segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Richard Dawkins, um biólogo que não foi abortado

Talvez muitos não saibam o que divulgou recentemente o biólogo Richard Dawkins. Primeiro, porque fora do país, o absurdo por ele incentivado é visto como algo positivo para a democracia; e não há muita discussão sobre o conceito de democracia além do próprio ego. Segundo, porque os amantes do Dawkins são, geralmente (não sempre), torcedores de uma opinião, que sentem a certeza de que estão sempre corretos e ignoram qualquer contra argumentação forte ou consequência negativa do seu raciocínio fechado, pregando para a humanidade a religião (crença, com C maiúsculo) dawkinista.

Richard Dawkins, biólogo, queniano; http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/Richard_Dawkins_Cooper_Union_Shankbone.jpg
O que fez este magnífico “cientista”? Deu uma resposta a uma moça que dizia ter dúvidas sobre sua atitude caso ficasse grávida de um feto com síndrome de Down. “Aborte e tente de novo”, tuitou Dawkins. “É imoral trazer isso ao mundo se você tiver escolha”.
Assim, simples, é abortar e pronto. Tirar essa anomalia da sociedade, ser moral e ético. Parece-nos, portanto, que Dawkins entende muito de biologia e pouco de ética. Mas antes de criticar sua visão, vou expor suas próprias explicações: “São fetos diagnosticados com a doença antes de terem sentimentos”; “Há um lugar para emoções e esse (debate) não é um deles”; “Um feto, sem um sistema nervoso desenvolvido, não tem (direitos na sociedade)”.
Explicitadas suas defesas, supostamente baseadas em lógica científica – pois é isso que ele diz – vamos falar na real ciência. Sejamos, neste momento, todos ateus como Dawkins. Fica muito mais fácil perceber a falta de coerência dos seus próprios argumentos.
Os fetos não têm sentimentos. Sim, podemos afirmar isso, segundo os conhecimentos da nossa biologia. Mas lembrando, é claro, que até menos de seis meses atrás, achávamos que animais não tinham consciência. Acontece que em pesquisa realizada pelo neurocientista Philip Low, em parceria com o físico Stephen Hawking, foi descoberto que a consciência existe em todos os mamíferos e todas as aves. Logo, nossos conceitos de consciência e, por consequência, sentimentos devem ser rediscutidos. De qualquer forma, como sua justificativa reside no fato de o sistema nervoso não ter se formado, podemos toma-la como correta. Há, portanto, apenas um raciocínio a ser feito. O que é a vida e quais são seus objetivos?

Philip Low, neurocientista; http://veja.abril.com.br/assets/images/2012/7/86167/philip-low-original.jpg
Um conceito muito bem aceito sobre a vida e seu objetivo foi explanado pelo físico Marcelo Gleiser. Ele disse que o objetivo da vida não é ser inteligente, é sobreviver. A luta pela sobrevivência pode ser observada nas bactérias, nos protozoários, nos fungos e em qualquer forma de vida suficientemente primitiva. Até as plantas se mantém presas à terra, com muita força, através das ramificações de suas raízes – para conseguirem captar o máximo de nutrientes e para não serem arrancadas pela base com facilidade – podendo as folhas renascerem após terem sido arrancadas, ato que não pode ser realizado pelos animais, nem pelos fetos.
Adquirido pela evolução dos mamíferos, um dos mecanismos de defesa do ser humano reside no útero feminino. O líquido amniótico protege a vida de sons e impactos desde a sua fixação na parede uterina. Portanto, biologicamente, seja este ser uma “aberração” para Dawkins ou não, devemos respeitar a vida e seu objetivo principal e que fez a evolução fluir até a existência do homem, a sobrevivência.
Esse (debate) não é lugar para emoções. Mesmo que esse argumento seja puramente baseado na opinião dele e não na ciência e na lógica, acho que podemos discuti-lo tranquilamente dentro dos conceitos científicos atuais. Emoções são nada mais que memórias. Nosso cérebro “decora” o que foi provocado por um estímulo externo. Quando uma situação parecida com essa “decorada” nos surpreende, ativamos partes do nosso cérebro relativas àquele passado. Foi o que mostrou um estudo recente feito com camundongos. Foi descoberto que os neurônios produzidos pelo cérebro ao longo da vida (neurônios novos, produzidos depois da formação cerebral) são responsáveis pela diferenciação de situações. Quando não os temos ou produzimos poucos deles, temos dificuldade em diferenciar situações, deixando que o nosso cérebro “lembre” de outras parecidas que podem nos causar qualquer sentimento relacionado às tais. Portanto, quando nosso corpo lembra-se de uma situação que ocorreu e liberou certos hormônios no corpo, ele próprio faz o mesmo e então sentimos algo (prazer, medo, raiva e etc.). Por mais incompleta que seja a explicação, é a que aceitamos hoje.
Dessa explicação então podemos filosofar o seguinte: sendo emoções simples reflexos do nosso corpo, e decididas pelo nosso cérebro sem a nossa ação consciente, todo debate e todo momento é lugar para emoções. A própria ação fria de Dawkins é uma emoção que, por ser vista como positiva pela sociedade, é chamada de (ou, eu diria, confundida com) razão. Mas isso não é um exemplo de uso da razão. Usar a razão é pesar argumentos e encontrar uma resposta para algo. Resposta essa que deve ser a correta dentro de qualquer sistema lógico (LÓGICO, ou seja, baseado em raciocínio e em certo conhecimento já adquirido pela humanidade).
Independente de tudo isso, a conclusão que tiro é que não faz sentido falar em emoção. Ela é apenas uma ilusão da nossa memória e uma descarga de neuropeptídios que produzem reações no corpo. Se essa emoção altera nossa maneira de pensar e estraga nosso raciocínio por pura propagação de ação corporal, ninguém teria direito de falar sobre nada, afinal, emoções estão presentes em nossa vida o tempo todo.

Feto humano; http://cb24.tv/wp-content/uploads/2013/08/fetohumano-300x255.jpg
Um feto sem sistema nervoso desenvolvido não tem direitos sociais. Bom, direitos sociais, como manda a cultura mundial, baseados nas mentes pensantes da nossa história, talvez não. Nosso ego não permitiria a perda de tempo com seres não pensantes. Partir desse pressuposto tira o tema direito da lista de um debate sobre o assunto, porém, lembramos que a existência do direito tem alguns objetivos básicos, entre eles: a boa convivência social e a segurança da raça humana. Ora, aborto é totalmente contrário à sobrevivência da raça humana.
Mesmo que o aborto nesse caso seja relacionado ao feto com síndrome de Down, nós devemos manter em mente que qualquer mutação genética faz parte da evolução da humanidade. Depois de nascido, um ser humano com síndrome de Down, continua sendo um ser humano, tão perfeito quanto qualquer outro. Sua capacidade de sobreviver existe (reforçando o primeiro argumento), sua capacidade de produzir e aprimorar a própria inteligência também existe (confirmando argumentos mais filosóficos). Não há a menor diferença entre um ser humano com e sem a síndrome de Down, a não ser a intensidade de certas capacidades. Porém, intensidade de capacidades não está no debate em questão. Se colocarmos isso em debate, surgirá a pergunta: os vários seres vivos, com capacidades ligeiramente menores de produzir ou realizar algo, poderiam ser abortados?
Agora vamos deixar o gênio do Dawkins de lado para falarmos sobre o assunto com mais seriedade.
Um ser humano com síndrome de Down, geralmente, é mais dependente de outros à volta para realizar tarefas e desenvolver o intelecto; uma criança sem a mutação costuma desenvolver suas capacidades intelectuais de maneira mais rápida. Mesmo que esse paradigma de pensamento esteja sendo quebrado por novos desenvolvimentos na psicologia e na pedagogia, que conseguem aperfeiçoar o ensino adaptando-o ao modo de compreensão dessas pessoas, ainda existe a dificuldade por parte das famílias ao longo da formação deles. E é isso que prova a importância, mais uma vez, do altruísmo na evolução da humanidade. Lutar pela sobrevivência não significa matar pela sobrevivência. Melhorar a qualidade de vida do ser humano e aumentar a longevidade da espécie é uma maneira de lutar pela sobrevivência.

http://onlyagame.typepad.com/.a/6a00d83452030269e2010536b949d1970c-800wi
Os estudos para melhorar a qualidade de vida de pessoas em diferentes condições nos levam, constantemente, a descobertas no campo da ciência que impulsionam ainda mais a melhora na qualidade de vida das mesmas pessoas. Esse ciclo racional permite a cura de muitas síndromes e muitas anomalias (é importante fazer a distinção entre síndrome e anomalia).
Quanto à vida natural do ser humano, livre de raciocínios e análises científicas, a convivência entre pessoas diferentes (diferenças étnicas, culturais, filosóficas, sociais, genéticas, físicas, mentais, etc.) é importante para o desenvolvimento moral do ser humano. É importante para o desenvolvimento intelectual do ser humano. É importante para a nossa organização social global. É, definitivamente, importante para a nossa vida como um todo.
Dawkins, por acaso, não foi abortado. Einstein, Newton, Laplace, Fourier, Hawking, Neil DeGrasse e outros cientistas poderiam ter sido abortados se seu nascimento fosse considerado uma ameaça à evolução da humanidade. Como fez Hitler, ao decidir matar os judeus, por achar que a raça ariana era a evolução da raça humana. Raciocinando como Dawkins, Hitler poderia dizer que seria imoral, tendo a escolha, permitir o nascimento de uma criança de outra raça. Nesse contexto, Richard Dawkins, com sua pele branca e seus olhos cor de mel, não seria abortado nem assassinado? Ou seria por ser queniano?
Dawkins não foi abortado e por isso consegue contaminar o mundo com certos discursos absurdos. Por que absurdos? Bom, nunca vi – e nem ouvi falar de  um ser humano com síndrome de Down fazendo mal a alguém. Se, de fato, eles podem fazer mal a alguém, me parece que escolhem, na maioria dos casos, não fazê-lo. Talvez eles sejam a evolução da humanidade. Richard Dawkins, o biólogo que não foi abortado, poderia aprender com o método científico a observar primeiro, filosofar e teorizar depois e, por último, orientar as ações das pessoas, o que ele decididamente não fez, visto que a ciência ainda está descobrindo todos os atributos de um corpo com síndrome de Down.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Enigma da Mente e a Conservação de Energia

A vida é um mistério em todos os aspectos. Mesmo conhecendo perfeitamente as leis científicas da reprodução animal e vegetal – biológicas, derivadas, naturalmente, da física e da química – e como definitivamente evoluiu a vida na Terra, ainda existem processos inexplicáveis pelo nosso conhecimento. Claro que é sempre complicado falar em lacunas e fatos inexplicáveis, pois sabemos que o conhecimento científico demanda tempo para evoluir. Mas a minha intenção não é, obviamente, questionar o conhecimento humano ou menosprezá-lo.
Durante o longo tempo que fiquei sem atualizar este blog, estudei a fundo diversos temas que sentia necessidade de aprofundar, como genética e epigenética, nutrição, processamento cerebral, inteligência artificial e psicologia cognitiva. Quanto mais entrava a fundo nesses temas, mais me era exigido do meu conhecimento físico, filosófico e, porque não, espiritual? Talvez falar em “conhecimento espiritual” seja um abuso para uma página que foca a ciência acima de tudo, mas me pergunto o porquê disso todos os dias.
A ciência, por definição, deve zelar pelo conhecimento e desvendar as origens da humanidade e do universo. Bom, tais origens se mantêm escondidas até hoje.
Muitas sociedades postularam deuses para explicar aquilo que não tinham capacidade de compreender, o que perdurou na filosofia durante muitos anos, impregnando nosso conhecimento e retardando o desenvolvimento da ciência. Porém isso não significa, de maneira nenhuma, que qualquer cultura dessas esteve errada em suas predições. Significa apenas que, acomodadas, as grandes civilizações através dos séculos não se preocuparam em estudar os fenômenos geofísicos e biológicos observáveis.

Do site: http://eternosaprendizes.com
Recentemente, na astronomia, houve um postulado: a existência da energia escura. A energia escura compõe a parte do universo que explicaria a quantidade de massa (energia) necessária para que o universo se manifeste da maneira que observamos. Nunca foi detectada direta ou indiretamente, mas sua existência é aceita na ciência tanto quanto os conceitos eletromagnéticos e as partículas associadas, os quais foram substancialmente testados, detectados e comprovados. Pergunto-me novamente qual o problema do postulado da existência de Deus, se muitas culturas não O usam como explicação para aquilo que não conhecem, mas apenas acreditam na existência de uma inteligência superior a tudo que conhecemos e que tenha “projetado” o universo.
Vejo largas críticas às filosofias deístas que atacam grosseiramente a imagem humana de Deus. Ora, naturalmente, as culturas às quais me refiro repudiam fortemente essa imagem também. São culturas amplamente espiritualistas que pregam a existência de corpos além do material, corpos que seriam responsáveis pela nossa inteligência e consciência. Segundo os grandes sábios do passado, esses corpos seriam a essência do ser humano, a inteligência e a individualidade. Dado isso, o cérebro e o corpo humano num geral são apenas máquinas, a interface entre o verdadeiro Eu e o mundo material. Seria possível falar cientificamente sobre essas hipóteses?
Há alguns anos, os físicos L. Bass e Fred Alan Wolf,
“observaram que para que a inteligência possa operar, o acionamento de um neurônio tem que ser acompanhado de numerosos neurônios correlatos, a distâncias macroscópicas – até 10 cm, que é a largura do tecido cortical. Para que isso aconteça, observa Wolf, precisamos que correlações não-locais (à maneira de Einstein, Podolsky e Rosen, claro)1 existam no nível molecular de nosso cérebro, nas sinapses. Dessa maneira, até o pensamento comum depende da natureza de eventos quânticos.”2

Fred Alan Wolf, Ph.D, palestrou no TEDx, escreveu diversos livros de divulgação científica e filosofias , como "Parallel Universes", "The Yoga of Time Travel" e criou os quadrinhos "Doctor Quantum". Do site: http://elkarneclausen.files.wordpress.com
Para que a não-localidade esteja presente no processamento cerebral, as causas das ativações dos neurônios relacionados devem estar entrelaçadas. E, como essa propriedade só se manifesta na escala quântica, esta causa é quântica. Isso significa que o controle da inteligência humana tem sua origem na escala sub-atômica (elétrons, prótons, quarks, etc). Acontece que, até onde a física pôde investigar, elétrons e prótons não possuem informação codificada.
A transferência de informação na eletrônica se dá através de elétrons, claro, mas como essa comunicação se opera? Utilizamos o sistema binário em toda a tecnologia, ou seja, codificação em 0 ou 1 (0 volts ou 5 volts, geralmente). Então, essa tensão gerada produz correntes de acordo com os elementos do sistema, o que engloba um sem número de elétrons transferidos para cada pulso de tensão. A informação, portanto, é codificada como existência ou ausência de tensão, não havendo, dessa maneira, necessidade de se usar este ou aquele elétron. As propriedades das partículas não se alteram em todo o universo, só podemos alterar sua energia (números quânticos principais e secundários), sua posição e seu spin.
Então onde estaria armazenada a informação que permite ao cérebro entrelaçar partículas e definir quando os estímulos acontecerão? Devem, naturalmente, existir em um organismo mais complexo. Fazendo um paralelo com a eletrônica, deve haver um software que defina como o hardware operará. No ramo tecnológico, o software está gravado nas memórias físicas, definindo como outras partes físicas operarão para que diferentes softwares possam ser acessados. Ou seja, o software é uma programação mecânica que age sobre a própria essência, o hardware. Quem opera inteligentemente uma máquina é nada mais que um ser humano, o que nos leva a atualizar a relação hierárquica que definimos entre programa e dispositivo eletrônico físico.
O que acontece, de fato, ao digitarmos um texto como este, é que decidimos quais trilhas semicondutoras receberão o estímulo “um” e quais permanecerão no “zero”. A fonte de energia do computador mantém latentes as possibilidades de estímulos e nós, quando fechamos um contato – a partir de uma tecla, por exemplo – decidimos o fluxo de energia.  É aí que entram os diversos corpos metafísicos postulados por sábios há milênios em diversas culturas.

Do site: http://reportersombra.com
Espiritualistas dizem que há um espírito em cada ser. Na verdade, que cada ser é um espirito que recebe a dádiva da vida material, um corpo, com o intuito de desenvolver sua mente, sua essência, e voar cada vez mais alto numa escala espiritual, aparentemente em outras dimensões do espaço físico. Tudo parece uma linda história de ficção e, na opinião de muitos, não passa de superstição religiosa. Porém, nos últimos anos, a ciência vem se enchendo de grandes nomes que apoiam as teorias metafísicas, comumente apelidadas de pseudociência.
Um dos grandes argumentos que ataca essas teorias é baseado no princípio da conservação de energia3. Como se sabe, toda energia inserida em um sistema deve ser dissipada, transformada ou transferida, mas nenhuma parcela dessa energia pode desaparecer ou ser criada. Esse postulado da física foi comprovado em 100% dos experimentos desde o início da ciência metódica e ganhou muita força a partir da teoria da relatividade geral de Einstein principalmente, por ter sido explicado de maneira mais pura e bem elaborada.
Os que atacam afirmam que, se houvesse qualquer interação entre espírito e matéria, poderíamos captar a energia que flui de um ponto a outro do sistema. Essa concordância seria, definitivamente, irrefutável se houvesse apenas a maneira “energética” de comunicar dois corpos. O que quero expor com esse comentário? Com certeza, não estou desafiando o princípio da conservação. Se voltarmos à analogia da interação operador-computador, poderemos explicar melhor as possibilidades.

Do site: http://desperteconsciente.blogspot.com.br/

Quando apertamos a tecla do nosso laptop e fechamos dois contatos – definindo o caminho por onde o pulso de tensão será transmitido – não inserimos energia extra no sistema eletrônico. Dissipamos, é claro, energia térmica e sonora, através do choque das partes móveis, que foram deslocadas pela energia mecânica transmitida de nossos dedos. Porém, essa energia não é captada pelo computador e é suficientemente pequena para não ser detectada. Portanto, se qualquer sistema atua em nosso cérebro com o papel de “fechar contatos” (em alguma parte que ainda não conhecemos), ativando um neurônio, não perceberemos qualquer fluxo energético. Nesse suposto caso, a fonte de energia se encontra dentro das células, é produção própria através de “alimentos” captados do corpo humano, faltando apenas um gatilho para o início de uma operação.
As hipóteses metafísicas, se unidas às teorias físicas, abrem espaço para a dedução de um Deus onipresente. Se partículas subatômicas podem estar entrelaçadas e atuarem de maneira definitiva na nossa consciência, porque não poderia o universo ter uma consciência também? Se a consciência for uma propriedade de algo além das partículas, nada impede que organismos muito mais complexos exibam qualquer inteligência, naturalmente, superior à nossa.
Concluindo então a nossa analogia, temos o hardware como cérebro, o software como sistemas corporais mecanizados e o homem que opera a máquina como o espírito, o que decide e dá vida e inteligência à matéria. Como diz Goswami em seu livro O universo autoconsciente, a famosa frase de Descartes – penso, logo existo – pode ser alterada para: escolho, logo existo.



Notas:
1 Paradoxo EPR (Einstein, Podolsky e Rosen). Estas três mentes brilhantes questionaram a mecânica quântica desde a sua concepção por acharem impossível que uma partícula pudesse se comunicar com outra instantaneamente. Duvidaram de muitos conceitos dessa nova ciência e lutaram fortemente contra eles. Vale apena pesquisar o tema.
2 Goswami, Amit – O universo autoconsciente. Sugiro a busca pelos trabalho pessoais de Wolf e Bass.

3 Conservação de energia é, talvez, a maior teoria da física. Totalmente comprovada, a ideia garante que não há criação ou desaparecimento de energia em todo o universo. Isto é, toda a matéria e energia foram criadas no início do universo e nada desde então se perde. Todos os sistemas são energeticamente conservativos, de modo que toda energia que é inserida no sistema deve, com toda a certeza, aparecer como reflexos em outros pontos do mesmo sistema.