos. O que quero expor com esse comentário? Com certeza, não estou desafiando o princípio da conservação. Se voltarmos à analogia da interação operador-computador, poderemos explicar melhor as possibilidades.

Do site: http://desperteconsciente.blogspot.com.br/

Quando apertamos a tecla do nosso laptop e fechamos dois contatos – definindo o caminho por onde o pulso de tensão será transmitido – não inserimos energia extra no sistema eletrônico. Dissipamos, é claro, energia térmica e sonora, através do choque das partes móveis, que foram deslocadas pela energia mecânica transmitida de nossos dedos. Porém, essa energia não é captada pelo computador e é suficientemente pequena para não ser detectada. Portanto, se qualquer sistema atua em nosso cérebro com o papel de “fechar contatos” (em alguma parte que ainda não conhecemos), ativando um neurônio, não perceberemos qualquer fluxo energético. Nesse suposto caso, a fonte de energia se encontra dentro das células, é produção própria através de “alimentos” captados do corpo humano, faltando apenas um gatilho para o início de uma operação.
As hipóteses metafísicas, se unidas às teorias físicas, abrem espaço para a dedução de um Deus onipresente. Se partículas subatômicas podem estar entrelaçadas e atuarem de maneira definitiva na nossa consciência, porque não poderia o universo ter uma consciência também? Se a consciência for uma propriedade de algo além das partículas, nada impede que organismos muito mais complexos exibam qualquer inteligência, naturalmente, superior à nossa.
Concluindo então a nossa analogia, temos o hardware como cérebro, o software como sistemas corporais mecanizados e o homem que opera a máquina como o espírito, o que decide e dá vida e inteligência à matéria. Como diz Goswami em seu livro O universo autoconsciente, a famosa frase de Descartes – penso, logo existo – pode ser alterada para: escolho, logo existo.



Notas:
1 Paradoxo EPR (Einstein, Podolsky e Rosen). Estas três mentes brilhantes questionaram a mecânica quântica desde a sua concepção por acharem impossível que uma partícula pudesse se comunicar com outra instantaneamente. Duvidaram de muitos conceitos dessa nova ciência e lutaram fortemente contra eles. Vale apena pesquisar o tema.
2 Goswami, Amit – O universo autoconsciente. Sugiro a busca pelos trabalho pessoais de Wolf e Bass.

3 Conservação de energia é, talvez, a maior teoria da física. Totalmente comprovada, a ideia garante que não há criação ou desaparecimento de energia em todo o universo. Isto é, toda a matéria e energia foram criadas no início do universo e nada desde então se perde. Todos os sistemas são energeticamente conservativos, de modo que toda energia que é inserida no sistema deve, com toda a certeza, aparecer como reflexos em outros pontos do mesmo sistema.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Associedade

Créditos: http://static.freepik.com/fotos-gratis/algemas_17-918141831.jpg
É notável para qualquer ser humano observador que as pessoas se tornaram mais preguiçosas com relação ao conhecimento. A chegada da tecnologia trouxe muitos benefícios e muito conforto à humanidade, como era de se esperar. O problema intrínseco dessa evolução foi a confusão gerada na cabeça da população. Conforto agora é sinônimo de ócio, mas não criativo.
Contrariando todo o objetivo natural da vida no universo, existimos sem nem o propósito de sobreviver. Consumimos e mantemos contato com substâncias e equipamentos que prejudicam o nosso corpo. Agimos, por conta desse vício em ter tudo do melhor, de maneira deplorável com o nosso próximo, o que pode levar – e tem levado – a humanidade ao colapso. Mas onde começa tudo isso? A culpa é da tecnologia, da ciência? Existe um culpado?
A construção da sociedade foi baseada em filosofias belíssimas de altruísmo e boa convivência. Os grandes filósofos milenares, a exemplo de Sócrates, ensinaram seus semelhantes a respeitar corpo e mente. Antes do desenvolvimento industrial, nas sociedades antigas, cultivou-se o ideal “corpo são, mente sã”. O planeta tinha tudo para desenvolver de maneira benéfica a toda a humanidade.
Não sabemos bem em que momento o quadro virou, mas é possível identificar certas teorias e certos comportamentos que travam o desenvolvimento intelectual e social das comunidades. A complicação – ou simplicidade – é que tudo está muito entrelaçado. Talvez o grande combustível da nossa falta de vontade de viver bem e imersos em felicidade e compaixão esteja localizado na educação básica.
Lembro-me que era bem comum, no ensino médio, ouvir questionamentos do tipo “que influência isso terá na minha vida? Não preciso saber disso”. Nossos professores, não tão bem preparados, não sabiam nos direcionar o pensamento ou mostrar a aplicação de cada coisa. Respostas comuns, com relação à gramática, eram: “Você vai precisar escrever um relatório ou um e-mail algum dia”. Com relação aos cálculos eram: “Você pode virar dono de uma empresa ou fará compras e precisará saber as operações básicas para cuidar das suas finanças”. Quanto às outras matérias, os argumentos eram muito parecidos: “você terá amigos e precisará saber conversar sobre coisas cultas”.
Ser culto é importante, claro. Cuidar do seu dinheiro e escrever um relatório também tem grande importância na vida de uma pessoa. Mas o grande foco do conhecimento não é viver cheio de bens materiais. Nossos professores já haviam sido criados em uma sociedade sem valores.
A importância de estudar, de ter conhecimento, está na compreensão da vida e do universo. Isso vale para toda e qualquer ciência. A interdisciplinaridade – muitas vezes incentivada, porém sem argumentação e racionalização – faz do homem um bom cidadão universal. Mas qual a importância de ser bom se tudo que eu preciso é viver com a “minha felicidade” e com a “minha tranquilidade”?
O problema está na falta de capacidade de compreender este simples texto que estou escrevendo. Não estudar de tudo tira a capacidade de aprendizado e fecha os horizontes do conhecimento para uma pessoa. Quando vivemos no egoísmo, acabamos tratando as pessoas de maneira perversa sem ao menos percebermos. Realizamos absurdos na vida social, no trânsito, na padaria, no supermercado. Essas nossas atitudes geram estresses e incômodos que, como a ciência já comprovou, são causas e “catalisadores” de muitas doenças.
Esse mesmo desinteresse com a humanidade se estende a outras áreas e prejudica, não só o próprio autor das obras, como os familiares e amigos. Ouço, com frequência, comentários do tipo: “o método A é melhor do que o método B porque o meu filho, depois que trocou de método aprendeu toda a tabuada”. O que aconteceu com essa criança foi a inibição da criatividade e o incentivo à sua capacidade de reprodução daquilo que vê. Temos mais um cidadão que não terá a capacidade de perceber que quando ele suborna um guarda de trânsito, ele está incentivando a não fiscalização por parte deles, o que implica na total falta de respeito às leis e, naturalmente, mais pessoas são atropeladas, por exemplo.
O grande problema está em não estudar aquilo que é novo. A tradição é considerada importante para a humanidade e, essa consideração, faz com que novidades revolucionárias que podem melhorar a vida de todos sejam descartadas e jogadas às traças, atrasando o nosso desenvolvimento. Isso sempre aconteceu na ciência e na política, um perfeito espelho da nossa confusão mental.
Por fim (para manter um texto relativamente curto, na esperança de que as pessoas tenham um mínimo interesse em ler e conhecer uma opinião a fim de estimular debates mais construtivos), podemos relacionar algumas atitudes que atrasam a humanidade e que devem ser pensadas por todos. Muitas instituições religiosas (que são todas ou quase todas baseadas em ensinamentos de profetas e filósofos) não ensinam filosofia e, consequentemente, “emburrecem” a população com a cultura do “porque sim”. Métodos ultrapassados de ensino não estimulam o pensamento e a criatividade dos alunos em nenhum momento do aprendizado, desde o ensino infantil até a universidade, resultando em profissionais cada vez mais reprodutores de livros que poderão facilmente ser substituídos por máquinas programadas no futuro (como já foram no passado). E, naturalmente, um governo que não investe na base do desenvolvimento social, mantendo suas ovelhas cada vez mais torcedoras de partidos e sem capacidade de raciocínio.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pseudociência

Quem participou de qualquer tipo de debate sobre as novas teorias da ciência ultimamente, com certeza, já ouviu o termo pseudociência. Há alguns anos, com o surgimento da física quântica, inúmeras crenças passaram a justificar seus dogmas a partir da incerteza trazida pela teoria e pelo funcionamento aparentemente sobrenatural do mundo subatômico. Em meio a essas justificativas, mais e mais céticos passaram a criticar todas as supostas teorias e o termo em discussão ganhou bastante força. Mas, a realidade é uma só, portanto, precisamos saber diferenciar o que estamos vendo do que gostaríamos de ver.
Antes de prosseguir, vamos ao significado de pseudociência.
Pseudo (falsa) – Ciência:
1)     É qualquer informação passada que se diz baseada na ciência, porém, que não deriva de nenhum método científico ou aplicação de teoria científica válida.
2)     Teoria que é tida como científica, mas que não tem embasamento científico real.
Apesar de serem definições bem simplificadas, são úteis para a discussão do tema, afinal, o próprio termo não deixa dúvidas a respeito do que realmente significa.
Partindo apenas da definição de pseudociência, já podemos ter uma leve ideia de como identificar essas falsas teorias, mas, o meu objetivo aqui não é ensinar a identificá-las e sim examinar o próprio termo que tem sido absurdamente mal empregado nos tempos mais recentes.
Do site: http://astropt.org/blog
Quando um livro de divulgação científica com teor técnico muito avançado é lançado, é incrível a quantidade de falsas interpretações que são divulgadas pelas redes sociais ou pelos próprios meios de comunicação mais comuns, como jornais e revistas. Essas interpretações, mesmo que erradas, devem ser discutidas. É assim que construímos conhecimento no mundo. Debatemos as interpretações que são lançadas por aí e vamos moldando nossos conceitos.
Não é muito diferente no meio científico. O que difere, levemente, é que os debates acontecem – na grande maioria – em conferências e seus argumentos têm forte embasamento científico e filosófico. Infelizmente, nos debates informais, a falta de informação predomina e, o desconhecimento da ciência básica faz com que as discussões percam todo o seu sentido e virem uma guerra entre certo e errado.
Comecei a pensar bastante sobre esse tema ultimamente, e vou explicar o porquê antes de entrar de fato no que quero defender. Tenho observado muitos debates em redes sociais e assistido a muitos vídeos sobre a origem do universo e da vida. Vejo, nessas situações, o termo pseudociência sendo utilizado o tempo todo e, na grande maioria das vezes, o termo não se encaixa no que está sendo contestado. Como os assuntos onde o termo aparece derivam, geralmente, de ciências exatas e biológicas, fui procurar saber quem eram as pessoas que estavam fazendo aquelas críticas de maneira tão segura e o que encontrei foi triste, porém compreensível. Essas pessoas, na esmagadora maioria das vezes, não tinham formação científica nem formação em áreas que trabalham com ciências exatas ou biológicas. Isso não significa que elas não têm o direito de discutir, claro, mas que elas devem, no mínimo, ter conhecimento básico para saber embasar suas ideias. A falta de conhecimento ficava obvia quando se citava alguma teoria básica da física ou da matemática e as pessoas nem sequer sabiam do que se tratava, por exemplo.
Do site: http://ahduvido.com.br


Ciência ou Pseudociência?

A astronomia – há poucos anos – se encontrava num beco sem saída. Após décadas de descobertas marcantes, não se sabia muito bem para onde a física estava levando o conhecimento sobre o universo. Os métodos matemáticos que resolviam problemas antes passaram a discordar das observações. Foi aí que grandes mentes tiveram de ser ousadas e em pouco tempo houve uma grande reformulação na forma como observávamos o universo. Foram postuladas a matéria escura e a energia escura.
Os efeitos visuais da matéria escura já foram observados, porém, a energia escura permanece difícil de compreender e detectar. Sabemos da existência da energia escura pelo simples fato de ela explicar, segundo a relatividade geral, o porquê de as galáxias girarem da forma que giram e o motivo de o universo manter uma expansão acelerada, mas ainda não passa de teoria, porém, aceita por todos (ou quase todos) os cientistas.
Não foi a primeira vez que algo assim aconteceu na história da ciência. Só no ramo da física, inúmeras partículas e campos foram postulados para explicar coisas que não podíamos compreender ou quando alguma observação não condizia com o conhecimento mais antigo. A parte mais interessante de tudo isso é que, com o passar do tempo, a maioria dos postulados foram comprovados. Imaginem então se os cientistas – como Higgs, Eisntein, Planck, Hawking, Schrödinger, Dirac, Newton, Weinberg, entre outros – não tivessem a coragem de dizer que algo deveria existir ali e atuar segundo certa lei matemática. Estaria a física parada no tempo?
Roger Penrose, matemático; http://www.math.uga.edu/seminars_conferences/penrose.jpg
O termo pseudociência é utilizado constantemente para invalidar certas teorias que tenham aparência religiosa. Digo aparência porque não são derivadas de chefes religiosos ou grupos religiosos. Essas teorias são criações de cientistas que tem ou não religião, como Lamaître – que era padre – e Goswami, Hammeroff ou Penrose – que tem suas crenças independentes de qualquer dogma. Devo dizer mais uma vez que, até hoje, em todos os casos desse tipo que pude analisar, o termo não era minimamente aplicável à teoria criticada.
Algumas teorias místicas, como os mais céticos adoram chamar, são baseadas em leis deterministas da física e derivam da real ciência, logo não podem ser chamadas de pseudociência. O fato de certas teorias não terem comprovação científica, não significa que são inválidas ou menos importantes. Assim como a energia escura foi postulada e assim permanece até hoje, a existência da consciência extracorpórea também é um postulado que condiz com todas as teorias físicas e biológicas conhecidas. Não só é razoavelmente baseada na ciência, como explica além do que a ciência pode explicar atualmente e nenhum experimento realizado na área da saúde, por exemplo, conseguiu diminuir sua importância. Então, porque chamar de pseudociência? Quem faz a pseudociência? Qual a diferença de importância entre postular a consciência e postular a energia escura?
Dentre os trabalhos que vi totalmente pré-julgados, os que mais me chamaram a atenção foram os de Andrew Newberg (sobre meditação e oração) e os de Sérgio Felipe de Oliveiria (que constrói um modelo de interação entre espírito e corpo). Chamaram-me a atenção por motivos razoáveis. Os trabalhos de Newberg são baseados em neuroimagens, o que já deveria ser suficiente para suspender as críticas, mas pessoas que são impulsionadas exclusivamente por suas opiniões e crenças não admitem mudanças no pensamento científico.
Já o trabalho do Dr. Sérgio é mais especulativo, porém, baseado na teoria de campos eletromagnéticos. Foi descoberto por ele que, a glândula pineal (órgão do cérebro humano) possui cristais de apatita, que são materiais diamagnéticos. Esses cristais, portanto, refletem e absorvem ondas eletromagnéticas sem que estas penetrem os seus interiores. Materiais diamagnéticos interagem com campos magnéticos com extrema facilidade e, portanto, as teorias do Dr. Sérgio podem ser facilmente compreendidas pela física e pela biologia.
Não vou me alongar nas teorias, afinal, não é esse o meu objetivo. Vamos à real pseudociência.
Andrew Newberg, neurocientista; http://puthu.thinnai.com/wp-content/uploads/2012/04/dr-andrew-newberg.jpg


A Verdadeira Pseudociência

Constantemente é dito que a física é e deve ser puramente materialista. Sim, essa é a sua definição inicial, sua etimologia. Porém, a física trata de energias, que tem um mecanismo peculiar e complexo e, muitas vezes, ainda desconhecido, como no caso da conversão entre matéria e energia ou a própria energia escura. Então, como podemos definir algo que não conhecemos e não aceitar alterações ao longo dos nossos estudos? Essa é a real pseudociência.
Pseudociência é a falsa ciência. Ora, negar postulados e teorias por pura crença é defender a falsa ciência. A ciência de verdade não tem preconceitos, apenas pede, para comprovação de teorias, a observação daqueles fenômenos. Mas, sabemos que a relatividade, por exemplo, funciona. Sua matemática rege com perfeição o macrocosmo, mas o tecido espaço-temporal nunca foi detectado. O bóson de Higgs, até o ano passado, era puramente teoria matemática. A dualidade onda-partícula ainda não foi completamente desvendada, mas estudos recentes mostraram que o sistema é onda ou partícula de acordo com a conveniência para ele, ou seja, escolhe a configuração que favorece seu deslocamento.
No livro O Fim das Certezas, Ilya Prigogine – nobel de química – mostra uma nova visão do universo, onde a estatística tem papel muito importante no desenvolvimento da história humana. Prigogine demonstra, matematicamente, que a quebra da simetria temporal ocorre naturalmente no universo e que a probabilidade não deriva apenas da mecânica quântica, mas da mecânica clássica também, quando escolhemos grandes quantidades para analisar. Deste trabalho, podemos tirar inúmeras conclusões. Basta compararmos com o nosso cérebro, que é um sistema de incontáveis variáveis e logo pensaremos em livre arbítrio dentro das probabilidades apoiadas pela própria física. Ou seja, sendo material ou não, a possibilidade de termos real livre arbítrio também não é pseudociência nem precisa estar no campo da metafísica. Daí muitos cientistas defenderem a teoria da livre escolha.
Como disse Friedrich Nietzsche, “e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”. Essa declaração resume bem o pensamento comum da humanidade. As pessoas se baseiam, constantemente, em suas certezas que não tem menor fundamento lógico ou científico/filosófico e tentam convencer que o mundo é aquilo que elas querem ver.


O paradigma preconceituoso
Peter Higgs, físico que postulou o bóson de higgs; http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/02280/PeterHiggs_2280647b.jpg

Criou-se um preconceito de que a ciência que apoia a religião não é ciência de verdade, mas que qualquer teoria materialista é coerente e inteligente. Bom, mesmo os grandes cientistas da atualidade não costumam usar o termo pseudociência. Eles não usam esse termo e nem propagam esses preconceitos pelo simples fato de a ciência de verdade não ter desenvolvimento suficiente para definir respostas às questões mais complexas da vida e do universo.
A biologia não sabe de onde viemos. A física não sabe para onde vamos. A química não sabe por que estamos aqui. A psicologia não sabe o que somos. Enfim, as perguntas feitas no início da vida na Terra ainda não foram respondidas e assim continuarão por um longo período de tempo. Mas o ceticismo não pode atrasar o desenvolvimento da ciência como fez no passado, por isso é bom que nos mantenhamos sempre informados e pensemos muito bem antes de afirmarmos alguma coisa.
Por fim, quero lembrar que é bom sabermos diferenciar motivo de observação. Por exemplo, os hormônios do corpo e sua relação com nossos sentimentos formam uma observação, não um motivo, ou seja, os hormônios não são o porquê dos nossos sentimentos existirem. Os corpos adquirem aceleração a partir de uma força; isso é um motivo, que, em algum momento, já foi uma observação. A ciência vive de postulados (baseados apenas em matemática ou filosofia pura) e observações (baseadas em experimentos). É só com muito trabalho e relações interdisciplinares que essas teorias podem ser relacionadas à causa de alguma coisa.

“Somente um principiante que não sabe nada sobre ciência diria que a ciência descarta a fé.”
James Tour

domingo, 8 de setembro de 2013

Uma lei moral?

Estamos bem acostumados a falar sobre as leis da natureza. Desvendamos inúmeros mistérios sobre o surgimento da vida e sobre a evolução do universo, mas eu diria que estamos ainda nos primeiros degraus da escada do conhecimento humano. Me pego, constantemente, pensando no mundo e ensaiando como seria a vida humana em 50, 200 ou milhares de anos. Até onde iria o nosso conhecimento? Temos limite para isso? Qual seria o nosso conceito de natureza?
Acho essas questões um tanto quanto intrigantes, pois já existem grandes cientistas e pensadores que atribuem significados diferentes para a palavra natureza. Na verdade, o conceito de natureza muda o tempo todo. Desde os pré-socráticos até hoje, o significado de natureza incorporou incontáveis novos tópicos, portanto, não creio que este seja o momento de conhecer a natureza ainda, mas defini-la, até porque a abrangência do termo natureza está diretamente relacionada com a quantidade e qualidade do nosso conhecimento.

Do site: http://ultralafa.files.wordpress.com

A definição de natureza não será uma decisão rápida, claro. Como tudo na ciência, o acordo sobre este tópico levará anos de novas descobertas, mas eu arriscaria dizer que natureza é tudo aquilo que é espontâneo, ou seja, sem a intervenção da inteligência humana. Essa definição é útil para o que pretendo falar e está de acordo com alguns dicionários, portanto, usarei dessa maneira por enquanto.
Vamos então à pergunta de interesse do dia: Existe uma lei de moral na natureza, ou é tudo exclusivamente criação do homem?
Para muitos, a resposta é intuitiva: é óbvio que é criação do homem, é um acordo social!
Mas não me refiro simplesmente às leis e códigos de ética que escrevemos, sugiro algo além; muito além do senso comum. Cientificamente, algo pode ser dito sobre o assunto?
Já abordei esse tópico inúmeras vezes em fóruns e debates e, não poucas vezes, fui ridicularizado. Mas, para ser bem sincero, isso pouco me incomoda. De tudo, o que me deixa triste – e não é por mim –, é o fato de as pessoas responderem as coisas instintivamente e não pararem para pensar nos grandes significados que os menores pensamentos podem nos trazer. Vejo, então, um mundo cada dia mais óbvio e monótono da fé em qualquer coisa.
Falar em lei moral da natureza é um tanto complexo, então vou direcionar um pouco o assunto com outra pergunta.

A natureza impõe a moral ao homem?

Do site: http://isacheriii.blogspot.com

Nada pode ser dito com muita certeza, mas é de filosofia que vive a humanidade e a real ciência.
Para pensarmos sobre o assunto precisamos entender o que os atos morais e imorais podem acarretar para nós e para o mundo (ou universo). Sem definir o que são atos morais, para evitar maiores complexidades, pretendo analisar alguns pontos e deixar a conclusão a critério da evolução humana.
Nossos atos – pensamentos, ações físicas e todas as coisas produzidas por nós – geram reações. A terceira lei de Newton já dizia isso, porém, não tão amplamente. Pode parecer tudo uma questão de viagem e filosofia ilógic, mas, na verdade, todos os nossos atos – partindo do princípio materialista – são causas de efeitos materiais. Ora, sendo esses efeitos pequenos ou grandes são também causas de outras coisas que acontecem na natureza, como, por exemplo, o simples ato de respirar que transforma gás oxigênio em gás carbônico que, por sua vez, é reagente da respiração das plantas, que transformam gás carbônico em gás oxigênio...
Seguindo essa linha e dando um pulinho na física e na neurologia veremos que nossos pensamentos são dissipadores e produtores de energia e toda energia dissipada (ou inserida em um sistema) produz seus efeitos. É assim que a dissipação da energia elétrica num resistor gera calor que pode ser usado como entrada em outro sistema (chuveiro elétrico).
Do site: http://www2.elektro.com.br

Agora, puxemos dados psicológicos extraídos de estudos com assassinos e soldados de guerra e veremos que o quadro é bem pesado. Os estudos mostraram que a cada dia, essas pessoas sofrem efeitos psicológicos gravíssimos decorrentes de suas ações no passado. Mas, sendo as ações materiais, o que teria produzido tais efeitos? Simplesmente o pensamento? Como esse efeito pode se alastrar se uma ação é localizada no tempo e no espaço?

Bruce Lipton e outros geneticistas descobriram em laboratório que a principal função do nosso DNA é a troca (absorção, emissão e reflexão) de ondas eletromagnéticas com o ambiente à sua volta. Seria isso então uma prisão onde nossos maus atos podem produzir efeitos ruins ao nosso próprio corpo e à nossa personalidade? Isso sem contar os excessos (alimentação e ingestão de substâncias tóxicas) que claramente matam nosso corpo aos poucos. Então qual será a conclusão em alguns anos? A moral pode ser um produto das leis da natureza? Ou é tudo uma questão de tecnologias ainda não desenvolvidas que poderão nos livrar de efeitos indesejáveis?

sábado, 6 de julho de 2013

Ser social

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a gente muda, a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude, não há mal que não se mude e nem doença sem cura.
Na mudança de postura, a gente fica mais seguro.
Na mudança do presente, a gente molda o futuro.”
Gabriel, o Pensador

Gabriel, o pensador; imagem do site: http://www.kboing.com.br
Depois dos últimos acontecimentos no nosso país, sinto certa dificuldade em falar sobre ciência. Mas, para tentar manter o propósito do blog e ao mesmo tempo dar minha contribuição política, vou fazer o possível para dar uma visão mais lógica e racional a todos esses manifestos e greves e toda essa insatisfação que – convenhamos – é o pão de cada dia do brasileiro há um bom tempo.
O manifesto dos estudantes em São Paulo parece ter aberto os olhos de todos os brasileiros. Desde o primeiro movimento, grandes debates se iniciaram pelo país e muita gente abraçou a causa como se abraça a um filho que acaba de nascer. Foi realmente muito belo ver tudo isso e fico muito feliz de ter visto algo assim acontecer. Mas, infelizmente, minha felicidade não acompanha a minha satisfação com a mentalidade do povo brasileiro. Minha alegria não diz respeito sequer aos movimentos por completo.
Sinto-me realizado por ter visto como funciona a cabeça do homem idealista e do homem umbiguista, podendo finalmente me preparar para uma revolução mental (que, com toda a certeza, ainda não aconteceu) e aprendendo tirar lições do que deverei fazer no futuro para ajudar a humanidade a se desenvolver e se desprender das amarras do egoísmo e da parcialidade.

Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Cidadão útil X Cidadão inútil
O debate mais quente (que mais interessou à população) que pude observar foi do cidadão útil (manifestante) contra o cidadão inútil (revolucionário do facebook). As definições eram muito simplórias: o cara que vai pras ruas está mudando o país; já o cara que tá no facebook, acha que está fazendo algo, mas ele é um alienado.
Vamos primeiro cortar toda essa baboseira, afinal, a maior parte das pessoas que aderiram às manifestações foram os usuários das redes sociais que, sem essa ferramenta, jamais teriam tomado conhecimento do que realmente estava acontecendo.
Não fui a nenhum protesto, mas acompanhei tudo pelos twitters dos próprios manifestantes, pelas postagens no facebook (exatamente, sou o cidadão inútil) e pelo que pude ver do alto de um prédio que me proporcionou ótima visibilidade de boa parte do que estava acontecendo longe das esferas dos radicais da classe A (só na cidade em que eu moro).
Útil – adjetivo. Que pode ter algum uso ou serventia; proveitoso; vantajoso; dia – dia de trabalho (Plural: úteis).
Definido isso, vamos falar do cidadão útil. Aquele cara que está realmente preocupado com o futuro do seu país e vai para as ruas com cartazes, interrompe o tráfego e mostra que ele acordou (ou sempre esteve acordado) para os problemas do seu país. Esse cara é útil, creio que não há dúvidas disso. Não é nessa definição que vejo problema.
O cidadão inútil é o problema. Não porque ele fica no facebook mandando recados de otimismo e disseminando mensagens de justiça, mas porque, muitas vezes, ele está nas ruas também. A pessoa que fica nas redes sociais fazendo seus apelos está, sem sombra de dúvidas, estimulando debates e raciocínios em incontáveis esferas sociais. Chamar de inútil, aquele ser humano que usa da rede para ensinar, divulgar conhecimento, estimular estudos e propagar mensagens de cooperação social é ter a atitude de uma pessoa completamente obsoleta. Porém, ter essa atitude não te transforma em uma variável desnecessária ao desenvolvimento da humanidade. As definições entre cidadão útil e cidadão inútil é que podem, talvez, ser inúteis, mas ainda assim servem para algum debate e crescem o nosso conhecimento de alguma forma.
Do site: https://sphotos-a.xx.fbcdn.net
Isso você não vai ver na globo, seu alienado
Nem na rede globo, nem em nenhuma outra emissora, nem nas revistas, nem nos jornais e muito menos em sonhos. A mídia mostra o que dá dinheiro e ibope e eu não vou discordar disso, mas confesso que me incomoda absurdamente ouvir pessoas dizendo: “se a sua fonte é a globo ou a veja, não posso discutir com você”.
Pra ser bem sincero, eu quer que a globo, a veja, a carta capital e os defensores das borboletas do Afeganistão se explodam... er, Afegãos, ignorem essa parte.
É revoltante ouvir daquelas pessoas que metiam o pau na mídia frases como: “Olha só, até a rede globo mostra o nosso protesto pacífico”; “Até o jornal mostra os vândalos são minoria”.
Eu sei que o protesto é pacífico e que os vândalos são minoria, mas o que vejo é, na verdade, a mídia falando tudo que o povo quer ouvir para que ele fique feliz e volte a dormir e sonhar com uma vida bela. E então vivemos a re-alienação das pessoas, num mundo onde a polícia bate em quem está trabalhando, afinal, os policiais antes de serem contratados não eram seres humanos inseridos na nossa sociedade.
Outra coisa que vejo é o povo achando que a reforma política vai resolver tudo e que não votar no mesmo picareta é a solução. Voltamos ao problema da PM. O político também era cidadão antes disso e, o que vemos o tempo todo é um péssimo quadro social, onde o principal culpado é o povo não político (e menos ainda politizado).
O mesmo cara que manifesta ou propaga mensagens anticorrupção na rede é o cara que passa no sinal vermelho, ultrapassa pelo acostamento, anda devagar na esquerda, não dá lugar para os mais velhos no ônibus, fura filas, sobre no ônibus na sua frente te atropelando, não pede licença nem desculpa, trata empregados como escravos, não agradece ninguém, não dá bom dia e nem boa noite, dá dinheiro pra guardas e policiais, sonega impostos, manipula informações a seu favor... Ufa... Ah... Mete o pau na mídia, mas oculta dados; mete o pau no governo, mas extrapola as verbas de gabinete da empresa, usa o “ticket car” e pega troco, usa o “vale refeição” e pega troco e uma centena de outras ações ridículas e desrespeitosas.
Poderia passar parágrafos e mais parágrafos listando, mas acho que já deu para entender. É preciso realmente parar para pensar nas suas atitudes, até porque, uma pequena tentativa de conscientização aparece na mídia o tempo todo.
Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Vencendo o umbiguismo
Por fim, creio que a reflexão que deve ficar para o ser humano é simples de compreender, porém muito difícil de praticar.
O ser social é aquele que interage e responde ao ambiente à sua volta – seja essa resposta boa ou ruim – e vemos pessoas assim o tempo todo. Mas ser social já é um pouco mais difícil, afinal é se preocupar com o próximo e pensar sempre no desenvolvimento da humanidade, é ser sustentável. Sustentabilidade – mesmo que baseada no orgulho – gera contribuição entre os homens (para os inteligentes, claro). Portanto, se você não for amável, seja inteligente. Lembre-se de que você pisa naquele que te sustenta e que pode se voltar contra você a qualquer momento, como mostraram os manifestos.
Deixo por aqui a minha observação seguida de uma leve conclusão.
A revolução intelectual está apenas começando, ou melhor, está prestes a começar. Tudo que aconteceu até agora serve para que pensemos um pouco nas nossas atitudes e aprendamos a viver em sociedade. Se fizermos um breve paralelo entre tudo isso e as novas descobertas dentro da biologia (epigenética) e da física, veremos que o mundo esta prestes a passar por uma revolução muito séria e importante.

Imagem do site: http://www.netoferreira.com.br
Descobrimos, recentemente, que o cérebro é mais importante para o desenvolvimento da genética do que as proteínas; que a membrana plasmática (responsável pela ativação de genes) vive em constante comunicação com estímulos eletromagnéticos do ambiente (nosso cérebro é uma grande fonte deles); que as trilhas cerebrais não são suficientes para explicar boa parte das doenças mentais e psicológicas que, na verdade, parecem nem mesmo ter uma causa química ou mecânica.

Vemos, todos os dias, pessoas superando limitações das próprias enfermidades. Inúmeras pesquisas (exemplo: Superinteressante – Maio – Ótima matéria sobre depressão com fontes de Harvard) vêm mostrando que a vontade de melhorar é mais importante do que os remédios e que ser otimista é uma ótima maneira de prevenir doenças em vários setores do corpo (mental, renal, vascular, cardiológica, pulmonar, alergias e etc.). Portanto, use mais os sentimentos associados à razão do que o pensamento simplesmente sistemático. Compreender as diversas áreas da ciência da vida é muito importante. Mas saber é pouco, agir é essencial. Mude-se e você mudará o mundo.