sábado, 6 de julho de 2013

Ser social

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a gente muda, a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude, não há mal que não se mude e nem doença sem cura.
Na mudança de postura, a gente fica mais seguro.
Na mudança do presente, a gente molda o futuro.”
Gabriel, o Pensador

Gabriel, o pensador; imagem do site: http://www.kboing.com.br
Depois dos últimos acontecimentos no nosso país, sinto certa dificuldade em falar sobre ciência. Mas, para tentar manter o propósito do blog e ao mesmo tempo dar minha contribuição política, vou fazer o possível para dar uma visão mais lógica e racional a todos esses manifestos e greves e toda essa insatisfação que – convenhamos – é o pão de cada dia do brasileiro há um bom tempo.
O manifesto dos estudantes em São Paulo parece ter aberto os olhos de todos os brasileiros. Desde o primeiro movimento, grandes debates se iniciaram pelo país e muita gente abraçou a causa como se abraça a um filho que acaba de nascer. Foi realmente muito belo ver tudo isso e fico muito feliz de ter visto algo assim acontecer. Mas, infelizmente, minha felicidade não acompanha a minha satisfação com a mentalidade do povo brasileiro. Minha alegria não diz respeito sequer aos movimentos por completo.
Sinto-me realizado por ter visto como funciona a cabeça do homem idealista e do homem umbiguista, podendo finalmente me preparar para uma revolução mental (que, com toda a certeza, ainda não aconteceu) e aprendendo tirar lições do que deverei fazer no futuro para ajudar a humanidade a se desenvolver e se desprender das amarras do egoísmo e da parcialidade.

Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Cidadão útil X Cidadão inútil
O debate mais quente (que mais interessou à população) que pude observar foi do cidadão útil (manifestante) contra o cidadão inútil (revolucionário do facebook). As definições eram muito simplórias: o cara que vai pras ruas está mudando o país; já o cara que tá no facebook, acha que está fazendo algo, mas ele é um alienado.
Vamos primeiro cortar toda essa baboseira, afinal, a maior parte das pessoas que aderiram às manifestações foram os usuários das redes sociais que, sem essa ferramenta, jamais teriam tomado conhecimento do que realmente estava acontecendo.
Não fui a nenhum protesto, mas acompanhei tudo pelos twitters dos próprios manifestantes, pelas postagens no facebook (exatamente, sou o cidadão inútil) e pelo que pude ver do alto de um prédio que me proporcionou ótima visibilidade de boa parte do que estava acontecendo longe das esferas dos radicais da classe A (só na cidade em que eu moro).
Útil – adjetivo. Que pode ter algum uso ou serventia; proveitoso; vantajoso; dia – dia de trabalho (Plural: úteis).
Definido isso, vamos falar do cidadão útil. Aquele cara que está realmente preocupado com o futuro do seu país e vai para as ruas com cartazes, interrompe o tráfego e mostra que ele acordou (ou sempre esteve acordado) para os problemas do seu país. Esse cara é útil, creio que não há dúvidas disso. Não é nessa definição que vejo problema.
O cidadão inútil é o problema. Não porque ele fica no facebook mandando recados de otimismo e disseminando mensagens de justiça, mas porque, muitas vezes, ele está nas ruas também. A pessoa que fica nas redes sociais fazendo seus apelos está, sem sombra de dúvidas, estimulando debates e raciocínios em incontáveis esferas sociais. Chamar de inútil, aquele ser humano que usa da rede para ensinar, divulgar conhecimento, estimular estudos e propagar mensagens de cooperação social é ter a atitude de uma pessoa completamente obsoleta. Porém, ter essa atitude não te transforma em uma variável desnecessária ao desenvolvimento da humanidade. As definições entre cidadão útil e cidadão inútil é que podem, talvez, ser inúteis, mas ainda assim servem para algum debate e crescem o nosso conhecimento de alguma forma.
Do site: https://sphotos-a.xx.fbcdn.net
Isso você não vai ver na globo, seu alienado
Nem na rede globo, nem em nenhuma outra emissora, nem nas revistas, nem nos jornais e muito menos em sonhos. A mídia mostra o que dá dinheiro e ibope e eu não vou discordar disso, mas confesso que me incomoda absurdamente ouvir pessoas dizendo: “se a sua fonte é a globo ou a veja, não posso discutir com você”.
Pra ser bem sincero, eu quer que a globo, a veja, a carta capital e os defensores das borboletas do Afeganistão se explodam... er, Afegãos, ignorem essa parte.
É revoltante ouvir daquelas pessoas que metiam o pau na mídia frases como: “Olha só, até a rede globo mostra o nosso protesto pacífico”; “Até o jornal mostra os vândalos são minoria”.
Eu sei que o protesto é pacífico e que os vândalos são minoria, mas o que vejo é, na verdade, a mídia falando tudo que o povo quer ouvir para que ele fique feliz e volte a dormir e sonhar com uma vida bela. E então vivemos a re-alienação das pessoas, num mundo onde a polícia bate em quem está trabalhando, afinal, os policiais antes de serem contratados não eram seres humanos inseridos na nossa sociedade.
Outra coisa que vejo é o povo achando que a reforma política vai resolver tudo e que não votar no mesmo picareta é a solução. Voltamos ao problema da PM. O político também era cidadão antes disso e, o que vemos o tempo todo é um péssimo quadro social, onde o principal culpado é o povo não político (e menos ainda politizado).
O mesmo cara que manifesta ou propaga mensagens anticorrupção na rede é o cara que passa no sinal vermelho, ultrapassa pelo acostamento, anda devagar na esquerda, não dá lugar para os mais velhos no ônibus, fura filas, sobre no ônibus na sua frente te atropelando, não pede licença nem desculpa, trata empregados como escravos, não agradece ninguém, não dá bom dia e nem boa noite, dá dinheiro pra guardas e policiais, sonega impostos, manipula informações a seu favor... Ufa... Ah... Mete o pau na mídia, mas oculta dados; mete o pau no governo, mas extrapola as verbas de gabinete da empresa, usa o “ticket car” e pega troco, usa o “vale refeição” e pega troco e uma centena de outras ações ridículas e desrespeitosas.
Poderia passar parágrafos e mais parágrafos listando, mas acho que já deu para entender. É preciso realmente parar para pensar nas suas atitudes, até porque, uma pequena tentativa de conscientização aparece na mídia o tempo todo.
Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Vencendo o umbiguismo
Por fim, creio que a reflexão que deve ficar para o ser humano é simples de compreender, porém muito difícil de praticar.
O ser social é aquele que interage e responde ao ambiente à sua volta – seja essa resposta boa ou ruim – e vemos pessoas assim o tempo todo. Mas ser social já é um pouco mais difícil, afinal é se preocupar com o próximo e pensar sempre no desenvolvimento da humanidade, é ser sustentável. Sustentabilidade – mesmo que baseada no orgulho – gera contribuição entre os homens (para os inteligentes, claro). Portanto, se você não for amável, seja inteligente. Lembre-se de que você pisa naquele que te sustenta e que pode se voltar contra você a qualquer momento, como mostraram os manifestos.
Deixo por aqui a minha observação seguida de uma leve conclusão.
A revolução intelectual está apenas começando, ou melhor, está prestes a começar. Tudo que aconteceu até agora serve para que pensemos um pouco nas nossas atitudes e aprendamos a viver em sociedade. Se fizermos um breve paralelo entre tudo isso e as novas descobertas dentro da biologia (epigenética) e da física, veremos que o mundo esta prestes a passar por uma revolução muito séria e importante.

Imagem do site: http://www.netoferreira.com.br
Descobrimos, recentemente, que o cérebro é mais importante para o desenvolvimento da genética do que as proteínas; que a membrana plasmática (responsável pela ativação de genes) vive em constante comunicação com estímulos eletromagnéticos do ambiente (nosso cérebro é uma grande fonte deles); que as trilhas cerebrais não são suficientes para explicar boa parte das doenças mentais e psicológicas que, na verdade, parecem nem mesmo ter uma causa química ou mecânica.

Vemos, todos os dias, pessoas superando limitações das próprias enfermidades. Inúmeras pesquisas (exemplo: Superinteressante – Maio – Ótima matéria sobre depressão com fontes de Harvard) vêm mostrando que a vontade de melhorar é mais importante do que os remédios e que ser otimista é uma ótima maneira de prevenir doenças em vários setores do corpo (mental, renal, vascular, cardiológica, pulmonar, alergias e etc.). Portanto, use mais os sentimentos associados à razão do que o pensamento simplesmente sistemático. Compreender as diversas áreas da ciência da vida é muito importante. Mas saber é pouco, agir é essencial. Mude-se e você mudará o mundo.