Quem
não ouviu ou leu sobre Jacob Barnett nas últimas semanas? O garoto que foi
diagnosticado com autismo desde pequeno e hoje, aos 14 anos, está na reta final
de seu mestrado e é considerado como um dos mais brilhantes físicos da
atualidade pode ser a evidência definitiva de que a medicina e a biologia
pararam no tempo. Sendo este um blog de ciência, devemos ser realistas e
defender a lógica. Vamos aos fatos.
Não
é o primeiro caso em que a medicina prevê algo que não acontece. Sei que muitos
(céticos) defenderão a medicina com a argumentação das probabilidades, mas sinto
informar que esse é exatamente o problema da biologia newtoniana (?). Muitos
dos acordos científicos da medicina giram em torno de probabilidades pequenas e
baseadas apenas em modelos científicos
que explicam a situação. Se entrarmos a fundo nas teorias biológicas,
veremos que, quase todo o funcionamento do corpo humano está baseado na mecânica
newtoniana, na química das reações e na eletrodinâmica clássica. Ora, sabemos
muito bem que essas duas teorias físicas são simplesmente casos particulares de
uma verdade muito maior e que a química trabalha com aproximações e
generalizações. O que isso tudo representa? Bom, uma sucessão de erros (desvios
padrão) que baseiam todo um modelo trazem a ele erros cada vez maiores,
chegando a um ponto onde, o que se deduz tem maior probabilidade de estar errado
do que certo, como a genética, por exemplo.
O
que pretendo expor aqui não é a ruína da medicina, mas sim que chegou o momento de
deixarmos nosso ceticismo e conforto de lado e nos jogarmos no mundo
completamente novo das maravilhosas descobertas da ciência moderna. Com o tema
de sua palestra no TEDx – “A importância de parar de aprender e começar a
pensar” – Jacob apela para o raciocínio lógico. Aproveito para reforçar o que sempre recomendo: sejam seus próprios filósofos e cientistas; a lógica não
mente e não engana, só engrandece.
Jacob Barnett, gênio da física com QI, provavelmente, superior ao de Albert Einstein; imagem do site: http://blogs.independent.co.uk |
Fico
realmente impressionado quando vejo que muitas pessoas se contentam com aquilo
que os detentores do conhecimento sabem e divulgam. Considero absurdamente
triste uma mente que não se importa com as verdades da vida, argumentando que um dia a humanidade saberá. Já ouvi um
argumento muito forte que dizia: “Tanta gente passando fome e as universidades
gastando milhões com novas pesquisas científicas”. Tal argumento é a prova da
fraqueza da mente humana. Não pela falta de ambição, mas pelo desconhecimento
de que boa parte dessas pesquisas gira em torno da necessidade do homem. Sem
contar o fato de que a ciência sempre nos trouxe surpresas. Muitas vezes, ao
vasculharmos um assunto, encontramos respostas para outros assuntos. Quem sabe
o que o futuro guarda para as fronteiras do nosso conhecimento? Quem sabe se lá
não está a cura da AIDS, do câncer, da fome e da escassez de recursos naturais
para a longevidade? Não se deve misturar a ciência pura com a corrupção do
mundo. Se os homens cobram caro para produzir produtos, a culpa não é de uma
lei da natureza e sim da falta de amor ao próximo do ser humano.
sem mais, do site: http://profhendrickson.blogspot.com.br |
De
qualquer forma, acho muito importante que os pais sejam pais de verdade. A
ciência aponta, cada vez mais, para um universo complexo e integral. As novas
descobertas mostram a importância da dedicação e do amor nos grupos sociais, seja este grupo uma família ou uma organização. Como já nos alertou o físico
nuclear Amit Goswami, chegou o momento de
se unificar crença e ceticismo. O ateu não está errado, assim como não está
o religioso. Há inúmeros ensinamentos aparentemente contraditórios que, se
jogados em um liquidificador, vibram em perfeita harmonia com a ciência.
Portanto, escolhi duas frases muito interessantes: uma é dita por um religioso
e está em um livro religioso; a outra é dita por um agnóstico (com grande
número de fãs ateus) e foi dita em entrevista à rede de TV americana, ABC, no
World Science Festival:
Se falar as línguas de homens e anjos,
mas não tiver caridade, sou como bronze que soa ou tímpano que retine. E se
possuir o dom da profecia e conhecer todos os mistérios e toda a ciência e
alcançar tanta fé que chegue a transportar montanhas, mas não tiver a caridade,
nada sou. (Paulo: I Coríntios, capítulo 13)
Há uma diferença fundamental entre a
religião, que é baseada na autoridade, e a ciência, que é baseada na observação
e na razão; a ciência vencerá, porque ela funciona. (Stephen
Hawking)
Stephen Hawking, também limitado por uma anomalia, porém, um dos maiores gênios que a Terra já viu; imagem do site: www.famenetworth.com |
Pergunto-me,
todos os dias, qual o motivo que leva as pessoas a confundirem crença em Deus com religião. Também tento compreender qual o pensamento que leva
outras pessoas a confundirem ciência com
ateísmo.
O
teor filosófico das citações é grandioso. Paulo fala em caridade, mostrando que
um não vive sem o outro. Quem leu o evangelho de Paulo, deveria saber que
ele defende o conhecimento e o estudo como essenciais à compreensão da vida e
de Deus. Ao mesmo tempo, quem leu Stephen Hawking, sabe que sua visão (que o
faz parecer ateu) quanto à existência
ou não de Deus não é definitiva. Hawking diz, como todas as letras em seus
livros, que se Deus existe, ele não interfere nas leis da ciência.
Ora,
um pouco de lógica mostra que uma visão não anula a outra. De um lado, ateus
usam Hawking para defender a soberania da ciência; do outro, religiosos se
agarram à bíblia ou outros livros sagrados para defender a existência de Deus.
Agem com se fossem opiniões antagônicas, enquanto a união das duas é muito
simples e natural: Deus pode existir,
visto que foi o criador do universo e, consequentemente, criador das leis científicas,
portanto, a ciência sempre funciona. Naturalmente, um ser tão perfeito, não
seria contraditório, certo?
Aonde
quero chegar com tudo isso e essa (aparente) mudança de assunto a cada parágrafo?
Quero apenas montar uma base para concluir meu pensamento a cerca da
importância da educação e do desenvolvimento intelectual. Vamos agora unir tudo
isso e exemplificar com o caso Barnett.
Os
cientistas (os próprios biólogos, muitas vezes) perdem a confiança na biologia
newtoniana. Ou seja, a vida analisada a partir de conceitos aproximados e
particularizados não pode trazer avanços corretos. A física quântica mostra o
funcionamento mais completo do mundo subatômico, porém, ainda é baseada em
postulados; já a teoria de cordas, parece explicar com perfeição como os
fenômenos da mecânica quântica podem produzir-se, basta comprovarmos uma coisa:
“as partículas são produtos de componentes menores, no caso, cordas vibrantes”.
Parece que estamos, finalmente, encerrando nosso conhecimento sobre a matéria e
introduzindo conceitos para algo que ainda não sabemos o que é, mas que estão
interagindo conosco constantemente.
A
física, desde a relatividade, evidencia que a matéria que conhecemos é
insuficiente para explicar o universo e o menino Jacob parece ser a evidência
que faltava para que se complete o raciocínio anti-materialista. Fadado a nunca poder ler ou escrever, o prodígio venceu barreiras sociais e
científicas e se tornou um brilhante físico. Ainda deu um show no TEDx,
mostrando que precisamos pensar mais e não apenas absorver conceitos antigos e
preestabelecidos. A genética (química e mecânica newtoniana) ou o funcionamento
cerebral conhecido (eletrodinâmica clássica) não explicam como Barnett chegou
aonde chegou. Da mesma forma que não explicam Ptolomeu, Sócrates, Aristóteles, Platão,
Pitágoras, Laplace, Newton, Einstein e muitos outros gênios que viveram à
frente de seu tempo.
Se
nossa consciência fosse mero produto de leis científicas quadradas, onde nosso
cérebro recebe um estímulo e transmite (em zeros e uns) uma informação a ser
armazenada ou vivenciada, como poderíamos ter tantas opiniões diferentes? Como
poderiam, com a mesma lógica, duas pessoas terem visões de mundo totalmente
divergentes? A neurociência está errada? Não, claro que não! Está incompleta. A
cada dia, mais e mais físicos e neurologistas passam a acreditar na existência
da mente consciente (nome dado ao popular espírito), sendo essa a controladora
da nossa mente inconsciente e da nossa mente subconsciente – produtos da
biologia newtoniana que explicam apenas as tendências e os reflexos. Quanto à genética, depois do fracasso do projeto genoma, não há muito a se debater. Hoje fica bem claro que a vida é muito mais complexa do que a matéria que observamos.