sexta-feira, 29 de março de 2013

Por que o universo não veio do nada?


“Não cometam o erro de pensar que a comunidade científica é científica.” - John Hagelin


Após obter seu Ph.D em física quântica na universidade de Harvard, Hagelin trabalhou com unificação de campos quânticos na faculdade de Standford. Apesar de inúmeras publicações (centenas) nessa área, sua fama vem da descoberta da supersimetria, que foi peça chave para o desenvolvimento da teoria da grande unificação.

Assim como a política e a economia, a comunidade científica tem seus problemas de conflitos de interesse. Manipular a massa significa deter o poder. Vemos isso todos os dias nas principais religiões e nos governos populistas. É notável que as pessoas, de qualquer nível social ou grau intelectual, sempre pensam orgulhosamente a favor daquilo que acham mais bonito e negam tudo que é contra o que parece mais satisfatório aos seus caprichos. Temos exemplos clássicos encontrados nas interpretações da bíblia, de correntes sociológicas e políticas e de teorias físicas.
Ao longo dos anos, muitos cientistas postularam que o universo é composto exclusivamente de matéria e que os sentimentos não fazem parte do mundo real. Isso é praticamente uma fé que apoia opiniões sobre o segredo ou sentido da vida. Além do mais é simplesmente a abdicação total do estudo de situações mais complexas que fogem a observações diretas. Essa é também a razão que leva a espiritualidade a se tornar objeto de estudos hoje. Estamos num momento onde a física aprendeu a fazer medidas e detecções de maneira indireta. Por exemplo, sabemos a idade do universo e o funcionamento de estrelas pelas reações geradas que podem ser observadas diretamente. Naturalmente, observações obtidas de forma secundária não podem ter grande grau de precisão, porém, nos mostram o funcionamento daquilo que queremos conhecer; mesmo que não nos apresentem números de grande confiabilidade, nos fazem compreender conceitos científicos.
Só foi possível descobrir a expansão do universo a partir das observações de Hubble  que concluíam que os corpos celestes se afastavam uns dos outros; Imagem do site: http://astro.if.ufrgs.br

Hoje, a sociedade converge para um ponto onde todas as crenças devem ser confrontadas e teremos a oportunidade de captar os conceitos de cada uma que se aplicam à vida. Como assim? Ora, não fossem os ateus, (de antigamente, claro) não teríamos conhecido, de forma tão profunda, o funcionamento da matéria; não fosse o catolicismo, não teríamos mantido sob a terra os conceitos morais que hoje são lei em quase todos os países; não fosse o protestantismo, não teríamos conhecido a necessidade de se interpretar a bíblia de maneira mais coerente; não fosse o espiritismo, não teríamos conhecido o lado científico da espiritualidade. Além dessas, diversas outras observações e ensinamentos podem ser tirados de inúmeras crenças e filosofias espalhadas pelo globo.
Já que vamos falar sobre a origem do universo, devo focar minhas atenções à astronomia e à física moderna que são as únicas que nos dão uma foto, mesmo que fosca, do passado longínquo.
A teoria do nada foi bem analisada em outro post deste mesmo blog, portanto, vou me limitar às falhas da teoria. Primeiramente, é pregado pelos físicos ateus mais fanáticos que as leis científicas são como são porque estamos aqui para observá-las. O que isso quer dizer é que as únicas leis científicas que permitem a vida como ela é, são essas, ou seja, somos assim porque o universo é assim; nosso defeito é, muitas vezes, pensar o contrário, como se o universo fosse adaptável a nós.
Essa é a principal contradição da teoria que não é conhecida por quase ninguém fora do meio científico. O que permite o universo ter surgido do nada são as quantidades de energia positiva e negativa encontradas nas observações astronômicas. É incrível a igualdade desses dois valores, porém também é postulado que antes do big bang não havia nada. Nem espaço, nem tempo, portanto, não havia energia. Os físicos adeptos da teoria dizem que, as flutuações quânticas do vácuo podem ter dado energia suficiente para a expansão inicial do universo e todo o resto seria consequência disso. Mas, se as leis científicas são exclusivamente do nosso universo, como existiam antes de ele existir? Aliás, como Stephen Hawking diz, “perguntar o que havia antes do universo é uma pergunta ilógica, afinal, o tempo é propriedade no universo já criado; é como perguntar o que fica ao sul do polo sul, é uma pergunta totalmente incoerente”.
A pergunta é tão incoerente e ilógica como afirmação de que pôde existir alguma lei científica antes mesmo de ela própria ter sido formada, correto? Essa situação nos mostra como nenhuma teoria prova fielmente que o universo surgiu do nada, que é como se acredita na “massa neoateísta manipulada pelos detentores do poder científico”. Mas, meu foco não é só mostrar que não há nada provado e sim evidenciar o porquê de o universo ter, na verdade, uma inteligência criadora.

Stephen Hawking; imagem do site http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com

O primeiro fato a ser observado é que nenhuma causa sem inteligência produz um efeito inteligente. Todas as causas aleatórias que podemos observar produzem resultados aleatórios, ou seja, com efeitos equiprováveis. A vida inteligente é exceção à lei do acaso e as reações a estímulos externos ao corpo também não obedecem ao caos. Na verdade, nem os animais, que não são dotados da mesma inteligência que nós, respondem aleatoriamente ao que interage com eles. É, talvez, a mais forte evidência de que os sentimentos e pensamentos devem ser investigados.
Devemos também considerar, com humildade, que os eventos espirituais estão para a humanidade assim como a dor e o amor. Ou seja, são relatos, apenas. Não se pode ver a dor ou o amor; podemos apenas senti-los. Assim são os fenômenos espirituais, são observações individuais. O cérebro até codifica a dor e os sentimentos, mas não existe um padrão; para cada ser humano, a reação cerebral é diferente em ambos os casos. A teoria do doutor Sérgio Felipe de Oliveira, da USP, trata a mediunidade como conversão de estímulos recebidos pela glândula pineal. Ao contrário do que se acreditava antigamente, a glândula pineal não está inativa. Através da difração dos cristais presentes nesse órgão, os estudos do doutor Sérgio mostraram que a pineal é responsável por uma espécie de codificação de ondas eletromagnéticas; funciona como receptora tradutora e emissora de ondas. A atual ciência já usa ondas eletromagnéticas para transmitir informação há um bom tempo, portanto, essa hipótese não pode ser considerada absurda, visto que toda a nossa tecnologia é infinitamente inferior aos conceitos físicos e químicos observáveis aplicados à engenharia do corpo humano.

Doutor Sérgio Felipe de Oliveira, pioneiro nos estudos sobre a pineal; imagem do site: http://www.uniespirito.com.br

Não bastasse toda a lógica observável de inúmeros ensinamentos trazidos à humanidade desde muito antes de cristo, ainda podemos tirar conclusões favoráveis a uma inteligência universal criadora de toda a nossa realidade.
Cientificamente, sabemos que o espaço-tempo é o tecido responsável por todas as interações da matéria que conhecemos até hoje, ou seja, esse tecido tudo sabe e tudo vê. Ainda é nele que fica localizada a maior quantidade de energia do universo; 70% de toda a massa e energia existente no universo é proveniente das flutuações quânticas, propriedade conhecida como energia de ponto zero. Ou seja, o vazio, mais uma vez, tudo sabe, tudo vê e tem uma quantidade absurda de energia. O vazio seria Deus? Não. Não creio e não condiz com nenhuma lógica deísta que Deus é algo tão visível e compreensível como o vazio. Aliás, para isso, Deus teria que ser obra da própria criação e já vimos como isso é ilógico, incoerente e incognoscível. O vazio é o meio da ação de Deus, afinal, se Ele existe, faz parte integral do nosso universo.
Nós seres humanos e toda a matéria do universo estamos presos a esse tecido. É uma limitação espacial científica e que serve perfeitamente aos relatos sobre as leis de Deus. Além do mais, desde que a física virou puramente materialista, todas as teorias que eram comprovadas diminuíam as lacunas que antes eram deixadas para que Deus pudesse existir e, contra a vontade de muitos cientistas, as novas leis da física e relações da biologia vêm apontando para um universo cada vez mais incerto, abrangente, interativo e multidimensional.

Lawrence Krauss, um dos maiores físicos teóricos da atualidade; ateu ativista e crítico da teoria de cordas; imagem do site http://skepticalteacher.files.wordpress.com

A nova biologia mostra que todos os seres vivos não só interagem com o ambiente como fazem parte do seu desenvolvimento. Ou seja, a teoria da evolucionista – maior advogado dos ateus radicais – nos mostra que ela é sim correta e condizente com quase todas as crenças religiosas do planeta. Richard Dawkins, biólogo e ativista ateu, é pioneiro nos estudos sobre a interferência que o ambiente tem nos seres vivos. Começou seus estudos com o intuito de provar que somos simples resposta natural a estímulos externos, mas seus resultados influenciaram outros biólogos que mostraram que, na verdade, tudo que está inserido em um ambiente é parte importante desta máquina, como no caso da Terra.
Essas descobertas nos mostram outro poder de Deus. É a prova da implicação filosófica da lei de Isaac Newton que diz que: “a toda ação, corresponde uma reação”. Ou seja, a reação a estímulos não é puramente material; é algo que transcende a matéria. As interações que somos capazes de compreender hoje, não nos mostram tanta influência em células e em seres vivos, mas a observação mostra que os seres vivos e as células têm suas atitudes dependentes do ambiente. Ora, se essa interação material como conhecemos não é suficiente para explicar a influência, ou seja, a relação não é puramente física e química, há sim algo mais. É notável também que as lacunas só aparecem aonde há ação ou reação inteligente, logo, a inteligência é propriedade fundamental do universo; não efeito deste, logo, deve ser investigada pela ciência.
Como nosso conhecimento ficou ultrapassado, novas teorias surgiram para explicar coisas que não eram compreensíveis. A teoria de cordas é a única teoria da física que pode unir as quatro forças fundamentais e investigar sistemas quânticos relativísticos, ou seja, é a única candidata a explicar o universo completamente. Isso leva John Hagelin, da frase citada no início do texto, a ser considerado precursor de todos os avanços em torno da física moderna dos últimos anos. Hagelin é, hoje, considerado místico e tem seus trabalhos desvalorizados no meio científico, assim como Amit Goswami e David Albert. Há outros cientistas que passaram a ser ignorados pelos cientistas ateus, mas esses três são um belo exemplo de que, por mera política e necessidade de hegemonia, a comunidade científica é a nova igreja católica da inquisição. Toda a liberdade do pensar que foi conquistada com anos e anos de luta é, hoje, manipulada por cientistas que querem manter seus nomes reconhecidos enquanto vivos.

David Albert, grande contribuinte da teoria de cordas; imagem do site http://upload.wikimedia.org

O novo papa é o melhor exemplo de que uma religião não pode ser julgada com base naqueles que creem nela, afinal, ele demonstra atitudes de amor e humildade totalmente diferentes dos seus precursores. O novo papa é a esperança de uma igreja longe da corrupção e, de fato, a favor da humanidade. O que também não significa que todos os padres faziam parte dos absurdos que aconteciam no Vaticano. Os corruptos não são os mensageiros de Deus e sim pessoas que se infiltram em sistemas para tirar proveito de outros. Essas pessoas, com certeza, não são o exemplo do designer do nosso universo.
Vivemos novamente numa era de orgulho e corrupção que tenta calar a massa. O que antes era caça, hoje é caçador.
Muitos adeptos do marxismo acusam as religiões de serem usadas para manter a disciplina do povo para conservar a hegemonia financeira de certas entidades e países. Agora, a comunidade científica usa esses ideais para manter a hegemonia do conhecimento, afinal, desde a idade média, quem detém o conhecimento também detém o poder. Claro que não são todos os cientistas ateus que fazem parte desse conchavo, muitos acreditam de verdade no universo que veio do nada, mas, como as pesquisas em torno dos eventos espirituais não são divulgadas nem apoiadas, é natural que essa opinião costume a aparecer nesse meio.

Papa Francisco, símbolo de humildade e amor à humanidade; imagem do site http://upload.wikimedia.org

Uma causa inteligente é a explicação mais lógica para o nosso universo e, sendo essa causa inteligente e a moral fazendo parte da verdade universal, essa inteligência é completamente moral. Da mesma forma que escuridão é ausência de luz e frio é ausência de calor, o mal é a ausência do bem; o orgulho, da humildade; a violência, da paz; a corrupção, do respeito; o ódio, do amor.
O físico Mark Comings diz: “estou imensamente feliz de poder demonstrar que, por fim, teremos uma ciência que está baseada no amor e que derrubará todas as falsas crenças de separação e limitação”. Isso quer dizer que, sendo o amor uma lei moral universal, ele é base de todas as outras leis do universo. Mas, porque o amor? Bom, a perpetuidade da espécie só é possível com amor ao próximo; a igualdade entre as pessoas só é possível com amor ao próximo; dizimar a corrupção e a hegemonia do poder, só é possível com amor ao próximo. Por fim, só poderemos realmente compreender o universo quando compreendermos o que é o amor e, para compreendê-lo, temos que aceita-lo.

Mark Comings, físico matemático e divulgador da energia de ponto zero; http://www.intuition.org

terça-feira, 26 de março de 2013

Por que o cérebro humano precisa de Deus?


Muitos anos antes do forte desenvolvimento intelectual trazido pelas complexas ciências da natureza, os diferentes grupos sociais espalhados pelo mundo baseavam suas leis e sua organização em doutrinas e crenças perpetuadas pelos mais antigos. Não se sabia, até pouco tempo, o motivo de tanta credulidade. Hoje, já sabemos que o cérebro humano procura histórias e explicações a tudo que vê. Em suma, o cérebro do homem precisa crer em alguma superioridade (divindade) para funcionar. Mas seria essa a única explicação para tantos crédulos em Deus ou seres soberanos?

As imagens xamanistas remetiam a cores por acreditar no poder de interferência das frequências eletromagnéticas no ser humano; imagem do site http://www.portais.org
Há uma curiosidade científica – que os céticos dizem ser mística – muito interessante que perdura e não se explica até hoje. Vejamos um pouco do histórico:
As crenças mais antigas do planeta são politeístas e espiritualistas. Desde antes de Sócrates e Platão se tem relatos de teorias e doutrinas. Dentre todas as que tiveram muito sucesso e conseguem adeptos até hoje temos o xamanismo, o hinduísmo e o budismo – sendo as duas últimas mais recentes. Qual será a mágica dessas religiões que tratam da transcendência da alma e da comunicação espiritual?
O xamanismo diz que tudo está conectado; todas as pessoas, todas as partículas, todas as estrelas e galáxias; por fim, tudo no universo. O xamanismo também previa que essa conexão possibilitava as comunicações mentais, que sempre chamamos de intuições. Explicava ainda as inspirações; dizia ser interferência espiritual. Essa doutrina pregava a perpetuidade da vida como espírito, alegando que a vida terrestre não passava de uma passagem, que se repetia inúmeras vezes – conceito conhecido como reencarnação, ou seja, renascimento em novos corpos.

Meditação é a tradição mais conhecida do budismo; imagem do site http://andryshqueiroz.blogspot.com
O budismo e o hinduísmo pregam a alma como sendo algo transcendental à matéria. A alma, para essas duas filosofias, é o que comanda o corpo e interage com o nosso cérebro. Alma é sinônimo de consciência; é ela que anima o nosso corpo e é responsável por todas as nossas percepções, mas se não conseguirmos compreendê-la, não teremos capacidade de descobrir o real sentido da vida. O budismo e o hinduísmo são doutrinas que pregam a reencarnação. A única diferença entre essas duas é bem simples: o hinduísmo é politeísta; já o budismo não se posiciona. Buda dizia ter falado com Deus em sua primeira longa meditação, mas há até vertentes budistas ateias.


Deus hindu; imagem do site http://professorjbosco.blogspot.com

Qual a relação de tudo isso com a ciência? Estamos chegando lá!
Em meio a grandes desenvolvimentos científicos, principalmente na área da física, surge o espiritismo. Hippolyte Léon Denizard Rivail – conhecido popularmente como Allan Kardec – começou a estudar fenômenos na França. Esses fenômenos, batizados de mesas girantes, simbolizavam comunicações inteligentes de algo. Rivail, como todo bom cientista, era cético e começou o estudo para falsear a causa inteligente e mostrar que tudo não passava de truque, mas, para sua surpresa, os fenômenos apresentavam comunicação inteligente, lógica e coerente.
Allan Kardec escreve cinco livros com base em comunicações espirituais. Sua tática para evitar charlatanismo foi bem prática e simples: mandou cartas e conversou separadamente com diferentes médiuns, considerando para divulgação apenas as partes coincidentes. Esses cinco livros falam sobre muitos assuntos complexos, mas o que mais chama a atenção é que não são conclusivos e não pregam nenhuma verdade absoluta. Pelo contrário, os livros da codificação espírita trazem um mundo desconhecido e explicado cientificamente com o que se conhece até a época. Para ter maior credibilidade, ainda são previstas futuras teorias da humanidade e uma das declarações mais importantes de Kardec diz algo como: “Se um dia a ciência provar algo diferente do que está dito na codificação, abandone a doutrina e siga a ciência”.


Allan Kardec, codificador da doutrina espírita; imagem do site http://www.guia.heu.nom.br
O primeiro – o livro dos espíritos – tratava de muitas dúvidas da humanidade e apontou funcionamentos científicos nunca imaginados, o que dava margem a ceticismo. Dentre tudo que é dito, o que mais se destaca é o funcionamento não local (instantâneo) da informação e a telepatia, que também explicava o desdobramento espiritual. Claro que os céticos ridicularizaram, zombaram e não deram atenção. Hoje, a física estuda a comunicação telepática instantânea (entrelaçamento quântico, fenômeno não local que tenta explicar o tele transporte da informação).
Já em A gênese, Rivail descreve o seguinte:
“O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente turbilhões, aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas.”
Não sinto necessidade de comentários. Hoje a física tem como modelo da criação o big bang. Quem leu Os três primeiros minutos do universo de Steven Weinberg entenderá perfeitamente o que significa esse pequeno parágrafo do livro.


Steven Weinberg, agnóstico, crítico da religião e vencedor do prêmio nobel de física de 1979; imagem do site http://zerobs.net
Mesmo com tanto ceticismo e descrença, os avanços científicos (em todas as áreas) sempre remetem a princípios básicos de doutrinas espirituais. Interconexão do universo, telepatia, big bang. Sem contar que o grande físico (e padre) Georges Lamaître foi o primeiro a falar na grande explosão (parece até providência divina). O que falta? Ah, já sei! Existência da própria espiritualidade. Será que é possível prova-la/refuta-la?
Bom, tudo andava a favor da teoria do nada (ver último post) quando surgiu a teoria de cordas. É a teoria que unifica a relatividade e a mecânica quântica, simplifica cálculos e explica o funcionamento das ondas gravitacionais com perfeição. Sem contar na solução para o funcionamento dos sistemas não locais (que sem as várias dimensões, não tem a menor lógica). Além de tudo isso, prega a existência de 10 dimensões. Exatamente, a espiritualidade está de volta em meio às novas teorias da física.
Matematicamente, quem vive em n dimensões percebe facilmente n, n-1, n-2 e até uma dimensão com perfeição, mas quem vive em n-1 dimensões não pode nem interagir e nem compreender o funcionamento de n dimensões. Então, fisicamente e matematicamente possibilitadas, as teorias espirituais dominam as mentes humanas. Podem ser refutadas? Com certeza. Desde que as novas teorias físicas sejam refutadas e apareçam outras que expliquem, de melhor maneira, certos fenômenos sociais de possível observação, mas de difícil cognição. Essas teorias espirituais ainda diziam que a verdade universal, por ser força fundamental do universo, está presente em tudo e, naturalmente, na consciência do ser humano. Basta então voltarmos à introdução e marcar mais um ponto negativo para a teoria do nada. O cérebro humano precisa sim de uma divindade, mas não parece ser por simples caos. Parece ser tudo efeito de uma perfeita programação do universo.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Big bang, um efeito


Existe muito blá blá blá nas redes sociais e nas reuniões de amigos quando o assunto é a criação do universo. Uns dizem que foi Deus, outros o big bang, apenas; alguns ainda preferem a ideia de que o Deus produziu o big bang; enfim, sabemos que a mais aceita e coerente é a teoria da grande explosão. Pra qualquer dúvida a cerca do assunto, tem um post sobre isso aqui no blog. Hoje não vou falar sobre a expansão, mas explicar como e porque ela teria ocorrido. Afinal, não basta falar que o big bang fez todo o trabalho sem saber como isso aconteceu, visto que todo efeito deve ter uma causa.
Com os avanços da física moderna, inúmeras hipóteses foram apresentadas. Não só a relatividade, como a mecânica quântica deduziram soluções para a questão, mas todas incompletas ou inconsistentes matematicamente. Mas o desenvolvimento da humanidade parece ser uma lei natural e, quando tudo parece perdido, a teoria de cordas aparece para consolar e ao mesmo tempo inquietar as mentes dos físicos e dos matemáticos mais fabulosos do planeta.
Vou tentar apresentar, de forma sucinta, as explicações para o big bang. É muito difícil resumir um assunto tão filosófico, mas vale a tentativa.
Nada; do site http://pistasdemimmesmo.blogspot.com

A teoria do nada
Era tudo repleto de absolutamente nada. Escuro, frio e ausente de energia e espaço. É, talvez, a parte mais difícil de ser compreendida e aceita logicamente. Como pode não existir espaço? Conseguimos entender a ausência de calor, de matéria e de energia, mas espaço é complicado. De qualquer forma, a relatividade nos mostrou que o espaço é propriedade do nosso universo, logo: se não existe universo, não existe espaço.
Essa forma de analisar o big bang é muito mais consistente com a existência de um único universo, logo, é assim que vou trata-la.
Em O Grande Projeto – livro de Stephen Hawking e Leonard Mlodinow – no último capítulo é feito um leve ativismo a favor do ateísmo, onde afirmam que “não há espaço para Deus na criação do universo”. Mesmo o livro sendo bem didático e explicativo, o assunto é de certa complexidade, sendo assim, muitos não entendem a conclusão do livro e simplesmente desconsideram as informações ali apresentadas ou repetem sem realmente compreendê-las. Sinto necessidade de tentar explicar de maneira mais simples.

Stephen Hawking (esquerda) e Leonard Mlodinow (direita); do site http://www.its.caltech.edu

Há certos requisitos para que se comprove a conclusão de Hawking e Mlodinow. Vale também ressaltar que não são conclusões baseadas em cálculos matemáticos ou observações científicas e sim deduções filosóficas que seguem uma linearidade. Os requisitos mais importantes são os seguintes: a teoria de cordas deve estar errada em pelo menos alguns aspectos; e deve-se comprovar que ausência de energia é a mesma coisa que equilíbrio de energia.
A existência de mais de quatro dimensões ainda abre um grande leque de possibilidades, o que não pode confirmar a teoria, mas também não refuta. Já a relação entre ausência e equilíbrio de energia é um pouco mais complexa. No mesmo livro é mostrado que os mais recentes dados astronômicos apontam para um balanço perfeito de energia, ou seja, as quantidades de energia positiva e negativa são iguais. Filosoficamente, Mlodinow e Hawking deduzem que, como a soma de energias tem resultado nulo e matéria e energia são relacionadas via relatividade, o universo pode ter surgido do nada.

Branas gravitando em um espaço de mais dimensões; do site http://fisicasemeducacao.blogspot.com

A teoria das branas
Segundo a teoria de cordas, os espaços universais podem se formar em branas – grandes tecidos de quadridimensionais que nadam em um espaço maior com número de dimensões que varia entre 10 e 26 – sendo cada cálculo consistente com um desses valores. As branas são cordas que passam por um processo de superinflação por causa de grande absorção de energia. Essas cordas, por sua resistência, geram a tal energia negativa, o que está de acordo com os dados astronômicos. Ainda há a possibilidade de duas branas produzirem um big bang ao se chocarem, o que anula completamente a teoria do nada e requer explicação para as branas anteriores ao evento.
A teoria das branas é pouco conclusiva e de difícil observação, afinal, deriva da teoria de cordas que ainda está em formação e trabalha com escalas muito pequenas. Mas porque a teoria de cordas faz tanto sucesso se é pouco conclusiva e muito complexa? Simples, meus caros, ela prevê resultados de sistemas quânticos relativísticos com precisão – o que ainda é o grande desafio da física moderna. É essa teoria que explica como funciona o entrelaçamento quântico e, naturalmente, a telepatia e o tele transporte da informação. Vale salientar que o entrelaçamento (não localidade) – nova área de pesquisas científicas – é o maior apoio que as filosofias deístas têm hoje. Muitos avanços científicos evidenciam um comportamento não local em muitas áreas da física. São esses comportamentos que permitem, mas não comprovam a existência da espiritualidade e, consequentemente, de Deus.

Amit Goswami, PhD em física nuclear e ativista espiritual; do site http://conscienciastj.files.wordpress.com


O que parece mais lógico
A teoria do nada vem perdendo adeptos nos últimos anos. Não por ter uma filosofia falha, mas por ser tão incompleta e vaga quanto eram as teorias deístas mais antigas. Antigamente, tudo que não tinha explicação era atribuído à obra de Deus; hoje, tudo que não tem explicação é atribuído ao caos (aleatoriedade) e ao nada. Essa teoria, apesar de precisar de poucas comprovações, peca ao dizer que o equilíbrio de energia indica que o universo pode ter surgido do nada. É como dizer que qualquer sistema energeticamente equilibrado pode gerar energia infinita aleatoriamente. Sendo uma atribuição à aleatoriedade, deveríamos ver universos sendo criados constantemente, mas não é o que acontece. Ainda assim, enquanto não tivermos tecnologia suficiente para fazer os devidos experimentos, nada pode ser concluído.
Já a teoria das branas – tanto a versão ateísta quanto a deísta – aparenta ser mais consistente por prever resultados com bastante previsão e explicar logicamente fatos até então desconhecidos. Outra coisa a ser considerada é que, se realmente existe uma verdade universal – que parece realmente existir, visto que a ciência tem comportamento convergente – a teoria das branas deve estar correta, pois os novos fatos antes não explicados fazem parte dessa verdade.

sexta-feira, 22 de março de 2013

A falta de lógica do aborto


Sinto necessidade de falar hoje sobre um assunto polêmico, mas aparentemente óbvio pra quem é coerente com suas crenças e opiniões. Antes, é valido reforçar que graças à diversidade, certos tópicos estão sendo muito discutidos e precisam, com urgência, atingir níveis mais informativos de debate. Urgência, porque opinião não é fato (insisto nessa frase) e já está na hora dos grandes manipuladores terem suas máscaras retiradas.
Abro o jornal Destak Recife e me deparo com a seguinte manchete: “Médicos apoiam aborto até a 12ª semana de gravidez”. Não há palavras no dicionário da nossa língua que me permitam expressar minha indignação com relação a esse absurdo. “Por que absurdo? E se o feto tiver problemas mentais ou físicos? E se eu fui estuprada? Sou obrigada a lembrar do fato pra sempre? O corpo é meu, então eu tenho direito de abortar, né?” A resposta a todas essas questões será dada em forma de opinião e com uma imensa dose de lógica e coerência para que não haja contraventores que falam e não dizem nada.

Imagem do site: http://raffafer.files.wordpress.com

Falar sobre aborto é sempre complicado. As pessoas são movidas pelo orgulho. Somos constantemente influenciados pelos moldes corporais perfeitos e pela vida familiar maravilhosa apresentada nos seriados. Infelizmente (ou felizmente, para os otimistas) a vida não é assim. Existem problemas e diferenças. O corpo do ser humano não é tão ditado pelos genes como creem alguns biólogos e há inúmeros estudos que mostram que os genes não são causa, mas reflexo de algo ainda não totalmente desvendado. Então, as belas imagens físicas que nos vendem, simplesmente, não são gerais. E qual a relação disso com o aborto? Bom, o primeiro tópico que pretendo discutir é o do orgulho tolo de casais que querem ter suas vidas sexuais fantasiosas sem ter que tirar a bundinha do sofá e ir se exercitar.
Exatamente! Pra quem não sabe, há pessoas que defendem o aborto pelo direito de ter um corpinho conservado até quando quiserem; ao mesmo tempo, querem fazer sexo sem as devidas proteções. Minha máxima indignação é com esse pensamento minúsculo que não acompanhou a saída do corpo do útero da mãe e continuou preso a ideais infantis. Naturalmente, não há argumentos contra algo que não é argumento. Tudo que posso dizer é que o orgulho que mata a capacidade mental dessas pessoas não pode matar uma vida em formação.
Se o seu médico diagnosticar que seu filho terá problemas mentais ou físicos e isso pra você for uma razão pra abortar, eu te encaixaria no grupo anterior. Mas, como sei que a situação é um pouco mais complicada, demanda muita competência e, infelizmente, uma boa condição financeira nesse país de todos, prefiro falar em soluções que mantenham a integridade da raça humana. Por exemplo, os programas de apoio a crianças com deficiência, que já existem, deveriam receber maior investimento. Já as escolas precisam, com urgência, incluir esses assuntos na educação diária. Pessoas com qualquer tipo de deficiência não precisam de preconceito, precisam de apoio, afinal, elas tem uma dificuldade e a nossa obrigação social é ajuda-las a alcançar seus objetivos.

Imagem do site http://boasnoticias.clix.pt

Se você foi estuprada, olhe pra dentro e pergunte à sua consciência e à sua memória: “Eu vou esquecer que fui estuprada só porque o meu filho não nasceu?”. Creio que não fará a menor diferença. E não precisa ter medo de ter um filho igual ao “pai” – se é que podemos chama-lo disso – afinal, como foi dito acima, os genes são produto de algo e não a causa. O funcionamento dos genes nas células se dá através da membrana plasmática. Cada gene é ativado ou desativado se a membrana quiser. Mas sobre a origem dessa autoconsciência da membrana pouco se sabe. O que podemos afirmar sobre o funcionamento da membrana e dos genes é que derivam de inúmeras interações complexas de proteínas e moléculas externas e também de comunicação via ondas eletromagnéticas provenientes do ambiente em que a célula (consequentemente, o ser vivo) está inserida.

Bruce Lipton, autor de vários estudos sobre genes e comportamento. Imagem do site psych-kconstelacao.blogspot.com

Se você não tem condições de criar uma criança, há inúmeros casais esperando para adotar e amar crianças. Não querer que o seu sangue seja criado por outro sangue já é preconceito e orgulho estampado, o que, logicamente, não merece uma resposta bem elaborada.
Apesar de estupro ser uma situação mais delicada, devemos ser rudes conosco e ver que é tudo uma questão de orgulho, afinal, inúmeras mulheres casadas são estupradas diariamente por seus maridos. Não me refiro às que apanham ou mantém relações para satisfazer o estuprador. Refiro-me àquelas que contribuem com o estupro e banalizam a sexualidade antes, durante e após o casamento. Se deixarmos o orgulho de lado, veremos também que não tentamos nos livrar de inúmeros empecilhos da vida que são produto da socialização erroneamente aplicada, ou seja, da falta de respeito e educação dos cidadãos. Afinal, isso é ser social. Abortar um filho por ser filho de um estuprador ou por falta de condições não é um ato racional ou lógico. Se fosse, inúmeros cidadãos que mudaram pra melhor o pensamento e a condição social da humanidade não teriam existido. Quantos filhos de carpinteiros, carroceiros e pedreiros se tornam médicos e advogados? Os genes não determinam o seu futuro, eles apenas te limitam em algumas habilidades, mas o seu destino é você quem faz.
Claro que a melhor parte ficou para o final. Feministas e ateus. Quando o assunto é aborto, esses grupos se aproveitam do orgulho do ser humano para incentivas suas vontades mesquinhas. As feministas de antigamente devem se envergonhar de ver que hoje, o movimento não busca igualdade, mas hegemonia das mulheres, ou seja, visa mais e mais preconceito. Já os ateus, ganharam um post todo pra eles, afinal, os antigos também devem se envergonhar de pessoas mal informadas defendendo grandes ideais com ideias ultrapassadas.

Protestos após a desapropriação em Pinheirinho. Imagem do site http://redeextremosul.files.wordpress.com

A maioria das feministas (justiça seja feita, nada pode ser generalizado) prega a liberdade de a mulher cuidar do próprio corpo e um dos requisitos dessa liberdade é ter o direito de abortar. Mais uma vez, o discurso deve se repetir. O orgulho sempre anda a frente dos interesses da sociedade e foi isso que trouxe a nós enfermidades sociais tão graves. A liberdade de fazer o que se quer com o corpo não é mais individual quando se tem algo de duas pessoas dentro dele. Não só o pai como o próprio feto deveria ser ouvido. Claro que falar em ouvir o feto é um absurdo, mas é a dedução mais lógica que se pode tirar dessa situação. O útero é a casa do feto. Da mesma forma que achamos absurdas as desapropriações que estão sendo feitas atualmente, tenho certeza que acharemos isso sobre o aborto no futuro. Se o bebê pudesse falar, com certeza ele diria: “Mas, mamãe, eu não tenho pra onde ir!”. Imaginar isso é de cortar o coração, por mais absurdo que pareça.
Já os ateus – ou melhor, os neoateus – que são o meu público preferido, amam o argumento de alguns médicos de que a vida só começa com três meses (doze semanas). Bom, antes de contra argumentar devo lembrar que não é uma questão definida. Há muitos (muitos mesmo) biólogos que dizem que a vida começa com o material genético, ou seja, com a fecundação. Nada mais precisaria ser dito, mas gostaria de tosar excesso de estupidez desde já, então, vou apresentar mais tópicos a se pensar.
Quando a discussão sobre aborto se prolonga, é natural que apareçam argumentos religiosos e, consequentemente, fala-se em Deus. O embate religioso parece ser o que estraga e desvirtua o assunto, mas, em minha opinião, é a parte mais necessária. Todos os debates significantes para a humanidade devem atingir todas as crenças. O universo tem uma só verdade e – seja ela qual for – a opinião social deve estar de acordo com ela.

"Não podemos solucionar nossos problemas com o mesmo pensamento que usamos quando os criamos - Albert Einstein". Imagem do site http://t2.gstatic.com

Se você é um ser religioso, provavelmente é contra o aborto, visto que a maioria das religiões condena tal ato. Caso você seja a favor do aborto mesmo sendo de uma religião que o condena, você não é uma pessoa coerente, visto que não leva suas crenças para a sua vida e qualquer religião é, acima de tudo, uma filosofia de vida.
Se você é ateu e gosta do argumento de a vida começar apenas a partir de um tempo de desenvolvimento, tenho uma pergunta: “Como pode você crer na matéria, e nada mais que a matéria (a não ser o nada gerou energia infinita aleatoriamente e criou o universo) e dizer que a vida começa a partir de três meses?”. Vamos filosofar um pouco sobre isso? Então vamos falar sobre a vida. O que é a vida para um ateu?
Partindo do princípio que cremos na matéria, e somente na matéria, a vida só pode ser reflexo da matéria. Sendo a vida produto da matéria, a matéria que se desenvolve (e em algum momento resulta num ser feito de matéria que tem suas próprias opiniões e filosofias puramente materiais) já é vida. Repetindo inúmeras vezes a palavra matéria fica mais fácil perceber que matéria e vida são a mesma coisa (para os materialistas). A ciência ainda chama o ser vivo de matéria animada. Ou seja, os ateus que acreditam na matéria e creem que a ciência defende suas opiniões estão negando o que a própria biologia chama de vida. Incoerente, talvez. Esse parágrafo já responde materialmente a questão da anencefalia e, portanto, dispensa comentário a cerca do assunto.
Logicamente, esse texto é carregado de opiniões individuais próprias, mas reparem que usei opiniões que são defendidas pela lógica aceita socialmente. Toda a opinião (ou crença) que a lógica cartesiana assegura não pode ser tida como ridícula ou absurdamente ilógica, afinal, nada lógico é ilógico, certo? Então peço aos seres e ativistas abortistas que repensem sua lógica. É importante que todos os seres revisem e recriem suas teorias com frequência, afinal, todos estão sujeitos a mudanças de opinião. Devemos sempre procurar manter a coerência naquilo que acreditamos. Se não encontrarmos essa linearidade, devemos ser fortes e abandonar essa corrente. O aborto é totalmente ilógico, qualquer que seja a situação e qualquer que seja a crença. Para que o aborto pareça minimamente aceitável, deve-se criar uma corrente filosófica que de suporte a ele, mas como qualquer corrente filosófica deve seguir uma coerência desde a sua base, receio que isso nunca acontecerá.

Imagem do site http://www.netmundi.org

quinta-feira, 14 de março de 2013

Neoateísmo: o ateísmo virando religião

Ilustração do mito da caverna (Imagem retirada do site http://paradigmadivino.wordpress.com)

Platão, declaradamente espiritualista, tentou expressar suas ideias de liberdade através da tão conhecida Alegoria da Caverna. Ele acreditava que as pessoas estavam algemadas ao materialismo a ponto de compreenderem apenas aquilo que se vê. Esse tipo de comportamento humano é compreensível, visto que a visão é o único sentido que podemos compartilhar de maneira quase completa. Quase completa porque não sabemos qual o grau de semelhança entre as interpretações cerebrais de cada ser humano.

Essa libertação é bem ilustrada no filme Matrix, assim como o momento em que escolhemos entre entender o mundo como ele é ou continuar nas amarras de nossas crenças quadradas que não estimulam nenhum conhecimento. A diferença entre a interpretação mostrada no filme e a realidade é que não há uma crença comum programada e sim uma interpretação individual para cada ser e/ou grupos de crenças diferenciados.

(Imagem retirada do site http://3.bp.blogspot.com)

Baseados em ideais de liberdade e impregnados por crenças religiosas, filósofos e cientistas procuraram entender o funcionamento dos fenômenos na terra e no universo, incluindo conceitos de divindades em seus modelos. Com o passar dos séculos, as ideias ateístas (já existentes desde os primórdios da humanidade) começaram a crescer e se fortalecer, pois a ciência desvendava um funcionamento previsível e mecânico do universo e, consequentemente, da vida e do comportamento do ser humano. A ciência passa a não precisar mais de Deus em seus modelos e logo, pessoas com afinidade às ideias ateístas de liberdade para fazer o que se quer começam a estudar filosofia, física, química e biologia e buscam então mostrar que não só a ciência, mas o universo não precisa de Deus.

Como tudo no universo, o conhecimento do homem também precisa de um estímulo. Só podemos encontrar nossas teorias procurando por algo. O desenvolvimento intelectual do homem é sempre impulsionado pela dúvida. No caso da ciência moderna, a busca gira em torno de desvendar os mistérios do universo e o segredo da vida. Acontece que, quando chegamos a questões grandes como essa, tudo falha; filosofia, religião, ciência. Nada é suficiente para dizer de onde viemos e para onde vamos. Porém, a ciência tem muitas respostas e é, claramente, a que chega mais perto de responder a todas as nossas indagações. O resultado de tanta precisão e perfeição nos modelos é o egocentrismo da opinião pública baseada erroneamente nas ideias de Platão e outros famosos lutadores da liberdade, como Voltaire e os iluministas.

(Imagem retirada do site http://3.bp.blogspot.com)

Enquanto os cientistas pregam suas opiniões com bom embasamento e inúmeros argumentos a seu favor, seguidores desconhecedores das teorias mais importantes repetem frases das quais não tem noção do real significado. O neoateismo vem pra deturpar qualquer ideal e sujar qualquer debate.

A humanidade estava presa a crenças fracas e subdesenvolvidas há mais de 2000 anos e hoje, com todo o conhecimento que adquirimos, estamos voltando a ser tão estúpidos como no começo dos tempos. Uma das coisas mais importantes que diz Zygmunt Bauman é de que a sociedade não se obriga mais a pensar ou entender o que é a vida. É exatamente esse pensamento minúsculo que estraga qualquer corrente ou desenvolvimento do ser humano. Os neoateus, geração de Richard Dawkins, baseiam-se no orgulho de um biólogo que parou de estudar questões importantes e se dedicou a aprender métodos de convencimento e persuasão pregando ser óbvio que Deus é um delírio.

O que é ridículo no neoateismo? Crer que questões como a do surgimento do universo e da vida são simples de entender e ignorar (ou desconhecer) o fato de que os genes falharam ao responder as perguntas sobre o comportamento humano.

(Imagem retirada do site: http://creationsciencenews.wordpress.com)

Qualquer cientista com alta relevância – como Stephen Hawking, Brian Greene, Michio Kaku, Neil DeGrasse, Bruce Lipton, Andrew Newberg, David Albert e outros – tomam cuidado ao expressar suas opiniões, pois sabem que a ciência não tem desenvolvimento suficiente para encerrar questões de tamanha importância e complexidade.
Mesmo com todo seu ateísmo, Hawking dá declarações que deixam clara a falta de certeza a cerca do assunto, o que o classifica como um agnóstico que crê na não existência de Deus, porém, de forma humilde:


"O universo é governado pelas leis da ciência. As leis podem ter sido criadas por um Criador, mas um Criador não intervém para quebrar essas leis."

"Há uma diferença fundamental entre a religião, que se baseia na autoridade; e a ciência, que se baseia na observação e na razão. A ciência vai ganhar porque ela funciona."

À esquerda: Neil DeGrasse; á direita: Michio Kaku (Imagem retirada do site http://anthrobotic.com)

Já Neil DeGrasse prefere se classificar como agnóstico. Pois ateísmo é opinião e não certeza. Um cientista para ser bom e bem sucedido deve ser agnóstico, ou seja, possibilista. Pode ter suas crenças e ideias, mas não pode deixar que elas influenciem os resultados de seus trabalhos. O que a ciência provou está provado; o que a ciência permite é sim uma possibilidade; e somente o que já foi refutado pode ser criticado.
Os ativistas neoateus são nada mais que pessoas conhecedoras da ciência de nível escolar e papagaios de ideias preconcebidas por algum estudioso de verdade. Qualquer pessoa que perceba tanta obviedade nas respostas a questões tão complexas deveria divulgar suas teorias, afinal, elas seriam imediatamente acatadas, visto que assunto é considerado tão simples por eles. Portanto, se alguém te disser que você é burro porque tem uma religião, ou acredita em Deus, ou na espiritualidade, sinta-se à vontade para ignorar, essa pessoa não sabe o que diz e muito menos deve ter sua opinião valorizada. Se alguém te chamar de estúpido por ser ateu, você deve agir da mesma forma. Toda unanimidade é burra, mas, se há uma verdade absoluta sobre a vida e o universo, ela está muito longe de ser encontrada e ser religioso ou ateu é perfeitamente compreensível dentro das leis da ciência.