“Muda, que quando a gente muda o mundo
muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a gente muda, a gente anda pra
frente.
E quando a gente manda ninguém manda na
gente.
Na mudança de atitude, não há mal que
não se mude e nem doença sem cura.
Na mudança de postura, a gente fica mais
seguro.
Na mudança do presente, a gente molda o
futuro.”
Gabriel, o Pensador
Gabriel, o pensador; imagem do site: http://www.kboing.com.br |
Depois
dos últimos acontecimentos no nosso país, sinto certa dificuldade em falar
sobre ciência. Mas, para tentar manter o propósito do blog e ao mesmo tempo dar
minha contribuição política, vou fazer o possível para dar uma visão mais lógica e racional a
todos esses manifestos e greves e toda essa insatisfação que – convenhamos – é o
pão de cada dia do brasileiro há um bom tempo.
O
manifesto dos estudantes em São Paulo parece ter aberto os olhos de todos os
brasileiros. Desde o primeiro movimento, grandes debates se iniciaram pelo país
e muita gente abraçou a causa como se abraça a um filho que acaba de nascer.
Foi realmente muito belo ver tudo isso e fico muito feliz de ter visto algo
assim acontecer. Mas, infelizmente, minha felicidade não acompanha a minha
satisfação com a mentalidade do povo brasileiro. Minha alegria não diz respeito
sequer aos movimentos por completo.
Sinto-me
realizado por ter visto como funciona a cabeça do homem idealista e do homem umbiguista,
podendo finalmente me preparar para uma revolução mental (que, com toda a certeza,
ainda não aconteceu) e aprendendo tirar lições do que deverei fazer no futuro
para ajudar a humanidade a se desenvolver e se desprender das amarras do
egoísmo e da parcialidade.
Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net |
Cidadão útil X Cidadão inútil
O
debate mais quente (que mais interessou à população) que pude observar foi do cidadão útil (manifestante) contra o cidadão inútil (revolucionário do
facebook). As definições eram muito simplórias: o cara que vai pras ruas está
mudando o país; já o cara que tá no facebook, acha que está fazendo algo, mas
ele é um alienado.
Vamos
primeiro cortar toda essa baboseira, afinal, a maior parte das pessoas que
aderiram às manifestações foram os usuários das redes sociais que, sem essa
ferramenta, jamais teriam tomado conhecimento do que realmente estava acontecendo.
Não
fui a nenhum protesto, mas acompanhei tudo pelos twitters dos próprios
manifestantes, pelas postagens no facebook (exatamente, sou o cidadão inútil) e pelo que pude ver do
alto de um prédio que me proporcionou ótima visibilidade de boa parte do que
estava acontecendo longe das esferas dos radicais da classe A (só na cidade em
que eu moro).
Útil – adjetivo. Que pode ter algum uso
ou serventia; proveitoso; vantajoso; dia – dia de trabalho (Plural: úteis).
Definido
isso, vamos falar do cidadão útil. Aquele cara que está realmente preocupado
com o futuro do seu país e vai para as ruas com cartazes, interrompe o tráfego
e mostra que ele acordou (ou sempre esteve acordado) para os problemas do seu
país. Esse cara é útil, creio que não há dúvidas disso. Não é nessa definição que
vejo problema.
O
cidadão inútil é o problema. Não porque ele fica no facebook mandando recados
de otimismo e disseminando mensagens de justiça, mas porque, muitas vezes, ele
está nas ruas também. A pessoa que fica nas redes sociais fazendo seus apelos
está, sem sombra de dúvidas, estimulando debates e raciocínios em incontáveis
esferas sociais. Chamar de inútil, aquele ser humano que usa da rede para
ensinar, divulgar conhecimento, estimular estudos e propagar mensagens de
cooperação social é ter a atitude de uma pessoa completamente obsoleta. Porém,
ter essa atitude não te transforma em uma variável desnecessária ao
desenvolvimento da humanidade. As definições entre cidadão útil e cidadão inútil
é que podem, talvez, ser inúteis, mas ainda assim servem para algum debate e
crescem o nosso conhecimento de alguma forma.
Do site: https://sphotos-a.xx.fbcdn.net |
Isso você não vai ver na globo, seu
alienado
Nem
na rede globo, nem em nenhuma outra emissora, nem nas revistas, nem nos jornais
e muito menos em sonhos. A mídia mostra o que dá dinheiro e ibope e eu não vou
discordar disso, mas confesso que me incomoda absurdamente ouvir pessoas
dizendo: “se a sua fonte é a globo ou a veja, não posso discutir com você”.
Pra
ser bem sincero, eu quer que a globo, a veja, a carta capital e os defensores
das borboletas do Afeganistão se explodam... er, Afegãos, ignorem essa parte.
É
revoltante ouvir daquelas pessoas que metiam o pau na mídia frases como: “Olha
só, até a rede globo mostra o nosso protesto pacífico”; “Até o jornal mostra os
vândalos são minoria”.
Eu
sei que o protesto é pacífico e que os vândalos são minoria, mas o que vejo é,
na verdade, a mídia falando tudo que o povo quer ouvir para que ele fique feliz
e volte a dormir e sonhar com uma vida bela. E então vivemos a re-alienação das
pessoas, num mundo onde a polícia bate em quem está trabalhando, afinal, os
policiais antes de serem contratados não eram seres humanos inseridos na nossa
sociedade.
Outra
coisa que vejo é o povo achando que a reforma política vai resolver tudo e que
não votar no mesmo picareta é a solução. Voltamos ao problema da PM. O político
também era cidadão antes disso e, o que vemos o tempo todo é um péssimo quadro
social, onde o principal culpado é o povo não político (e menos ainda
politizado).
O
mesmo cara que manifesta ou propaga mensagens anticorrupção na rede é o cara
que passa no sinal vermelho, ultrapassa pelo acostamento, anda devagar na
esquerda, não dá lugar para os mais velhos no ônibus, fura filas, sobre no
ônibus na sua frente te atropelando, não pede licença nem desculpa, trata
empregados como escravos, não agradece ninguém, não dá bom dia e nem boa noite,
dá dinheiro pra guardas e policiais, sonega impostos, manipula informações a
seu favor... Ufa... Ah... Mete o pau na mídia, mas oculta dados; mete o pau no
governo, mas extrapola as verbas de gabinete da empresa, usa o “ticket car” e
pega troco, usa o “vale refeição” e pega troco e uma centena de outras ações
ridículas e desrespeitosas.
Poderia
passar parágrafos e mais parágrafos listando, mas acho que já deu para entender.
É preciso realmente parar para pensar nas suas atitudes, até porque, uma
pequena tentativa de conscientização aparece na mídia o tempo todo.
Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net |
Vencendo o umbiguismo
Por
fim, creio que a reflexão que deve ficar para o ser humano é simples de
compreender, porém muito difícil de praticar.
O ser
social é aquele que interage e responde ao ambiente à sua volta – seja essa
resposta boa ou ruim – e vemos pessoas assim o tempo todo. Mas ser social já é
um pouco mais difícil, afinal é se preocupar com o próximo e pensar sempre no desenvolvimento
da humanidade, é ser sustentável. Sustentabilidade – mesmo que baseada no
orgulho – gera contribuição entre os homens (para os inteligentes, claro).
Portanto, se você não for amável, seja inteligente. Lembre-se de que você pisa
naquele que te sustenta e que pode se voltar contra você a qualquer momento,
como mostraram os manifestos.
Deixo
por aqui a minha observação seguida de uma leve conclusão.
A
revolução intelectual está apenas começando, ou melhor, está prestes a começar.
Tudo que aconteceu até agora serve para que pensemos um pouco nas nossas
atitudes e aprendamos a viver em sociedade. Se fizermos um breve paralelo entre
tudo isso e as novas descobertas dentro da biologia (epigenética) e da física, veremos
que o mundo esta prestes a passar por uma revolução muito séria e importante.
Imagem do site: http://www.netoferreira.com.br |
Descobrimos,
recentemente, que o cérebro é mais importante para o desenvolvimento da
genética do que as proteínas; que a membrana plasmática (responsável pela
ativação de genes) vive em constante comunicação com estímulos eletromagnéticos
do ambiente (nosso cérebro é uma grande fonte deles); que as trilhas cerebrais
não são suficientes para explicar boa parte das doenças mentais e psicológicas
que, na verdade, parecem nem mesmo ter uma causa química ou mecânica.
Vemos,
todos os dias, pessoas superando limitações das próprias enfermidades. Inúmeras
pesquisas (exemplo: Superinteressante – Maio – Ótima matéria sobre depressão
com fontes de Harvard) vêm mostrando que a vontade de melhorar é mais
importante do que os remédios e que ser otimista é uma ótima maneira de
prevenir doenças em vários setores do corpo (mental, renal, vascular,
cardiológica, pulmonar, alergias e etc.). Portanto, use mais os sentimentos
associados à razão do que o pensamento simplesmente sistemático. Compreender as
diversas áreas da ciência da vida é muito importante. Mas saber é pouco, agir é
essencial. Mude-se e você mudará o mundo.