quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pseudociência

Quem participou de qualquer tipo de debate sobre as novas teorias da ciência ultimamente, com certeza, já ouviu o termo pseudociência. Há alguns anos, com o surgimento da física quântica, inúmeras crenças passaram a justificar seus dogmas a partir da incerteza trazida pela teoria e pelo funcionamento aparentemente sobrenatural do mundo subatômico. Em meio a essas justificativas, mais e mais céticos passaram a criticar todas as supostas teorias e o termo em discussão ganhou bastante força. Mas, a realidade é uma só, portanto, precisamos saber diferenciar o que estamos vendo do que gostaríamos de ver.
Antes de prosseguir, vamos ao significado de pseudociência.
Pseudo (falsa) – Ciência:
1)     É qualquer informação passada que se diz baseada na ciência, porém, que não deriva de nenhum método científico ou aplicação de teoria científica válida.
2)     Teoria que é tida como científica, mas que não tem embasamento científico real.
Apesar de serem definições bem simplificadas, são úteis para a discussão do tema, afinal, o próprio termo não deixa dúvidas a respeito do que realmente significa.
Partindo apenas da definição de pseudociência, já podemos ter uma leve ideia de como identificar essas falsas teorias, mas, o meu objetivo aqui não é ensinar a identificá-las e sim examinar o próprio termo que tem sido absurdamente mal empregado nos tempos mais recentes.
Do site: http://astropt.org/blog
Quando um livro de divulgação científica com teor técnico muito avançado é lançado, é incrível a quantidade de falsas interpretações que são divulgadas pelas redes sociais ou pelos próprios meios de comunicação mais comuns, como jornais e revistas. Essas interpretações, mesmo que erradas, devem ser discutidas. É assim que construímos conhecimento no mundo. Debatemos as interpretações que são lançadas por aí e vamos moldando nossos conceitos.
Não é muito diferente no meio científico. O que difere, levemente, é que os debates acontecem – na grande maioria – em conferências e seus argumentos têm forte embasamento científico e filosófico. Infelizmente, nos debates informais, a falta de informação predomina e, o desconhecimento da ciência básica faz com que as discussões percam todo o seu sentido e virem uma guerra entre certo e errado.
Comecei a pensar bastante sobre esse tema ultimamente, e vou explicar o porquê antes de entrar de fato no que quero defender. Tenho observado muitos debates em redes sociais e assistido a muitos vídeos sobre a origem do universo e da vida. Vejo, nessas situações, o termo pseudociência sendo utilizado o tempo todo e, na grande maioria das vezes, o termo não se encaixa no que está sendo contestado. Como os assuntos onde o termo aparece derivam, geralmente, de ciências exatas e biológicas, fui procurar saber quem eram as pessoas que estavam fazendo aquelas críticas de maneira tão segura e o que encontrei foi triste, porém compreensível. Essas pessoas, na esmagadora maioria das vezes, não tinham formação científica nem formação em áreas que trabalham com ciências exatas ou biológicas. Isso não significa que elas não têm o direito de discutir, claro, mas que elas devem, no mínimo, ter conhecimento básico para saber embasar suas ideias. A falta de conhecimento ficava obvia quando se citava alguma teoria básica da física ou da matemática e as pessoas nem sequer sabiam do que se tratava, por exemplo.
Do site: http://ahduvido.com.br


Ciência ou Pseudociência?

A astronomia – há poucos anos – se encontrava num beco sem saída. Após décadas de descobertas marcantes, não se sabia muito bem para onde a física estava levando o conhecimento sobre o universo. Os métodos matemáticos que resolviam problemas antes passaram a discordar das observações. Foi aí que grandes mentes tiveram de ser ousadas e em pouco tempo houve uma grande reformulação na forma como observávamos o universo. Foram postuladas a matéria escura e a energia escura.
Os efeitos visuais da matéria escura já foram observados, porém, a energia escura permanece difícil de compreender e detectar. Sabemos da existência da energia escura pelo simples fato de ela explicar, segundo a relatividade geral, o porquê de as galáxias girarem da forma que giram e o motivo de o universo manter uma expansão acelerada, mas ainda não passa de teoria, porém, aceita por todos (ou quase todos) os cientistas.
Não foi a primeira vez que algo assim aconteceu na história da ciência. Só no ramo da física, inúmeras partículas e campos foram postulados para explicar coisas que não podíamos compreender ou quando alguma observação não condizia com o conhecimento mais antigo. A parte mais interessante de tudo isso é que, com o passar do tempo, a maioria dos postulados foram comprovados. Imaginem então se os cientistas – como Higgs, Eisntein, Planck, Hawking, Schrödinger, Dirac, Newton, Weinberg, entre outros – não tivessem a coragem de dizer que algo deveria existir ali e atuar segundo certa lei matemática. Estaria a física parada no tempo?
Roger Penrose, matemático; http://www.math.uga.edu/seminars_conferences/penrose.jpg
O termo pseudociência é utilizado constantemente para invalidar certas teorias que tenham aparência religiosa. Digo aparência porque não são derivadas de chefes religiosos ou grupos religiosos. Essas teorias são criações de cientistas que tem ou não religião, como Lamaître – que era padre – e Goswami, Hammeroff ou Penrose – que tem suas crenças independentes de qualquer dogma. Devo dizer mais uma vez que, até hoje, em todos os casos desse tipo que pude analisar, o termo não era minimamente aplicável à teoria criticada.
Algumas teorias místicas, como os mais céticos adoram chamar, são baseadas em leis deterministas da física e derivam da real ciência, logo não podem ser chamadas de pseudociência. O fato de certas teorias não terem comprovação científica, não significa que são inválidas ou menos importantes. Assim como a energia escura foi postulada e assim permanece até hoje, a existência da consciência extracorpórea também é um postulado que condiz com todas as teorias físicas e biológicas conhecidas. Não só é razoavelmente baseada na ciência, como explica além do que a ciência pode explicar atualmente e nenhum experimento realizado na área da saúde, por exemplo, conseguiu diminuir sua importância. Então, porque chamar de pseudociência? Quem faz a pseudociência? Qual a diferença de importância entre postular a consciência e postular a energia escura?
Dentre os trabalhos que vi totalmente pré-julgados, os que mais me chamaram a atenção foram os de Andrew Newberg (sobre meditação e oração) e os de Sérgio Felipe de Oliveiria (que constrói um modelo de interação entre espírito e corpo). Chamaram-me a atenção por motivos razoáveis. Os trabalhos de Newberg são baseados em neuroimagens, o que já deveria ser suficiente para suspender as críticas, mas pessoas que são impulsionadas exclusivamente por suas opiniões e crenças não admitem mudanças no pensamento científico.
Já o trabalho do Dr. Sérgio é mais especulativo, porém, baseado na teoria de campos eletromagnéticos. Foi descoberto por ele que, a glândula pineal (órgão do cérebro humano) possui cristais de apatita, que são materiais diamagnéticos. Esses cristais, portanto, refletem e absorvem ondas eletromagnéticas sem que estas penetrem os seus interiores. Materiais diamagnéticos interagem com campos magnéticos com extrema facilidade e, portanto, as teorias do Dr. Sérgio podem ser facilmente compreendidas pela física e pela biologia.
Não vou me alongar nas teorias, afinal, não é esse o meu objetivo. Vamos à real pseudociência.
Andrew Newberg, neurocientista; http://puthu.thinnai.com/wp-content/uploads/2012/04/dr-andrew-newberg.jpg


A Verdadeira Pseudociência

Constantemente é dito que a física é e deve ser puramente materialista. Sim, essa é a sua definição inicial, sua etimologia. Porém, a física trata de energias, que tem um mecanismo peculiar e complexo e, muitas vezes, ainda desconhecido, como no caso da conversão entre matéria e energia ou a própria energia escura. Então, como podemos definir algo que não conhecemos e não aceitar alterações ao longo dos nossos estudos? Essa é a real pseudociência.
Pseudociência é a falsa ciência. Ora, negar postulados e teorias por pura crença é defender a falsa ciência. A ciência de verdade não tem preconceitos, apenas pede, para comprovação de teorias, a observação daqueles fenômenos. Mas, sabemos que a relatividade, por exemplo, funciona. Sua matemática rege com perfeição o macrocosmo, mas o tecido espaço-temporal nunca foi detectado. O bóson de Higgs, até o ano passado, era puramente teoria matemática. A dualidade onda-partícula ainda não foi completamente desvendada, mas estudos recentes mostraram que o sistema é onda ou partícula de acordo com a conveniência para ele, ou seja, escolhe a configuração que favorece seu deslocamento.
No livro O Fim das Certezas, Ilya Prigogine – nobel de química – mostra uma nova visão do universo, onde a estatística tem papel muito importante no desenvolvimento da história humana. Prigogine demonstra, matematicamente, que a quebra da simetria temporal ocorre naturalmente no universo e que a probabilidade não deriva apenas da mecânica quântica, mas da mecânica clássica também, quando escolhemos grandes quantidades para analisar. Deste trabalho, podemos tirar inúmeras conclusões. Basta compararmos com o nosso cérebro, que é um sistema de incontáveis variáveis e logo pensaremos em livre arbítrio dentro das probabilidades apoiadas pela própria física. Ou seja, sendo material ou não, a possibilidade de termos real livre arbítrio também não é pseudociência nem precisa estar no campo da metafísica. Daí muitos cientistas defenderem a teoria da livre escolha.
Como disse Friedrich Nietzsche, “e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”. Essa declaração resume bem o pensamento comum da humanidade. As pessoas se baseiam, constantemente, em suas certezas que não tem menor fundamento lógico ou científico/filosófico e tentam convencer que o mundo é aquilo que elas querem ver.


O paradigma preconceituoso
Peter Higgs, físico que postulou o bóson de higgs; http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/02280/PeterHiggs_2280647b.jpg

Criou-se um preconceito de que a ciência que apoia a religião não é ciência de verdade, mas que qualquer teoria materialista é coerente e inteligente. Bom, mesmo os grandes cientistas da atualidade não costumam usar o termo pseudociência. Eles não usam esse termo e nem propagam esses preconceitos pelo simples fato de a ciência de verdade não ter desenvolvimento suficiente para definir respostas às questões mais complexas da vida e do universo.
A biologia não sabe de onde viemos. A física não sabe para onde vamos. A química não sabe por que estamos aqui. A psicologia não sabe o que somos. Enfim, as perguntas feitas no início da vida na Terra ainda não foram respondidas e assim continuarão por um longo período de tempo. Mas o ceticismo não pode atrasar o desenvolvimento da ciência como fez no passado, por isso é bom que nos mantenhamos sempre informados e pensemos muito bem antes de afirmarmos alguma coisa.
Por fim, quero lembrar que é bom sabermos diferenciar motivo de observação. Por exemplo, os hormônios do corpo e sua relação com nossos sentimentos formam uma observação, não um motivo, ou seja, os hormônios não são o porquê dos nossos sentimentos existirem. Os corpos adquirem aceleração a partir de uma força; isso é um motivo, que, em algum momento, já foi uma observação. A ciência vive de postulados (baseados apenas em matemática ou filosofia pura) e observações (baseadas em experimentos). É só com muito trabalho e relações interdisciplinares que essas teorias podem ser relacionadas à causa de alguma coisa.

“Somente um principiante que não sabe nada sobre ciência diria que a ciência descarta a fé.”
James Tour

domingo, 8 de setembro de 2013

Uma lei moral?

Estamos bem acostumados a falar sobre as leis da natureza. Desvendamos inúmeros mistérios sobre o surgimento da vida e sobre a evolução do universo, mas eu diria que estamos ainda nos primeiros degraus da escada do conhecimento humano. Me pego, constantemente, pensando no mundo e ensaiando como seria a vida humana em 50, 200 ou milhares de anos. Até onde iria o nosso conhecimento? Temos limite para isso? Qual seria o nosso conceito de natureza?
Acho essas questões um tanto quanto intrigantes, pois já existem grandes cientistas e pensadores que atribuem significados diferentes para a palavra natureza. Na verdade, o conceito de natureza muda o tempo todo. Desde os pré-socráticos até hoje, o significado de natureza incorporou incontáveis novos tópicos, portanto, não creio que este seja o momento de conhecer a natureza ainda, mas defini-la, até porque a abrangência do termo natureza está diretamente relacionada com a quantidade e qualidade do nosso conhecimento.

Do site: http://ultralafa.files.wordpress.com

A definição de natureza não será uma decisão rápida, claro. Como tudo na ciência, o acordo sobre este tópico levará anos de novas descobertas, mas eu arriscaria dizer que natureza é tudo aquilo que é espontâneo, ou seja, sem a intervenção da inteligência humana. Essa definição é útil para o que pretendo falar e está de acordo com alguns dicionários, portanto, usarei dessa maneira por enquanto.
Vamos então à pergunta de interesse do dia: Existe uma lei de moral na natureza, ou é tudo exclusivamente criação do homem?
Para muitos, a resposta é intuitiva: é óbvio que é criação do homem, é um acordo social!
Mas não me refiro simplesmente às leis e códigos de ética que escrevemos, sugiro algo além; muito além do senso comum. Cientificamente, algo pode ser dito sobre o assunto?
Já abordei esse tópico inúmeras vezes em fóruns e debates e, não poucas vezes, fui ridicularizado. Mas, para ser bem sincero, isso pouco me incomoda. De tudo, o que me deixa triste – e não é por mim –, é o fato de as pessoas responderem as coisas instintivamente e não pararem para pensar nos grandes significados que os menores pensamentos podem nos trazer. Vejo, então, um mundo cada dia mais óbvio e monótono da fé em qualquer coisa.
Falar em lei moral da natureza é um tanto complexo, então vou direcionar um pouco o assunto com outra pergunta.

A natureza impõe a moral ao homem?

Do site: http://isacheriii.blogspot.com

Nada pode ser dito com muita certeza, mas é de filosofia que vive a humanidade e a real ciência.
Para pensarmos sobre o assunto precisamos entender o que os atos morais e imorais podem acarretar para nós e para o mundo (ou universo). Sem definir o que são atos morais, para evitar maiores complexidades, pretendo analisar alguns pontos e deixar a conclusão a critério da evolução humana.
Nossos atos – pensamentos, ações físicas e todas as coisas produzidas por nós – geram reações. A terceira lei de Newton já dizia isso, porém, não tão amplamente. Pode parecer tudo uma questão de viagem e filosofia ilógic, mas, na verdade, todos os nossos atos – partindo do princípio materialista – são causas de efeitos materiais. Ora, sendo esses efeitos pequenos ou grandes são também causas de outras coisas que acontecem na natureza, como, por exemplo, o simples ato de respirar que transforma gás oxigênio em gás carbônico que, por sua vez, é reagente da respiração das plantas, que transformam gás carbônico em gás oxigênio...
Seguindo essa linha e dando um pulinho na física e na neurologia veremos que nossos pensamentos são dissipadores e produtores de energia e toda energia dissipada (ou inserida em um sistema) produz seus efeitos. É assim que a dissipação da energia elétrica num resistor gera calor que pode ser usado como entrada em outro sistema (chuveiro elétrico).
Do site: http://www2.elektro.com.br

Agora, puxemos dados psicológicos extraídos de estudos com assassinos e soldados de guerra e veremos que o quadro é bem pesado. Os estudos mostraram que a cada dia, essas pessoas sofrem efeitos psicológicos gravíssimos decorrentes de suas ações no passado. Mas, sendo as ações materiais, o que teria produzido tais efeitos? Simplesmente o pensamento? Como esse efeito pode se alastrar se uma ação é localizada no tempo e no espaço?

Bruce Lipton e outros geneticistas descobriram em laboratório que a principal função do nosso DNA é a troca (absorção, emissão e reflexão) de ondas eletromagnéticas com o ambiente à sua volta. Seria isso então uma prisão onde nossos maus atos podem produzir efeitos ruins ao nosso próprio corpo e à nossa personalidade? Isso sem contar os excessos (alimentação e ingestão de substâncias tóxicas) que claramente matam nosso corpo aos poucos. Então qual será a conclusão em alguns anos? A moral pode ser um produto das leis da natureza? Ou é tudo uma questão de tecnologias ainda não desenvolvidas que poderão nos livrar de efeitos indesejáveis?

sábado, 6 de julho de 2013

Ser social

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a gente muda, a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude, não há mal que não se mude e nem doença sem cura.
Na mudança de postura, a gente fica mais seguro.
Na mudança do presente, a gente molda o futuro.”
Gabriel, o Pensador

Gabriel, o pensador; imagem do site: http://www.kboing.com.br
Depois dos últimos acontecimentos no nosso país, sinto certa dificuldade em falar sobre ciência. Mas, para tentar manter o propósito do blog e ao mesmo tempo dar minha contribuição política, vou fazer o possível para dar uma visão mais lógica e racional a todos esses manifestos e greves e toda essa insatisfação que – convenhamos – é o pão de cada dia do brasileiro há um bom tempo.
O manifesto dos estudantes em São Paulo parece ter aberto os olhos de todos os brasileiros. Desde o primeiro movimento, grandes debates se iniciaram pelo país e muita gente abraçou a causa como se abraça a um filho que acaba de nascer. Foi realmente muito belo ver tudo isso e fico muito feliz de ter visto algo assim acontecer. Mas, infelizmente, minha felicidade não acompanha a minha satisfação com a mentalidade do povo brasileiro. Minha alegria não diz respeito sequer aos movimentos por completo.
Sinto-me realizado por ter visto como funciona a cabeça do homem idealista e do homem umbiguista, podendo finalmente me preparar para uma revolução mental (que, com toda a certeza, ainda não aconteceu) e aprendendo tirar lições do que deverei fazer no futuro para ajudar a humanidade a se desenvolver e se desprender das amarras do egoísmo e da parcialidade.

Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Cidadão útil X Cidadão inútil
O debate mais quente (que mais interessou à população) que pude observar foi do cidadão útil (manifestante) contra o cidadão inútil (revolucionário do facebook). As definições eram muito simplórias: o cara que vai pras ruas está mudando o país; já o cara que tá no facebook, acha que está fazendo algo, mas ele é um alienado.
Vamos primeiro cortar toda essa baboseira, afinal, a maior parte das pessoas que aderiram às manifestações foram os usuários das redes sociais que, sem essa ferramenta, jamais teriam tomado conhecimento do que realmente estava acontecendo.
Não fui a nenhum protesto, mas acompanhei tudo pelos twitters dos próprios manifestantes, pelas postagens no facebook (exatamente, sou o cidadão inútil) e pelo que pude ver do alto de um prédio que me proporcionou ótima visibilidade de boa parte do que estava acontecendo longe das esferas dos radicais da classe A (só na cidade em que eu moro).
Útil – adjetivo. Que pode ter algum uso ou serventia; proveitoso; vantajoso; dia – dia de trabalho (Plural: úteis).
Definido isso, vamos falar do cidadão útil. Aquele cara que está realmente preocupado com o futuro do seu país e vai para as ruas com cartazes, interrompe o tráfego e mostra que ele acordou (ou sempre esteve acordado) para os problemas do seu país. Esse cara é útil, creio que não há dúvidas disso. Não é nessa definição que vejo problema.
O cidadão inútil é o problema. Não porque ele fica no facebook mandando recados de otimismo e disseminando mensagens de justiça, mas porque, muitas vezes, ele está nas ruas também. A pessoa que fica nas redes sociais fazendo seus apelos está, sem sombra de dúvidas, estimulando debates e raciocínios em incontáveis esferas sociais. Chamar de inútil, aquele ser humano que usa da rede para ensinar, divulgar conhecimento, estimular estudos e propagar mensagens de cooperação social é ter a atitude de uma pessoa completamente obsoleta. Porém, ter essa atitude não te transforma em uma variável desnecessária ao desenvolvimento da humanidade. As definições entre cidadão útil e cidadão inútil é que podem, talvez, ser inúteis, mas ainda assim servem para algum debate e crescem o nosso conhecimento de alguma forma.
Do site: https://sphotos-a.xx.fbcdn.net
Isso você não vai ver na globo, seu alienado
Nem na rede globo, nem em nenhuma outra emissora, nem nas revistas, nem nos jornais e muito menos em sonhos. A mídia mostra o que dá dinheiro e ibope e eu não vou discordar disso, mas confesso que me incomoda absurdamente ouvir pessoas dizendo: “se a sua fonte é a globo ou a veja, não posso discutir com você”.
Pra ser bem sincero, eu quer que a globo, a veja, a carta capital e os defensores das borboletas do Afeganistão se explodam... er, Afegãos, ignorem essa parte.
É revoltante ouvir daquelas pessoas que metiam o pau na mídia frases como: “Olha só, até a rede globo mostra o nosso protesto pacífico”; “Até o jornal mostra os vândalos são minoria”.
Eu sei que o protesto é pacífico e que os vândalos são minoria, mas o que vejo é, na verdade, a mídia falando tudo que o povo quer ouvir para que ele fique feliz e volte a dormir e sonhar com uma vida bela. E então vivemos a re-alienação das pessoas, num mundo onde a polícia bate em quem está trabalhando, afinal, os policiais antes de serem contratados não eram seres humanos inseridos na nossa sociedade.
Outra coisa que vejo é o povo achando que a reforma política vai resolver tudo e que não votar no mesmo picareta é a solução. Voltamos ao problema da PM. O político também era cidadão antes disso e, o que vemos o tempo todo é um péssimo quadro social, onde o principal culpado é o povo não político (e menos ainda politizado).
O mesmo cara que manifesta ou propaga mensagens anticorrupção na rede é o cara que passa no sinal vermelho, ultrapassa pelo acostamento, anda devagar na esquerda, não dá lugar para os mais velhos no ônibus, fura filas, sobre no ônibus na sua frente te atropelando, não pede licença nem desculpa, trata empregados como escravos, não agradece ninguém, não dá bom dia e nem boa noite, dá dinheiro pra guardas e policiais, sonega impostos, manipula informações a seu favor... Ufa... Ah... Mete o pau na mídia, mas oculta dados; mete o pau no governo, mas extrapola as verbas de gabinete da empresa, usa o “ticket car” e pega troco, usa o “vale refeição” e pega troco e uma centena de outras ações ridículas e desrespeitosas.
Poderia passar parágrafos e mais parágrafos listando, mas acho que já deu para entender. É preciso realmente parar para pensar nas suas atitudes, até porque, uma pequena tentativa de conscientização aparece na mídia o tempo todo.
Do site: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net
Vencendo o umbiguismo
Por fim, creio que a reflexão que deve ficar para o ser humano é simples de compreender, porém muito difícil de praticar.
O ser social é aquele que interage e responde ao ambiente à sua volta – seja essa resposta boa ou ruim – e vemos pessoas assim o tempo todo. Mas ser social já é um pouco mais difícil, afinal é se preocupar com o próximo e pensar sempre no desenvolvimento da humanidade, é ser sustentável. Sustentabilidade – mesmo que baseada no orgulho – gera contribuição entre os homens (para os inteligentes, claro). Portanto, se você não for amável, seja inteligente. Lembre-se de que você pisa naquele que te sustenta e que pode se voltar contra você a qualquer momento, como mostraram os manifestos.
Deixo por aqui a minha observação seguida de uma leve conclusão.
A revolução intelectual está apenas começando, ou melhor, está prestes a começar. Tudo que aconteceu até agora serve para que pensemos um pouco nas nossas atitudes e aprendamos a viver em sociedade. Se fizermos um breve paralelo entre tudo isso e as novas descobertas dentro da biologia (epigenética) e da física, veremos que o mundo esta prestes a passar por uma revolução muito séria e importante.

Imagem do site: http://www.netoferreira.com.br
Descobrimos, recentemente, que o cérebro é mais importante para o desenvolvimento da genética do que as proteínas; que a membrana plasmática (responsável pela ativação de genes) vive em constante comunicação com estímulos eletromagnéticos do ambiente (nosso cérebro é uma grande fonte deles); que as trilhas cerebrais não são suficientes para explicar boa parte das doenças mentais e psicológicas que, na verdade, parecem nem mesmo ter uma causa química ou mecânica.

Vemos, todos os dias, pessoas superando limitações das próprias enfermidades. Inúmeras pesquisas (exemplo: Superinteressante – Maio – Ótima matéria sobre depressão com fontes de Harvard) vêm mostrando que a vontade de melhorar é mais importante do que os remédios e que ser otimista é uma ótima maneira de prevenir doenças em vários setores do corpo (mental, renal, vascular, cardiológica, pulmonar, alergias e etc.). Portanto, use mais os sentimentos associados à razão do que o pensamento simplesmente sistemático. Compreender as diversas áreas da ciência da vida é muito importante. Mas saber é pouco, agir é essencial. Mude-se e você mudará o mundo.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Jacob Barnett e a nova ciência


Quem não ouviu ou leu sobre Jacob Barnett nas últimas semanas? O garoto que foi diagnosticado com autismo desde pequeno e hoje, aos 14 anos, está na reta final de seu mestrado e é considerado como um dos mais brilhantes físicos da atualidade pode ser a evidência definitiva de que a medicina e a biologia pararam no tempo. Sendo este um blog de ciência, devemos ser realistas e defender a lógica. Vamos aos fatos.
Não é o primeiro caso em que a medicina prevê algo que não acontece. Sei que muitos (céticos) defenderão a medicina com a argumentação das probabilidades, mas sinto informar que esse é exatamente o problema da biologia newtoniana (?). Muitos dos acordos científicos da medicina giram em torno de probabilidades pequenas e baseadas apenas em modelos científicos que explicam a situação. Se entrarmos a fundo nas teorias biológicas, veremos que, quase todo o funcionamento do corpo humano está baseado na mecânica newtoniana, na química das reações e na eletrodinâmica clássica. Ora, sabemos muito bem que essas duas teorias físicas são simplesmente casos particulares de uma verdade muito maior e que a química trabalha com aproximações e generalizações. O que isso tudo representa? Bom, uma sucessão de erros (desvios padrão) que baseiam todo um modelo trazem a ele erros cada vez maiores, chegando a um ponto onde, o que se deduz tem maior probabilidade de estar errado do que certo, como a genética, por exemplo.
O que pretendo expor aqui não é a ruína da medicina, mas sim que chegou o momento de deixarmos nosso ceticismo e conforto de lado e nos jogarmos no mundo completamente novo das maravilhosas descobertas da ciência moderna. Com o tema de sua palestra no TEDx – “A importância de parar de aprender e começar a pensar” – Jacob apela para o raciocínio lógico. Aproveito para reforçar o que sempre recomendo: sejam seus próprios filósofos e cientistas; a lógica não mente e não engana, só engrandece.

Jacob Barnett, gênio da física com QI, provavelmente, superior ao de Albert Einstein; imagem do site: http://blogs.independent.co.uk
Fico realmente impressionado quando vejo que muitas pessoas se contentam com aquilo que os detentores do conhecimento sabem e divulgam. Considero absurdamente triste uma mente que não se importa com as verdades da vida, argumentando que um dia a humanidade saberá. Já ouvi um argumento muito forte que dizia: “Tanta gente passando fome e as universidades gastando milhões com novas pesquisas científicas”. Tal argumento é a prova da fraqueza da mente humana. Não pela falta de ambição, mas pelo desconhecimento de que boa parte dessas pesquisas gira em torno da necessidade do homem. Sem contar o fato de que a ciência sempre nos trouxe surpresas. Muitas vezes, ao vasculharmos um assunto, encontramos respostas para outros assuntos. Quem sabe o que o futuro guarda para as fronteiras do nosso conhecimento? Quem sabe se lá não está a cura da AIDS, do câncer, da fome e da escassez de recursos naturais para a longevidade? Não se deve misturar a ciência pura com a corrupção do mundo. Se os homens cobram caro para produzir produtos, a culpa não é de uma lei da natureza e sim da falta de amor ao próximo do ser humano.

sem mais, do site: http://profhendrickson.blogspot.com.br
De qualquer forma, acho muito importante que os pais sejam pais de verdade. A ciência aponta, cada vez mais, para um universo complexo e integral. As novas descobertas mostram a importância da dedicação e do amor nos grupos sociais, seja este grupo uma família ou uma organização. Como já nos alertou o físico nuclear Amit Goswami, chegou o momento de se unificar crença e ceticismo. O ateu não está errado, assim como não está o religioso. Há inúmeros ensinamentos aparentemente contraditórios que, se jogados em um liquidificador, vibram em perfeita harmonia com a ciência. Portanto, escolhi duas frases muito interessantes: uma é dita por um religioso e está em um livro religioso; a outra é dita por um agnóstico (com grande número de fãs ateus) e foi dita em entrevista à rede de TV americana, ABC, no World Science Festival:

Se falar as línguas de homens e anjos, mas não tiver caridade, sou como bronze que soa ou tímpano que retine. E se possuir o dom da profecia e conhecer todos os mistérios e toda a ciência e alcançar tanta fé que chegue a transportar montanhas, mas não tiver a caridade, nada sou. (Paulo: I Coríntios, capítulo 13)

Há uma diferença fundamental entre a religião, que é baseada na autoridade, e a ciência, que é baseada na observação e na razão; a ciência vencerá, porque ela funciona. (Stephen Hawking)

Stephen Hawking, também limitado por uma anomalia, porém, um dos maiores gênios que a Terra já viu; imagem do site: www.famenetworth.com
Pergunto-me, todos os dias, qual o motivo que leva as pessoas a confundirem crença em Deus com religião. Também tento compreender qual o pensamento que leva outras pessoas a confundirem ciência com ateísmo.
O teor filosófico das citações é grandioso. Paulo fala em caridade, mostrando que um não vive sem o outro. Quem leu o evangelho de Paulo, deveria saber que ele defende o conhecimento e o estudo como essenciais à compreensão da vida e de Deus. Ao mesmo tempo, quem leu Stephen Hawking, sabe que sua visão (que o faz parecer ateu) quanto à existência ou não de Deus não é definitiva. Hawking diz, como todas as letras em seus livros, que se Deus existe, ele não interfere nas leis da ciência.
Ora, um pouco de lógica mostra que uma visão não anula a outra. De um lado, ateus usam Hawking para defender a soberania da ciência; do outro, religiosos se agarram à bíblia ou outros livros sagrados para defender a existência de Deus. Agem com se fossem opiniões antagônicas, enquanto a união das duas é muito simples e natural: Deus pode existir, visto que foi o criador do universo e, consequentemente, criador das leis científicas, portanto, a ciência sempre funciona. Naturalmente, um ser tão perfeito, não seria contraditório, certo?
Aonde quero chegar com tudo isso e essa (aparente) mudança de assunto a cada parágrafo? Quero apenas montar uma base para concluir meu pensamento a cerca da importância da educação e do desenvolvimento intelectual. Vamos agora unir tudo isso e exemplificar com o caso Barnett.
Os cientistas (os próprios biólogos, muitas vezes) perdem a confiança na biologia newtoniana. Ou seja, a vida analisada a partir de conceitos aproximados e particularizados não pode trazer avanços corretos. A física quântica mostra o funcionamento mais completo do mundo subatômico, porém, ainda é baseada em postulados; já a teoria de cordas, parece explicar com perfeição como os fenômenos da mecânica quântica podem produzir-se, basta comprovarmos uma coisa: “as partículas são produtos de componentes menores, no caso, cordas vibrantes”. Parece que estamos, finalmente, encerrando nosso conhecimento sobre a matéria e introduzindo conceitos para algo que ainda não sabemos o que é, mas que estão interagindo conosco constantemente.

Amit Goswami, gênio da física e divulgador da física. Autor de teses e modelos que explicam a inteligência por trás do funcionamento do universo e da alma humana; imagem do site: quanticaevedas.blogspot.com
A física, desde a relatividade, evidencia que a matéria que conhecemos é insuficiente para explicar o universo e o menino Jacob parece ser a evidência que faltava para que se complete o raciocínio anti-materialista. Fadado a nunca poder ler ou escrever, o prodígio venceu barreiras sociais e científicas e se tornou um brilhante físico. Ainda deu um show no TEDx, mostrando que precisamos pensar mais e não apenas absorver conceitos antigos e preestabelecidos. A genética (química e mecânica newtoniana) ou o funcionamento cerebral conhecido (eletrodinâmica clássica) não explicam como Barnett chegou aonde chegou. Da mesma forma que não explicam Ptolomeu, Sócrates, Aristóteles, Platão, Pitágoras, Laplace, Newton, Einstein e muitos outros gênios que viveram à frente de seu tempo.
Se nossa consciência fosse mero produto de leis científicas quadradas, onde nosso cérebro recebe um estímulo e transmite (em zeros e uns) uma informação a ser armazenada ou vivenciada, como poderíamos ter tantas opiniões diferentes? Como poderiam, com a mesma lógica, duas pessoas terem visões de mundo totalmente divergentes? A neurociência está errada? Não, claro que não! Está incompleta. A cada dia, mais e mais físicos e neurologistas passam a acreditar na existência da mente consciente (nome dado ao popular espírito), sendo essa a controladora da nossa mente inconsciente e da nossa mente subconsciente – produtos da biologia newtoniana que explicam apenas as tendências e os reflexos. Quanto à genética, depois do fracasso do projeto genoma, não há muito a se debater. Hoje fica bem claro que a vida é muito mais complexa do que a matéria que observamos.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Por que o universo não veio do nada?


“Não cometam o erro de pensar que a comunidade científica é científica.” - John Hagelin


Após obter seu Ph.D em física quântica na universidade de Harvard, Hagelin trabalhou com unificação de campos quânticos na faculdade de Standford. Apesar de inúmeras publicações (centenas) nessa área, sua fama vem da descoberta da supersimetria, que foi peça chave para o desenvolvimento da teoria da grande unificação.

Assim como a política e a economia, a comunidade científica tem seus problemas de conflitos de interesse. Manipular a massa significa deter o poder. Vemos isso todos os dias nas principais religiões e nos governos populistas. É notável que as pessoas, de qualquer nível social ou grau intelectual, sempre pensam orgulhosamente a favor daquilo que acham mais bonito e negam tudo que é contra o que parece mais satisfatório aos seus caprichos. Temos exemplos clássicos encontrados nas interpretações da bíblia, de correntes sociológicas e políticas e de teorias físicas.
Ao longo dos anos, muitos cientistas postularam que o universo é composto exclusivamente de matéria e que os sentimentos não fazem parte do mundo real. Isso é praticamente uma fé que apoia opiniões sobre o segredo ou sentido da vida. Além do mais é simplesmente a abdicação total do estudo de situações mais complexas que fogem a observações diretas. Essa é também a razão que leva a espiritualidade a se tornar objeto de estudos hoje. Estamos num momento onde a física aprendeu a fazer medidas e detecções de maneira indireta. Por exemplo, sabemos a idade do universo e o funcionamento de estrelas pelas reações geradas que podem ser observadas diretamente. Naturalmente, observações obtidas de forma secundária não podem ter grande grau de precisão, porém, nos mostram o funcionamento daquilo que queremos conhecer; mesmo que não nos apresentem números de grande confiabilidade, nos fazem compreender conceitos científicos.
Só foi possível descobrir a expansão do universo a partir das observações de Hubble  que concluíam que os corpos celestes se afastavam uns dos outros; Imagem do site: http://astro.if.ufrgs.br

Hoje, a sociedade converge para um ponto onde todas as crenças devem ser confrontadas e teremos a oportunidade de captar os conceitos de cada uma que se aplicam à vida. Como assim? Ora, não fossem os ateus, (de antigamente, claro) não teríamos conhecido, de forma tão profunda, o funcionamento da matéria; não fosse o catolicismo, não teríamos mantido sob a terra os conceitos morais que hoje são lei em quase todos os países; não fosse o protestantismo, não teríamos conhecido a necessidade de se interpretar a bíblia de maneira mais coerente; não fosse o espiritismo, não teríamos conhecido o lado científico da espiritualidade. Além dessas, diversas outras observações e ensinamentos podem ser tirados de inúmeras crenças e filosofias espalhadas pelo globo.
Já que vamos falar sobre a origem do universo, devo focar minhas atenções à astronomia e à física moderna que são as únicas que nos dão uma foto, mesmo que fosca, do passado longínquo.
A teoria do nada foi bem analisada em outro post deste mesmo blog, portanto, vou me limitar às falhas da teoria. Primeiramente, é pregado pelos físicos ateus mais fanáticos que as leis científicas são como são porque estamos aqui para observá-las. O que isso quer dizer é que as únicas leis científicas que permitem a vida como ela é, são essas, ou seja, somos assim porque o universo é assim; nosso defeito é, muitas vezes, pensar o contrário, como se o universo fosse adaptável a nós.
Essa é a principal contradição da teoria que não é conhecida por quase ninguém fora do meio científico. O que permite o universo ter surgido do nada são as quantidades de energia positiva e negativa encontradas nas observações astronômicas. É incrível a igualdade desses dois valores, porém também é postulado que antes do big bang não havia nada. Nem espaço, nem tempo, portanto, não havia energia. Os físicos adeptos da teoria dizem que, as flutuações quânticas do vácuo podem ter dado energia suficiente para a expansão inicial do universo e todo o resto seria consequência disso. Mas, se as leis científicas são exclusivamente do nosso universo, como existiam antes de ele existir? Aliás, como Stephen Hawking diz, “perguntar o que havia antes do universo é uma pergunta ilógica, afinal, o tempo é propriedade no universo já criado; é como perguntar o que fica ao sul do polo sul, é uma pergunta totalmente incoerente”.
A pergunta é tão incoerente e ilógica como afirmação de que pôde existir alguma lei científica antes mesmo de ela própria ter sido formada, correto? Essa situação nos mostra como nenhuma teoria prova fielmente que o universo surgiu do nada, que é como se acredita na “massa neoateísta manipulada pelos detentores do poder científico”. Mas, meu foco não é só mostrar que não há nada provado e sim evidenciar o porquê de o universo ter, na verdade, uma inteligência criadora.

Stephen Hawking; imagem do site http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com

O primeiro fato a ser observado é que nenhuma causa sem inteligência produz um efeito inteligente. Todas as causas aleatórias que podemos observar produzem resultados aleatórios, ou seja, com efeitos equiprováveis. A vida inteligente é exceção à lei do acaso e as reações a estímulos externos ao corpo também não obedecem ao caos. Na verdade, nem os animais, que não são dotados da mesma inteligência que nós, respondem aleatoriamente ao que interage com eles. É, talvez, a mais forte evidência de que os sentimentos e pensamentos devem ser investigados.
Devemos também considerar, com humildade, que os eventos espirituais estão para a humanidade assim como a dor e o amor. Ou seja, são relatos, apenas. Não se pode ver a dor ou o amor; podemos apenas senti-los. Assim são os fenômenos espirituais, são observações individuais. O cérebro até codifica a dor e os sentimentos, mas não existe um padrão; para cada ser humano, a reação cerebral é diferente em ambos os casos. A teoria do doutor Sérgio Felipe de Oliveira, da USP, trata a mediunidade como conversão de estímulos recebidos pela glândula pineal. Ao contrário do que se acreditava antigamente, a glândula pineal não está inativa. Através da difração dos cristais presentes nesse órgão, os estudos do doutor Sérgio mostraram que a pineal é responsável por uma espécie de codificação de ondas eletromagnéticas; funciona como receptora tradutora e emissora de ondas. A atual ciência já usa ondas eletromagnéticas para transmitir informação há um bom tempo, portanto, essa hipótese não pode ser considerada absurda, visto que toda a nossa tecnologia é infinitamente inferior aos conceitos físicos e químicos observáveis aplicados à engenharia do corpo humano.

Doutor Sérgio Felipe de Oliveira, pioneiro nos estudos sobre a pineal; imagem do site: http://www.uniespirito.com.br

Não bastasse toda a lógica observável de inúmeros ensinamentos trazidos à humanidade desde muito antes de cristo, ainda podemos tirar conclusões favoráveis a uma inteligência universal criadora de toda a nossa realidade.
Cientificamente, sabemos que o espaço-tempo é o tecido responsável por todas as interações da matéria que conhecemos até hoje, ou seja, esse tecido tudo sabe e tudo vê. Ainda é nele que fica localizada a maior quantidade de energia do universo; 70% de toda a massa e energia existente no universo é proveniente das flutuações quânticas, propriedade conhecida como energia de ponto zero. Ou seja, o vazio, mais uma vez, tudo sabe, tudo vê e tem uma quantidade absurda de energia. O vazio seria Deus? Não. Não creio e não condiz com nenhuma lógica deísta que Deus é algo tão visível e compreensível como o vazio. Aliás, para isso, Deus teria que ser obra da própria criação e já vimos como isso é ilógico, incoerente e incognoscível. O vazio é o meio da ação de Deus, afinal, se Ele existe, faz parte integral do nosso universo.
Nós seres humanos e toda a matéria do universo estamos presos a esse tecido. É uma limitação espacial científica e que serve perfeitamente aos relatos sobre as leis de Deus. Além do mais, desde que a física virou puramente materialista, todas as teorias que eram comprovadas diminuíam as lacunas que antes eram deixadas para que Deus pudesse existir e, contra a vontade de muitos cientistas, as novas leis da física e relações da biologia vêm apontando para um universo cada vez mais incerto, abrangente, interativo e multidimensional.

Lawrence Krauss, um dos maiores físicos teóricos da atualidade; ateu ativista e crítico da teoria de cordas; imagem do site http://skepticalteacher.files.wordpress.com

A nova biologia mostra que todos os seres vivos não só interagem com o ambiente como fazem parte do seu desenvolvimento. Ou seja, a teoria da evolucionista – maior advogado dos ateus radicais – nos mostra que ela é sim correta e condizente com quase todas as crenças religiosas do planeta. Richard Dawkins, biólogo e ativista ateu, é pioneiro nos estudos sobre a interferência que o ambiente tem nos seres vivos. Começou seus estudos com o intuito de provar que somos simples resposta natural a estímulos externos, mas seus resultados influenciaram outros biólogos que mostraram que, na verdade, tudo que está inserido em um ambiente é parte importante desta máquina, como no caso da Terra.
Essas descobertas nos mostram outro poder de Deus. É a prova da implicação filosófica da lei de Isaac Newton que diz que: “a toda ação, corresponde uma reação”. Ou seja, a reação a estímulos não é puramente material; é algo que transcende a matéria. As interações que somos capazes de compreender hoje, não nos mostram tanta influência em células e em seres vivos, mas a observação mostra que os seres vivos e as células têm suas atitudes dependentes do ambiente. Ora, se essa interação material como conhecemos não é suficiente para explicar a influência, ou seja, a relação não é puramente física e química, há sim algo mais. É notável também que as lacunas só aparecem aonde há ação ou reação inteligente, logo, a inteligência é propriedade fundamental do universo; não efeito deste, logo, deve ser investigada pela ciência.
Como nosso conhecimento ficou ultrapassado, novas teorias surgiram para explicar coisas que não eram compreensíveis. A teoria de cordas é a única teoria da física que pode unir as quatro forças fundamentais e investigar sistemas quânticos relativísticos, ou seja, é a única candidata a explicar o universo completamente. Isso leva John Hagelin, da frase citada no início do texto, a ser considerado precursor de todos os avanços em torno da física moderna dos últimos anos. Hagelin é, hoje, considerado místico e tem seus trabalhos desvalorizados no meio científico, assim como Amit Goswami e David Albert. Há outros cientistas que passaram a ser ignorados pelos cientistas ateus, mas esses três são um belo exemplo de que, por mera política e necessidade de hegemonia, a comunidade científica é a nova igreja católica da inquisição. Toda a liberdade do pensar que foi conquistada com anos e anos de luta é, hoje, manipulada por cientistas que querem manter seus nomes reconhecidos enquanto vivos.

David Albert, grande contribuinte da teoria de cordas; imagem do site http://upload.wikimedia.org

O novo papa é o melhor exemplo de que uma religião não pode ser julgada com base naqueles que creem nela, afinal, ele demonstra atitudes de amor e humildade totalmente diferentes dos seus precursores. O novo papa é a esperança de uma igreja longe da corrupção e, de fato, a favor da humanidade. O que também não significa que todos os padres faziam parte dos absurdos que aconteciam no Vaticano. Os corruptos não são os mensageiros de Deus e sim pessoas que se infiltram em sistemas para tirar proveito de outros. Essas pessoas, com certeza, não são o exemplo do designer do nosso universo.
Vivemos novamente numa era de orgulho e corrupção que tenta calar a massa. O que antes era caça, hoje é caçador.
Muitos adeptos do marxismo acusam as religiões de serem usadas para manter a disciplina do povo para conservar a hegemonia financeira de certas entidades e países. Agora, a comunidade científica usa esses ideais para manter a hegemonia do conhecimento, afinal, desde a idade média, quem detém o conhecimento também detém o poder. Claro que não são todos os cientistas ateus que fazem parte desse conchavo, muitos acreditam de verdade no universo que veio do nada, mas, como as pesquisas em torno dos eventos espirituais não são divulgadas nem apoiadas, é natural que essa opinião costume a aparecer nesse meio.

Papa Francisco, símbolo de humildade e amor à humanidade; imagem do site http://upload.wikimedia.org

Uma causa inteligente é a explicação mais lógica para o nosso universo e, sendo essa causa inteligente e a moral fazendo parte da verdade universal, essa inteligência é completamente moral. Da mesma forma que escuridão é ausência de luz e frio é ausência de calor, o mal é a ausência do bem; o orgulho, da humildade; a violência, da paz; a corrupção, do respeito; o ódio, do amor.
O físico Mark Comings diz: “estou imensamente feliz de poder demonstrar que, por fim, teremos uma ciência que está baseada no amor e que derrubará todas as falsas crenças de separação e limitação”. Isso quer dizer que, sendo o amor uma lei moral universal, ele é base de todas as outras leis do universo. Mas, porque o amor? Bom, a perpetuidade da espécie só é possível com amor ao próximo; a igualdade entre as pessoas só é possível com amor ao próximo; dizimar a corrupção e a hegemonia do poder, só é possível com amor ao próximo. Por fim, só poderemos realmente compreender o universo quando compreendermos o que é o amor e, para compreendê-lo, temos que aceita-lo.

Mark Comings, físico matemático e divulgador da energia de ponto zero; http://www.intuition.org

terça-feira, 26 de março de 2013

Por que o cérebro humano precisa de Deus?


Muitos anos antes do forte desenvolvimento intelectual trazido pelas complexas ciências da natureza, os diferentes grupos sociais espalhados pelo mundo baseavam suas leis e sua organização em doutrinas e crenças perpetuadas pelos mais antigos. Não se sabia, até pouco tempo, o motivo de tanta credulidade. Hoje, já sabemos que o cérebro humano procura histórias e explicações a tudo que vê. Em suma, o cérebro do homem precisa crer em alguma superioridade (divindade) para funcionar. Mas seria essa a única explicação para tantos crédulos em Deus ou seres soberanos?

As imagens xamanistas remetiam a cores por acreditar no poder de interferência das frequências eletromagnéticas no ser humano; imagem do site http://www.portais.org
Há uma curiosidade científica – que os céticos dizem ser mística – muito interessante que perdura e não se explica até hoje. Vejamos um pouco do histórico:
As crenças mais antigas do planeta são politeístas e espiritualistas. Desde antes de Sócrates e Platão se tem relatos de teorias e doutrinas. Dentre todas as que tiveram muito sucesso e conseguem adeptos até hoje temos o xamanismo, o hinduísmo e o budismo – sendo as duas últimas mais recentes. Qual será a mágica dessas religiões que tratam da transcendência da alma e da comunicação espiritual?
O xamanismo diz que tudo está conectado; todas as pessoas, todas as partículas, todas as estrelas e galáxias; por fim, tudo no universo. O xamanismo também previa que essa conexão possibilitava as comunicações mentais, que sempre chamamos de intuições. Explicava ainda as inspirações; dizia ser interferência espiritual. Essa doutrina pregava a perpetuidade da vida como espírito, alegando que a vida terrestre não passava de uma passagem, que se repetia inúmeras vezes – conceito conhecido como reencarnação, ou seja, renascimento em novos corpos.

Meditação é a tradição mais conhecida do budismo; imagem do site http://andryshqueiroz.blogspot.com
O budismo e o hinduísmo pregam a alma como sendo algo transcendental à matéria. A alma, para essas duas filosofias, é o que comanda o corpo e interage com o nosso cérebro. Alma é sinônimo de consciência; é ela que anima o nosso corpo e é responsável por todas as nossas percepções, mas se não conseguirmos compreendê-la, não teremos capacidade de descobrir o real sentido da vida. O budismo e o hinduísmo são doutrinas que pregam a reencarnação. A única diferença entre essas duas é bem simples: o hinduísmo é politeísta; já o budismo não se posiciona. Buda dizia ter falado com Deus em sua primeira longa meditação, mas há até vertentes budistas ateias.


Deus hindu; imagem do site http://professorjbosco.blogspot.com

Qual a relação de tudo isso com a ciência? Estamos chegando lá!
Em meio a grandes desenvolvimentos científicos, principalmente na área da física, surge o espiritismo. Hippolyte Léon Denizard Rivail – conhecido popularmente como Allan Kardec – começou a estudar fenômenos na França. Esses fenômenos, batizados de mesas girantes, simbolizavam comunicações inteligentes de algo. Rivail, como todo bom cientista, era cético e começou o estudo para falsear a causa inteligente e mostrar que tudo não passava de truque, mas, para sua surpresa, os fenômenos apresentavam comunicação inteligente, lógica e coerente.
Allan Kardec escreve cinco livros com base em comunicações espirituais. Sua tática para evitar charlatanismo foi bem prática e simples: mandou cartas e conversou separadamente com diferentes médiuns, considerando para divulgação apenas as partes coincidentes. Esses cinco livros falam sobre muitos assuntos complexos, mas o que mais chama a atenção é que não são conclusivos e não pregam nenhuma verdade absoluta. Pelo contrário, os livros da codificação espírita trazem um mundo desconhecido e explicado cientificamente com o que se conhece até a época. Para ter maior credibilidade, ainda são previstas futuras teorias da humanidade e uma das declarações mais importantes de Kardec diz algo como: “Se um dia a ciência provar algo diferente do que está dito na codificação, abandone a doutrina e siga a ciência”.


Allan Kardec, codificador da doutrina espírita; imagem do site http://www.guia.heu.nom.br
O primeiro – o livro dos espíritos – tratava de muitas dúvidas da humanidade e apontou funcionamentos científicos nunca imaginados, o que dava margem a ceticismo. Dentre tudo que é dito, o que mais se destaca é o funcionamento não local (instantâneo) da informação e a telepatia, que também explicava o desdobramento espiritual. Claro que os céticos ridicularizaram, zombaram e não deram atenção. Hoje, a física estuda a comunicação telepática instantânea (entrelaçamento quântico, fenômeno não local que tenta explicar o tele transporte da informação).
Já em A gênese, Rivail descreve o seguinte:
“O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente turbilhões, aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas.”
Não sinto necessidade de comentários. Hoje a física tem como modelo da criação o big bang. Quem leu Os três primeiros minutos do universo de Steven Weinberg entenderá perfeitamente o que significa esse pequeno parágrafo do livro.


Steven Weinberg, agnóstico, crítico da religião e vencedor do prêmio nobel de física de 1979; imagem do site http://zerobs.net
Mesmo com tanto ceticismo e descrença, os avanços científicos (em todas as áreas) sempre remetem a princípios básicos de doutrinas espirituais. Interconexão do universo, telepatia, big bang. Sem contar que o grande físico (e padre) Georges Lamaître foi o primeiro a falar na grande explosão (parece até providência divina). O que falta? Ah, já sei! Existência da própria espiritualidade. Será que é possível prova-la/refuta-la?
Bom, tudo andava a favor da teoria do nada (ver último post) quando surgiu a teoria de cordas. É a teoria que unifica a relatividade e a mecânica quântica, simplifica cálculos e explica o funcionamento das ondas gravitacionais com perfeição. Sem contar na solução para o funcionamento dos sistemas não locais (que sem as várias dimensões, não tem a menor lógica). Além de tudo isso, prega a existência de 10 dimensões. Exatamente, a espiritualidade está de volta em meio às novas teorias da física.
Matematicamente, quem vive em n dimensões percebe facilmente n, n-1, n-2 e até uma dimensão com perfeição, mas quem vive em n-1 dimensões não pode nem interagir e nem compreender o funcionamento de n dimensões. Então, fisicamente e matematicamente possibilitadas, as teorias espirituais dominam as mentes humanas. Podem ser refutadas? Com certeza. Desde que as novas teorias físicas sejam refutadas e apareçam outras que expliquem, de melhor maneira, certos fenômenos sociais de possível observação, mas de difícil cognição. Essas teorias espirituais ainda diziam que a verdade universal, por ser força fundamental do universo, está presente em tudo e, naturalmente, na consciência do ser humano. Basta então voltarmos à introdução e marcar mais um ponto negativo para a teoria do nada. O cérebro humano precisa sim de uma divindade, mas não parece ser por simples caos. Parece ser tudo efeito de uma perfeita programação do universo.